Mulheres que Escrevem apresenta: Viva, Hilda!

Mulheres que Escrevem
Mulheres que Escrevem
5 min readApr 25, 2018

Não é que eu queira uma aceitação do público. Mas quando a gente vai chegando à velhice como eu, com setenta anos, dá uma pena ninguém ler uma obra que eu acho maravilhosa.

Em 2018, a Mulheres que Escrevem propõe um novo ciclo de encontros com o intuito de, à nossa maneira, refazer o cânone e trazer à tona escritoras que marcaram nosso país, nossa literatura e até hoje marcam nossas vidas. Para dar continuidade a esse ciclo que iniciamos no dia 14 de março, homenageando os 104 anos de Carolina Maria de Jesus, convidamos a todas e a todos para o evento “Viva, Hilda!”, centrado na figura mítica da escritora paulista Hilda Hilst.

O primeiro verso, às vezes, lhe é dado de repente. Você está andando ou fazendo qualquer coisa completamente tola, quando vem o primeiro verso como se lhe fosse dado. Penso: ele nos é dado, porque estamos dia e noite trabalhando, lendo, pensando sobre aquilo, que só aparentemente vem assim, de repente. É mais ou menos um fulgor inexplicável que vem. É muito difícil traduzir como é que aparece o primeiro verso. Depois, naturalmente, você trabalha.

Ao longo de sua vida, Hilda Hilst (Jaú, 1930) escreveu mais de 40 livros, dedicando-se a diferentes gêneros, transitando entre poesia, teatro e prosa experimental. Seu livro de estreia foi o poemário “Presságio”, publicado em 1950. Em 1965, Hilst se mudou para Campinas, onde começou a construção da Casa do Sol, espaço onde escreveu grande parte da sua obra e que hoje abriga o Instituto Hilda Hilst. A autora se manteve ativa por toda a sua vida, escrevendo ao longo de mais de 50 anos. Em 1984, ganhou o Prêmio Jabuti, concedido ao livro de poemas “Cantares de Perda e Predileção”. Em 2018, a escritora será a autora homenageada da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Ainda assim, como muitas mulheres que escrevem, Hilda não viveu para ver sua obra reconhecida, lida e comentada pelo público e pela grande crítica, que considerava os temas abordados pela escritora “controversos”. A escritora fez questão de ressaltar sua frustração em diversas entrevistas, nas quais repetia o seu desejo de ser lida, porque sabia do valor de sua obra.

O legado que deixa a obra de Hilda Hilst é essencial para a formação de todas mulheres que escrevem. A convicção que atravessa sua vida e obra provém de um comprometimento com a literatura enquanto um ofício, no qual até a inspiração aparentemente mais divina é também fruto de um trabalho diário. Convicção que nos ensina o esforço da insistência, mas também o valor de se saber grandiosa.

É em homenagem a esse legado, mas também em busca das aprendizagem que ele nos deixa, que nos reuniremos no dia 15 de maio em uma conversa com as escritoras e pesquisadoras Aline Rodrigues, Anélia Pietrani e Rita Isadora Pessoa, com mediação de Taís Bravo.

Vamos conhecer as participantes da mesa?

Aline de Almeida Rodrigues

Atualmente, é doutoranda em Literaturas Portuguesa e Africanas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É professora do curso de Letras da Universidade Católica de Petrópolis e funcionária concursada do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Anélia Pietrani

Professora de Literatura Brasileira da UFRJ e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literatura (NIELM). Doutora em Letras — Literatura Comparada pela UFF e Mestre em Letras — Literatura Brasileira pela mesma universidade. Entre suas publicações, estão os livros “Experiência (do) limite: Ana Cristina Cesar e Sylvia Plath entre escritos e vividos” (2009) e “O enigma mulher no universo masculino machadiano” (2000), ambos pela EdUFF.

Rita Isadora Pessoa

Nasceu no Rio de Janeiro e é graduada em Psicologia. Estudou a poeta Sylvia Plath no mestrado em Teoria Psicanalítica (UFRJ) e conclui em 2018 seu doutorado em Literatura Comparada (UFF), onde estuda o duplo em sua modalidade velada e animal. Trabalha como tradutora, revisora, astróloga e taróloga. Tem poemas publicados em revistas literárias e nas antologias A nossos pés, (7letras), Alto-mar (7letras), A extração dos dias: poesia brasileira agora (Escamandro). Seu primeiro livro de poesia, a vida nos vulcões, foi lançado em 2016, pela Editora Oito e Meio. Seu segundo livro, mulher sob a influência de um algoritmo, venceu a terceira edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura e será publicado em 2018 pela Editora Cepe.

Taís Bravo

É escritora e tradutora em formação. Autora do livro digital “Todos os meus (ex) heróis são machistas” e coautora da zine “possível” (publicada pela Alpaca Press). É uma das fundadoras da revista Capitolina. Alguns de seus trabalhos podem ser lidos em veículos como Garupa, Subversa, Diversos afins e Escamandro. Atualmente, cursa Letras na UFRJ. É uma das criadoras e editoras de conteúdo da Mulheres que Escrevem.

Para saber mais sobre o evento, horário, endereço, acesse o link do Facebook e confirme sua presença!

Viva, Hilda!

A Mulheres que Escrevem é uma iniciativa voltado para a escrita das mulheres, que visa debater não só questões da escrita, como visibilidade, abrir novos diálogos entre nós e criar um espaço seguro de conversa sobre os dilemas de sermos escritoras. Quer saber mais sobre a Mulheres que escrevem? Acesse esse link, conheça nossa iniciativa e descubra!

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