Polvo
cessei o silêncio desse marasmo e os hiatos
ao vácuo dei espaço à minha carne fraca — e mole
te agarrei como não se solta —
pq eu transbordava amor por cada ventosa —
aproveitei de ti o que não tenho
dedos coxas flancos
e depois te deixei assim solto
mas também dispersei
feito nanquim no oceano
verdade que era impulso de três corações
que compassam juntos num não-corpo
mais biológico do que biopolítico
pq uma parte de mim virou polvo —
e não sereia —
aos 24 anos
não me dissipo com a modernidade líquida
nem faço como os vossos
q leem bauman assim
na tacada de um quote
anciã do abraço
crânio cambaleante
cabeça de jatos
(frisa-se que o andar torto
é de gauche
e não de fracasso)
prevejo resultados de jogos
finais de romances e intentos lances
levando oito jornadas
sem perder a pose
mas os seus vão insistir em maldizer
estes mesmos que virão aos rótulos
disputarão com seus fracos apêndices
proto-manifestos&pequenos traços
(haja mar para desbravar, coitados!
começaram errado…)
lamento-vos dizer
que polvos não têm tentáculos, amor
têm braços.
Este poema foi publicado na iniciativa Mulheres que escrevem. Somos um projeto voltado para a escrita das mulheres, que visa debater não só questões da escrita, como visibilidade, abrir novos diálogos entre nós e criar um espaço seguro de conversa sobre os dilemas de sermos escritoras. Quer saber mais sobre a Mulheres que escrevem? Acesse esse link, conheça nossa iniciativa e descubra!
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