Três poemas de Taís Bravo
Uma aprendizagem
O que você não sabe
é uma arma
disponível
O objeto vazio tem o privilégio
de transportar questões
até o risco de uma primeira palavra
desordenar o paraíso
A didática é um meio
que você adora desfrutar
inteiramente
você goza quando acredita
que me possui
e eu no ponto em que não sei
onde termino
Invenção
eu amo coisas
brutais
você me diz
a verdade
com violência
inequívoca
a linguagem se faz
diariamente
em reparo
e aposta
ainda me delicio
entre os papéis
decoro
eu também
te amo
por tão pouco
você não chegou
na hora certa
eu fiquei
por tão pouco
eu fico
tentando medir
a flexibilidade dos contornos
reduzir
as proporções
caçar
esse fio aflito
o que antecede o acontecimento
quando as coisas deixam de ser
por tão pouco
aquela pilha de fliperama
eu fui uma filha amada
sempre consegui meus bichos
sem precisar do horror dos jogos
agora calculo o peso dos dedos
forço a vista para acertar em cheio
o timming das presas
eu treino
diariamente
mas a orelhinha é fraca pra segurar um corpo inteiro
bem na hora de me aproximar escapa
por tão pouco
o jogo acaba
deixando tão mais do que a perda
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Taís Bravo é escritora e tradutora em formação. Autora do livro digital “Todos os meus (ex) heróis são machistas”. Desde 2014, escreve para veículos como a revista Capitolina, Ovelha e TRENDR. É uma das criadoras e editoras de conteúdo da Mulheres que Escrevem.