Mulheres, vocês podem receber! O que aprendemos na última roda de Camomila!
Nossa última roda de camomila foi dia 22 de setembro/ 2017. A escolha foi feita por espaço na agenda, sem nenhuma pretensão de dia perfeito e, quando nos demos conta, era o dia de equinócio!
Desde da parte da manhã a música “Vai Florescer’’ não saia da cabeça e foi ela quem comandou nosso encontro. Contamos com a bela voz de uma moça na roda, Marília Santos, que também nos brindou, ao final, com O que é, O que é, de Gonzaguinha. A Marília também apareceu na roda sem maiores pretensões, bem como a camomila gosta! A roda foi muito despretensiosa, na verdade, a camomila queria apenas ouvir as mulheres falarem e ela aconteceu especialmente para ajudar uma doula grávida que precisava de muito carinho e alento de outras mulheres.
Mas, o que de fato aprendemos nessa roda?
Para começar, uma roda de camomila não tem a pretensão de ensinar nada, camomila a gente sente, não aprende! Não há um ritual a ser seguido, não há posições ou respirações difíceis para se fazer, nem mantras, nem colocações profundas. A profundidade a gente faz na vida, no dia a dia.
Para uma roda de camomila acontecer só precisa de uma coisa: pessoas! E se tiver um chazinho para esquentar as emoções, melhor ainda! E se vocês puderem rir mito e trazer bom humor, aí é perfeito, pois a camomila ama gargalhar (nós cantamos Fogo e Paixão, do Wando, para nós mesmas…risos). Éramos treze mulheres, sendo duas grávidas, e fato é que mal iniciamos a roda e já sabíamos porque estávamos juntinhas. Minha amiga grávida é daquele tipo de pessoa que está sempre aí para todo mundo, ‘’amigona da porra’’, ‘’mulherão da porra’’ (pode falar palavrão com a camomila, viu, ela é livre até dizer chega para pepeka nenhuma colocar defeito) e atende várias mulheres ao mesmo tempo. Moça da luta, que trabalha, corre atrás, mas que dificilmente aceita ajuda! E aí estava a questão para desenrolar nessa roda: MULHERES QUE NÃO QUEREM ACEITAR RECEBER! Sim, as treze lá, bonitinhas, que não querem receber!
Por vários motivos: ‘’não quero incomodar ninguém’’, ‘’preciso conseguir fazer sozinha’’, ‘’não sou fraca’’, ‘’não preciso de ninguém’’, ‘’não quero que ninguém saiba’’, ‘’acho que consigo me virar’’, ‘’se não conseguir sozinha, tudo bem, eu fico sem’’, ‘’eu não mereço ajuda’’, ‘’ninguém gosta de mim’’, ‘’ninguém me vê’’.
Se reconhece em pelo menos uma dessas falas? Eu vi quase uma garotinha bem pequena chorando, andando pelo quintal sozinha e dizendo ‘’ninguém gosta de mim’’ ou aquele tio do pavê na noite de natal te dizendo ‘’sorria, ninguém quer te ver chorar, uma menina tão bonita, fazendo manha, sorria!’. Pois é, mulher é um bichinho treinado para só dar/ agradar e jamais receber! Todas são assim? Lógico que não, mas este é um padrão que acompanha muitas de nós seja por tipo de educação ou crenças familiares, principalmente vindas de nossas ancestrais e em famílias menos abastadas.
Se você pede ajuda se acha fraca, se aceita ajuda se julga menos que os outros, não pede ajuda porque acha que nãos merece, inveja quem recebe ajuda, pois não se sente amada! E nesse redemoinho vamos de vítimas à mulher maravilha, desde a menininha que não se sentia amada pelos pais até a ‘’poderosa’’ treinada para não chorar e nem sentir dor. É doido viver nessa gangorra emocional. É claro que não estou falando sobre pessoas pedintes e folgadas (porque há o contrário,certo? As que só querem receber, mas não querem participar do ciclo do doar-se).
Minha amiga doula é a mulher que não quer incomodar e que acredita que precisa dar conta sozinha, afinal, ela precisa provar para as crenças dela que não é fraca! Quem nunca, né, moças? Pois bem, situações absurdas a levaram a pedir ajuda, pois tudo é fluxo! Como uma mulher que ajuda tantas outras mulheres não ia receber os presentes que o Universo estava mandando para ela? Água vai, água volta! E quando a água volta só nos resta abrir o sorriso, os braços e aceitar! A camomila veio nos ensinar sobre o fluxo da vida e nada mais lindo em aceitar, no início de uma primavera, as flores se abrindo para você! Então, moças, recebam! Aprendam a abrir os braços , deixar florescer porque você é luz, estrela, raio e luar!
Músicas para curar selecionadas pela camomila nessa roda:
Vai Florescer. Não sei que é o autor. Quem souber, avisa.
* Copiar partes literais de textos, concepções intelectuais ou ideias sem citar o autor é crime previsto em lei federal.
*Não temos fotos da roda para preservar a imagem das participantes.
Palmira Margarida é historiadora especialista em cheiros e emoções e ama pesquisar sobre aromas do corpo feminino. É sinesteta e come coisas só porque são amarelas, inclusive não-comestíveis. Ama viajar e captar os aromas das trilhas e das histórias dos lugares por onde passa. Cria aromas-artísticos e provocadores e você pode encontrar em www.perfumebotanico.com.br