Sobre Mulheres Negras Decidem

Mulheres Negras Decidem
Mulheres Negras Decidem
4 min readFeb 24, 2019

Mulheres Negras Decidem surgiu em março de 2018 como uma campanha política da Rede Umunna para qualificar o debate da sub-representação de mulheres negras na política institucional no Brasil. Em 2019, com a expansão da campanha e da hashtag pelo Brasil, a Umunna decidiu se comunicar apenas como movimento Mulheres Negras Decidem.

A Umunna nasceu no projeto Minas de Dados, imersão em narrativas e tecnologias para governos abertos da Transparência Brasil, em parceria com o Olabi Makerspace e Data Lab, com financiamento-semente da Organização dos Estados Americanos.

Da esquerda para a direita: Diana Mendes (São Paulo), Ana Carolina Lourenço (Rio de Janeiro), Juliana Marques (Rio de Janeiro), Gabriele Roza (Rio de Janeiro) e Lorena Pereira (Salvador)

Cinco mulheres negras do Rio de Janeiro, de Salvador e de São Paulo foram selecionadas para participar da primeira turma, do dia 19 de fevereiro ao dia 14 de março de 2018. A proposta era que no final da imersão, apresentassem um projeto sobre política e dados com recorte de raça e gênero. Durante um mês, Ana Carolina Lourenço, Diana Mendes, Gabriele Roza, Juliana Marques e Lorena Pereira idealizaram uma rede de mulheres negras que disputasse o debate da participação política no Brasil.

Na apresentação final, no dia 14 de março de 2018, a proposta inicial para a formação da Umunna foi lançar a campanha #MulheresNegrasDecidem para reforçar o poder de decisão das mulheres negras no Brasil, já que somam 27% da população, representando o maior grupo demográfico brasileiro. Naquela quarta-feira, os abraços de felicidade viraram abraços de consolo do dia pra noite, no mesmo dia, a vereadora Marielle Franco foi brutalmente assassinada após sair do evento Mulheres Negras Movendo as Estruturas, na Lapa, onde três das integrantes da Umunna estavam presentes.

A partir daquele dia, o projeto se tornou ainda mais urgente e rapidamente outras mulheres negras se aproximaram do grupo buscando um espaço seguro e confortável para conversarem sobre política. Começaram então, no mês seguinte, em abril, a fazer encontros quinzenais de formação política com mulheres negras no Rio de Janeiro e em São Paulo, com a ideia de que discutir e qualificar o debate político gera mudanças transformadoras e de que o contexto político poderia favorecer a construção de uma rede onde as mulheres negras se posicionasse sobre questões que impactam suas vidas.

Em três meses, a partir do ciclo de formação política e em articulação com organizações de mulheres negras, ativistas e pesquisadoras negras, o grupo construiu a plataforma Mulheres Negras Decidem. Plataforma de mobilização centrada em dados que exemplifica as estruturas específicas que produzem a sub-representação do grupo na política. O objetivo era que os dados e as narrativas presentes na plataforma pudessem fortalecer os discursos das mulheres negras, das candidaturas de mulheres negras nas eleições de 2018, dos movimentos sociais e das comunidades de direitos humanos, inovação política, transparência e dados.

Neste período, as integrantes da Rede se dividiram entre 28 eventos que a RedeUmunna foi convidada para divulgar a campanha Mulheres Negras Decidem. Dentre os eventos, estiveram em um no Chile, organizado pelo grupo Microsesiones Negras, e em outro em Los Angeles, organizado pelo Black Lives Matter LA. No Brasil, participaram de eventos em escolas, lançamento de filmes, na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Consulado da França e outros de organizações da sociedade civil.

No início de 2019, a rede entendeu que Mulheres Negras Decidem é mais do que uma campanha, é um movimento de mulheres negras por decisão e participação política. Neste momento, as articuladoras estão trabalhando para ampliar o grupo.

O Movimento Mulheres Negras Decidem acredita que as mulheres negras são as mais afetadas pelos problemas sociais, mas existem poucos espaços onde elas podem propor as soluções para esses problemas. Em 2019, o grupo quer ampliar a perspectiva das mulheres negras sobre temas socioambientais com um encontro do clube do livro entre mulheres negras, um encontro aberto e um podcast por mês. A ideia é escolher um assunto que acreditamos ser relevante para o momento atual, aprendermos juntas e colocar a nossa visão em relação ao tema para o mundo. Queremos abordar, pela perspectiva de mulheres negras, temas que atravessam a sociedade e são relevantes para o momento atual. O encontro visa instaurar um espaço aberto onde as mulheres negras podem se colocar e direcionar o debate, além de fazer proposições para desafios socioambientais.

E-mail: mulheresnegrasdecidem@gmail.com

Instagram: instagram.com/mulheresnegrasdecidem

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Não há saída para a democracia brasileira sem a energia das mulheres negras.