Sensibilização de Profissionais 50+ no Comércio Exterior: Regina Terezin

ANDREA TONON
mulheresnocomex
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4 min readFeb 5, 2021

Quando comecei minha vida profissional aos 16 anos nunca imaginei que chegaria a ter uma profissão que eu adoraria tanto, pois ser Despachante Aduaneiro não estava em meu vocabulário, nem das pessoas que me rodeavam.

Para entender melhor vou fazer um leve percurso dentro da história das minhas carteiras profissionais, e vale fazer anotar que eu sempre gostei de estudar e de ler, e que não me incomodava o fato de ter que dormir menos para aprender mais.

Eu comecei minhas atividades diárias, ainda adolescente, com 8 horas de trabalho como Secretária Júnior em uma empresa Brasileira, no departamento de compras. Cheguei à Secretária Executiva em uma fábrica de lustres, onde recebi minha primeira oportunidade para conhecer o mundo do DESPACHO ADUANEIRO.

Com um ano de faculdade por fazer, precisando de estágio e de material para meu TCC, aceitei a chance de trabalhar em uma empresa de despacho. O convite era para ajudar um executivo que precisava de organização na sua mesa. Mas minha vida mudou aí, quando em menos de 4 meses eu tive que ajudá-lo também com exportação e importação.

Aprendi a fazer documentação, a calcular despachos, falar com clientes, pedir numerários e todas as atividades que uma empresa deste ramo tinha para ser feito. Mas faltou o que eu mais queria: a possibilidade de ir à Alfandega ver o que eu tinha acompanhado no papel se tornar realidade, ver a carga, pois aquilo era trabalho de homem.

Minha cabeça começou a girar. Eu me preparara para aquilo, escolhera Administração com Habilitação em Comércio Exterior, era a primeira turma do Estado de São Paulo, era a única da classe que atuava na área diretamente.

Por que eu não podia fazer o processo todo?

Acabei fazendo curso de Ciências Econômicas para melhorar meu desempenho e agregar Informações.

Me formei, ganhei de presente de uma amiga uma vaga em outra empresa e um departamento só meu. Continuei estudando, me preparando, neste momento já era DESPACHANTE ADUANEIRA concursada e aprovada pela Receita Federal.

Para aprender mais, aceitei deixar o despacho, e em duas oportunidades ver como as empresas lidavam internamente com seus departamentos de Comércio Exterior, inclusive em uma atividade à qual havia sido preterida por ser MULHER: trabalhar com Granel líquido e sólido.

Meu retorno ao despacho foi em grande escala. Fui convidada para liderar um time de despacho aduaneiro, como Despachante, e ir para linha de frente também.

Fui uma das primeiras mulheres a ir todos os dias ao Aeroporto para fazer desembaraço. Eu tive que aturar muita gracinha, mas também tive muito apoio de alguns colegas que tinham trabalhado comigo e sabiam que eu estava preparada para tal, e poderia, inclusive, ajudar quem precisasse.

Fui a primeira mulher a desembaraçar em porto seco, que na época era um prêmio para os despachantes com mais tempo de casa na empresas, e eu cheguei e fui aceita por uns e nem tanto por outros, mas estava lá para ficar e mostrar que não é só nos escritórios que somos boas, somos boas em tudo que queremos fazer.

Fui convidada para fazer parte da Diretoria do SINDASP, o que trouxe uma felicidade e um reconhecimento ao meu esforço (pena que meu pai faleceu antes de me ver tomar posse, ele que era um crítico das minhas idas ao aeroporto, nas madrugadas e aos sábados e domingos, e que em muitas vezes me acompanhou para ver meu trabalho de perto).

Voltei a ministrar aulas na graduação, já havia feito isso na Universidade que me formei e da qual ganhei meu curso de Pós Graduação.

Hoje Trabalho somente com cursos de Extensão Universitária, MBA e Pós.

Continuo estudando muito e tenho a minha empresa Cualidad Assessoria e Despachos Aduaneiros Ltda., que me obriga a me reinventar a cada dia, seja pelos clientes seja pelas novas atividades que um Despachante tem que ter no seu portfólio.

Minha profissão me levou a viajar pelos clientes, para vários países, e também me permitiu ajudar na construção das minhas competências.

Tenho uma religião que me ampara nos momentos difíceis, e cumpri minha obrigação de filha cuidando de minha mãe enquanto ela esteve neste plano. Sempre tentando não deixar para traz o que me ajudava a manter a qualidade de vida e minha mente sã.

O desfecho disto é:

1) Quando comecei não havia possibilidade de elaborar um plano de carreira, minha sugestão hoje: ISTO É IMPERATIVO;

2) Eu fui desenvolver meu inglês e meu italiano já um pouco mais tarde. Queridas, estudem e se preparem, uma língua estrangeira só não é mais importante que um Português correto;

3) Eu estudei muito e continuo estudando. Este tempo de pandemia trouxe algumas possibilidades de cursos, eu os fiz avidamente, uma vez que eu não teria tempo para fazer presencial;

4) Tenho participado sempre que chamada, e às vezes até como “bico”, de atividades que norteiem melhorias para o Comércio Exterior. Eu aprendo muitos nestas oportunidades, faço muitas amizades e principalmente, tenho a oportunidade de contribuir com o que sei da área;

5) Estou sempre pronta para ajudar e para ensinar, se for necessário, isso faz com meu conhecimento flua e esteja à disposição do próximo.

Cuidem-se e preparem-se para a retomada do nosso mercado, pois teremos em breve muito trabalho e isto é o que nos importa.

Regina Terezin — Despachante Aduaneira. Profissional atuante em Comércio Exterior desde 1978, tendo exercido funções de chefia em empresas Importadoras e Exportadoras.

Pós Graduada (latu-senso) em Mercado de Capitais pela Universidade São Judas Tadeu. Graduada em Ciências Econômicas e Administração com Habilitação em Comércio Exterior pela Universidade São Judas Tadeu.

Professora Universitária e Instrutora de Comércio Exterior. Diretora do SINDASP (Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de São Paulo).

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