Da presença de Tina Turner…

Maria Luiza Rosa Barbosa
REVISTA MULTISSEMIOSES
3 min readMay 25, 2023
“Tina Turner”, de Anthony Mwangi (2020) | Fonte: Fine Art of America (2023)

Envolta em mil e uma demandas durante o dia, não li noticiários. Agora, à noite, dei uma pausa para atualizar-me e a primeira notícia com a qual me deparei foi sobre o falecimento de Tina Turner. Impactada, um caleidoscópio de lembranças me transportou à infância, nos idos da década de 1970, quando acompanhava meus avós maternos que iam levar minha querida tia Salete, adolescente na época, às festinhas típicas daqueles tempos. Foi em uma dessas festinhas que, menina de uns cinco, ouvi a poderosa voz de Tina Turner, e esta se eternizou nos labirintos de minha memória…

Os anos se passaram e, na adolescência (década de 1980) e juventude (a partir de 1990), a voz da cantante continuou a embalar sonhos, amores fanados, dores, medos, angústias… Cresci sob a égide do fim do mundo nos anos 2000, na virada do século. Todos profetizam, naquele tempo, que vivíamos os últimos tempos antes do fim do mundo. Isso marcou demais minha existência… Angustiava-me imaginar que deixaria de existir poucos dias depois de completar 35 anos.

Aliás, naqueles tempos só conseguia vislumbrar um futuro até essa idade. Assistir às cenas apocalípticas e pós-apocalípticas de Mad Max (1979), Mad Max 2: The Road Warrior (1981) e Mad Max Beyond Thunderdome (1985) — este último com a atuação icônica de Tina que conferiu energia ao filme, apesar do universo desolador, sombrio e distópico, e das canções por ela interpretadas, como We don’t need another hero que ainda ouço com frequência — causaram-me imenso impacto naqueles tempos…

O tempo passou e continuei a ser embalada pelas canções de Tina….E, hoje, no auge em minha fase “Loba Prateada”, a voz da “Rainha do Rock” ainda continua a reverberar em minha alma. Algumas das canções me põem a refletir; outras, fazem-me rodopiar… E, afinal, quem sabe eu chegue aos 88 anos — aliás, uma cigana que me abordou na rua anos atrás jurou que eu viveria até os noventa — e apta a cumprir a promessa feita a meu querido amigo BS: travar uma luta de bengalas no topo de alguma ilha grega…Quiçá…Quiçá… Quiçá… De tudo, fica uma certeza: a voz de Tina Turner continuará a embalar meus dias. Ela será sempre uma presente ausente…

Tina Turner em 1977 em Los Angeles (Foto de Harry Langdon/Getty Images) | Fonte: The Cut (2019)
Fonte: Canal Samuel Matthews no YouTube [@samuelmatthews2853] (2013)

RIP, Tina Turner!

(Texto autoral de Maria Luiza Rosa Barbosa | Ilha da Magia, maio de 2023.)

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Maria Luiza Rosa Barbosa
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Linguista | Pesquisadora | Professora | Assessora de Linguagem | Designer Educacional | Editora