A Rodovia Pan-americana: é possível cruzar as Américas de carro?

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4 min readNov 12, 2021

Existe uma rodovia que liga o Alasca até a Patagônia, totalizando cerca de 48 mil km de extensão.

Imagem disponível em PxHere

Já adiantamos que é — e não é — possível cruzar o continente americano de carro.

Neste story falaremos sobre a Rodovia Pan-americana (também chamada de Via Panam), revelando o que de fato ela é, sua história, por quais cidades ela passa e também a contribuição brasileira para esse projeto.

Rodovia Panamericana na província de Imbabura (Equador). Imagem disponível em Wikimedia Commons.

A Rodovia Pan-americana cruza as Américas do Sul, Central e do Norte. Ela foi concebida na V Conferência Internacional dos Estados Americanos, em 1923, realizada em Santiago (Chile), com forte apoio dos Estados Unidos, principalmente para países da América Central.

Trecho em Chimaltenango (Guatemala). Imagem disponível em Wikimedia Commons.

Não se trata de uma única grande obra de engenharia (como a ferrovia Transiberiana), mas sim de um complexo conjunto de estradas nacionais, já que cada país foi o responsável por criar a sua parte. Por isso, a rodovia é bastante irregular, com alguns trechos de alta qualidade e outros perigosos, inclusive intransitáveis em dias chuvosos.

Rodovia Panamericana nas linhas de Nazca (Peru). Imagem disponível em Geografia Visual.

Originalmente, ela liga o Alasca até Buenos Aires, passando pela Cidade do México, Cidade da Guatemala, San Salvador (El Salvador), Cali (Colômbia), Quito (Equador), Lima (Peru), e Los Andes (Chile). Porém, a rota também alcança Quellón (Chile) e Ushuaia (extremo sul da Argentina), passando por quase toda a costa oeste do continente americano.

Somente na América Latina a rodovia é oficialmente reconhecida. Nos Estados Unidos e Canadá, há apenas estradas nacionais ligando a Via Panam até o extremo norte do Alasca. Imagem disponível em Hitchwiki.

Contudo, há um trecho notável que interrompe a rodovia entre a América do Norte e do Sul: chamado de Selva de Darién (em espanhol “Tapón de Darién”), esse local fica na divisa entre o Panamá e a Colômbia e é um grande pântano. Atravessá-lo é de qualquer jeito muito custoso e também perigoso, já que a área está sujeita às FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Há também a presença da Força de Autodefesa Unida da Colômbia, um grupo de paramilitares pró-governo. Ao longo da história, vários exploradores foram sequestrados por organizações criminosas ao tentarem cruzar esse lugar.

Não tente atravessar a Selva de Darién. Imagem disponível em Jan Axel’s Blog.

Há razões ambientais, econômicas e de segurança para não haver uma rodovia cruzando a fronteira entre as duas américas. Construções nesse local são caras e trazem um impacto ambiental gravíssimo. Há também um boato na Colômbia afirmando que os EUA vêm dificultando a realização do trecho, pois isso facilitaria a ação do narcotráfico em direção à América do Norte.

A solução para viajantes que desejam cruzar as Américas é colocar o carro numa balsa, enquanto viaja-se por mar ou por avião.

Árvore na Selva de Darién. Foto por gailhampshire (disponível no Flickr)

E o Brasil nesta história?

Em 16 de abril de 1928 partiu a Expedição Brasileira da Rodovia Pan-americana, respaldada pelo então presidente, Washington Luís. A intenção era a de explorar e desenhar uma rota que unisse as três Américas. A missão foi comandada pelo Tenente do Exército Leônidas Borges de Oliveira. Depois de cerca de 28 mil km percorridos, eles chegaram a Nova York e regressaram ao Brasil, sem antes participarem de desfiles com Eliot Ness, o revolucionário nicaraguense Augusto César Sandino, o presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt e Henry Ford.

O então presidente do Brasil, Washington Luís (1869–1957). Imagem disponível na Wikipédia.

Viajar da Patagônia ao Alasca de carro é possível — e muitos já foram os brasileiros a se aventurarem nessa jornada. Planejando tudo com cuidado, será uma viagem inesquecível!

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