Sionismo: da Torá à fundação do Estado de Israel.
A criação de Israel trouxe consequências avassaladoras para a geopolítica mundial e está por trás dos maiores conflitos atuais.
Em nosso post nas redes sociais publicado no dia 2 de setembro, você pôde entender um pouco sobre o que é o sionismo, além de conhecer sobre a história do movimento.
Já neste artigo, você poderá se aprofundar mais sobre esse tema tão caro para a geopolítica mundial. Para se ter uma noção, até os ataques aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001 têm relação com o sionismo.
Trata-se de uma ideologia política e movimento nacionalista que, no final do século XIX, visava a criação de um Estado judeu soberano na região da Palestina, que na época pertencia ao Império Otomano.
O nome sionismo deriva de Sion, um importante monte nas cercanias da cidade velha de Jerusalém, e representa o desejo milenar dos judeus de, após o exílio forçado, retornar à terra dos seus antepassados.
Os fundamentos filosóficos do movimento sionista já existiam há centenas de anos. A Torá possui ensinamentos de que o povo judeu deveria retornar à Jerusalém. O livro sagrado dos judeus (a versão judaica do Antigo Testamento da Bíblia) afirma que, se os judeus fossem obedientes à Deus e retornassem à terra prometida, eles estariam bem mais seguros.
No entanto, foi em reposta ao antissemitismo na Europa do fim do século XIX que o movimento foi criado. Em 1894, um oficial judeu do exército francês chamado Alfred Dreyfus foi falsamente acusado e condenado por traição. Esse evento ficou conhecido como “Caso Dreyfus” e gerou indignação entre o povo judeu e muitos outros.
O jornalista austríaco Theodor Herzl então publicou um livro, Der Judenstaat (O País dos Judeus), onde defendia que apenas com a criação de um estado independente os judeus viveriam a sua cultura em segurança.
O primeiro Congresso Sionista Mundial foi realizado em 1897 na Basileia, Suíça, inspirado nas ideias de Herzl. O encontro definiu que os judeus deveriam retornar em massa para Jerusalém, de onde foram expulsos pelos romanos no século 3 d.C.
Apesar da ideia não ter sido amplamente aceita pelos judeus, alguns movimentos migratórios para a Palestina foram realizados principalmente após a Declaração Balfour, onde, em 1917, o Secretário de Relações Exteriores britânico Arthur James Balfour escreveu uma carta ao Barão Rothschild, um líder rico e proeminente da comunidade judaica britânica.
Balfour expressou o apoio do governo britânico ao estabelecimento de um lar judaico na Palestina. Essa carta foi publicada na imprensa uma semana depois e o texto foi incluído no Mandato para a Palestina — um documento emitido pela Liga das Nações em 1923 que deu à Grã-Bretanha a responsabilidade de estabelecer uma pátria nacional judaica na Palestina controlada pelos britânicos.
Após a Segunda Guerra Mundial, quando o mundo soube das atrocidades cometidas pelos nazistas, o sionismo ganhou apoio e solidariedade em grande parte da comunidade internacional. Finalmente, entre 1947 e 1948 ocorreu a votação da Partilha da Palestina e o Estado de Israel foi fundado.
O sucesso do sionismo foi uma frustração para os palestinos. Esse povo também aspirava possuir um Estado soberano próprio no território onde hoje está Israel — e essa terra também é sagrada para eles.
Alguns críticos consideram o sionismo uma ideologia racista, colonialista, agressiva e discriminatória. Há artigos acadêmicos relatando a tragédia do povo palestino graças à estabilização do Estado de Israel, ligando o movimento ao colonialismo e capitalismo ocidental.
Em 1975 o movimento sionista viu sua filosofia ser condenada como “uma forma de racismo e discriminação racial” às minorias árabes. A ideologia foi até comparada ao Apartheid por uma resolução da Assembleia da ONU. A organização acabou por revogar a sua própria resolução, em dezembro de 1991, apesar do agravamento dos conflitos étnicos e sociais entre judeus e árabes na Palestina.
Aí entendemos o “Choque das Civilizações”, teoria de Samuel Huntington de que os próximos grandes conflitos mundiais serão sobre visões culturais diferentes. No caso das tensões entre palestinos e israelenses, há um choque entre as civilizações islâmica e ocidental, cada uma reclamando o direito a um território sagrado tanto para judeus, muçulmanos e cristãos.
Gostou do que leu? Não esqueça de aplaudir este artigo. Considere também fazer uma doação por Pix (em qualquer valor) e apoiar nosso trabalho. Chave: mundo.indexado@gmail.com.