Klaine’s “Teenage Dream”: representação performática e simbólica da canção no principal relacionamento gay de Glee

Thyago Soeiro
Musicais: Utopias (Queer) no Audiovisual
13 min readAug 27, 2018

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Resumo: A proposta deste artigo é analisar e discursar sobre as duas performances de “Teenage Dream” que ocorrem na 2ª (2.06) e na 4ª (4.04) temporadas da série GLEE (Ryan Murphy, Brad Falchuk e Ian Brennan, 2009–2015), tendo em mente seus respectivos potenciais simbólicos e suas relações com a storyline referente ao relacionamento de Kurt e Blaine.

Blaine (Darren Criss) e Kurt (Chris Colfer) na série Glee (2009–2015)

(…) Vamos fugir e nunca olhar para trás
Nunca olhe para trás
Meu coração para quando você olha para mim
Apenas um toque, baby, agora eu acredito que é real
Então arrisque-se e não olhe para trás
Nunca olhe para trás (…)

Tudo começou com uma interação despretensiosa. Uma pergunta, uma resposta e um atalho. Com as mãos juntas, Kurt e Blaine (interpretados por Chris Colfer e Darren Criss, respectivamente) correm pelos corredores da Dalton Academy, sem olhar para trás, em direção a uma jornada que estava longe de terminar. Este é só o início de uma sequência que terá uma das performances mais icônicas e simbólicas de Glee: a versão cantada por Blaine de “Teenage Dream”, canção famosa na voz de Katy Perry. A canção não só servirá como o pontapé inicial do relacionamento dos dois personagens (“Never Been Kissed”, 2ª temporada, episódio 06), como também os acompanhará até um de seus momentos mais decisivos da série, quando o casal Klaine é finalmente posto à prova (“The Break Up”, 4ª temporada, episódio 4).

Em relação ao poder simbólico de uma música/performance, Kyra Clarke cita Catherine Driscoll em seu texto, Touching Affect: The Pedagogy of Intimate and Banal Moments in Glee, escrevendo: “Como Catherine Driscoll nota, ‘o musical adolescente consistentemente usa música e dança para agregar complexidade narrativa’, explicando que a música possa ‘sugerir uma história alternativa’” (CLARKE, 2017, p. 441). Adentrando à contextualização da situação de Kurt no episódio “Never Been Kissed” e durante a primeira temporada da série, o menino sempre foi o único estudante queer ‘assumido’ do colégio William McKinley High School. Sua experiência no ensino médio é marcada pelo bullying, presente em sua primeira aparição na série, e pela exclusão, motivo pelo qual decide entrar no glee club (clube do coral). No início da 2ª temporada, o personagem tem um inimigo mais específico: Dave Karofsky (Max Adler), o típico ‘valentão’ do time de futebol americano, que persegue Kurt e aproveita toda oportunidade para agredi-lo, tanto verbal quanto fisicamente. Além disso, Kurt também parece desconfortável com sua experiência no glee club, tendo que lidar com piadas sobre gays e lições propostas pelo professor Schue baseadas em normatividades de gênero (meninos contra meninas). Mesmo assim, o jovem raramente se deixa abalar e, em uma conversa com Sue Sylvester, afirma que “essa é uma colina que ele tem que escalar sozinho”, servindo como representação de um tipo de resistência queer na juventude. Clarke comenta isso, afirmando: “Entretanto, como Dhaenens, acredito que analisar Kurt ‘exclusivamente em termos de vitimização ignoraria sua resistibilidade’, a complexidade do personagem, e sua representação” (CLARKE, 2017, p. 444).

Finalmente, o episódio nos leva pela primeira vez à Dalton Academy, escola rival que competirá contra o McKinley High nas Sectionals. Kurt está lá para espionar o coral do colégio, a mando de seus colegas do glee club. Lá, descobre que seus rivais, Os Warblers, são extremamente populares, ao mesmo tempo em que somos introduzidos a um novo personagem: Blaine Anderson. Kurt questiona Blaine em relação à popularidade de tal coral. Ele, então, segura a mão de Kurt e o leva, através de um atalho, a um salão onde o coral fará uma performance naquele momento. A cena dos dois correndo pelo corredor é filmada em câmera lenta e é possível observar o semblante de felicidade de Kurt, o que pode ser entendido como uma corrida para um ‘novo caminho’, e tem completa relação com parte da letra de “Teenage Dream”, especificamente o trecho “Vamos fugir e nunca olhar para trás/ Nunca olhe para trás”. Antes de começar a cantar, Blaine encoraja Kurt, que finge ser um novo aluno, afirmando que ele se adaptará facilmente ao novo ambiente (“fit right in”), o que é extremamente contrastante com a situação atual dele em seu colégio.

Blaine e os Warblers cantando “Teenage Dream”. Número musical disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=70j133q1Inw

A performance de “Teenage Dream” é energética e cheia de elementos que podem ser identificados como queer. O grupo de jovens garotos cantam à capela e dançam coreograficamente, enquanto Blaine encara Kurt em diversos momentos, se utilizando da letra romântica da música como forma de flerte. Além disso, há claramente o que Richard Dyer define como o conceito de Comunidade, com os alunos que não fazem parte do coral dando suporte e se divertindo no salão durante a performance. Junto a tudo isso, percebe-se naquele ambiente um senso de utopia queer, onde tudo parece ser perfeito e todos estão felizes, com Kurt finalmente se sentindo confortável e possivelmente encontrando um interesse amoroso. Utopia queer aqui relaciona-se mais precisamente a esse 'lugar/estado' onde todos os problemas enfrentados diariamente tanto por Kurt quanto por qualquer um em situação parecida desaparecem por alguns minutos, graças principalmente à performance musical. Sendo assim, ser queer naquele ambiente específico não está atrelado a um condicionamento social externo, bastante presente na maioria do tempo, que julga e 'pune', mas sim a um espaço de aceitação e livre de julgamentos, onde papéis de gênero, por exemplo, podem ser subvertidos ou questionados. Dyer, em seu livro “Only Entertainment” (2002), explora as diversas nuances e teorias do gênero musical, tendo em vista o entretenimento como um aspecto extremamente importante. Além disso, ele também escreve, especificamente no capítulo “Entertainment and Utopia”, que o senso de Comunidade é um tipo de solução utópica utilizada por musicais justamente para combater tensões sociais ou ausências. Nesse caso a Fragmentação é o que está sendo combatido, que se refere à falta de integração de Kurt tanto em seu colégio quanto no mundo, falta essa motivada pelo preconceito e exclusão provenientes de uma sociedade heteronormativa, e o espaço do número musical configura meio de expressão desses desejos não-heterossexuais. Como afirma Kyra Clarke:

A música funciona em muitos níveis nesta cena. Em um episódio que é explicitamente focado em gênero e sexualidade, a música original e sua cantora, Katy Perry, ajudam a destacar a popularidade de Blaine e a possibilidade de performances de gênero não-normativas. Em contraste com Kurt, que tem sido criticado por interpretar músicas de mulheres e seus colegas que precisam de instruções para cantar músicas interpretadas pelo gênero oposto, Blaine não precisa de tal instrução, sinalizando uma falta de confiança no McKinley High. De fato, essa performance em si pode ser entendida como queer. Enquanto o clipe para a música de Katy Perry é explicitamente heterossexual, o objeto da música é menos explícito quando esses jovens cantam uns para os outros e entre si (Dhaenens, 2013, p. 314). Liricamente, a música é sexualmente sugestiva e parece que Blaine canta para Kurt. De fato, em contraste com a restrição ao toque no McKinley High, Blaine não apenas tocou duas vezes em Kurt, mas também insinuou futuros toques (CLARKE, 2017, p. 445).

Dessa forma, a performance em questão serve como uma prévia de como o relacionamento Klaine se desenrolará. Diferentemente de narrativas onde o sexo tem papel fundamental, “o relacionamento Kurt e Blaine segue o tradicional, quase que padrão dos anos 1950 de cortejo, mostrando restrição e recato sexual. Eles permitem que o amor entre em suas vidas antes do sexo” (KELLY, 2015, p. 87). Ou seja, o lado doce e romântico evocado pela música em questão servirá de guia para a narrativa do casal, além de também se estabelecer quase que como um motif relacionado ao casal Klaine.

No mesmo episódio, após a performance, Kurt e Blaine mantém contato e compartilham experiências de bullying, sendo Blaine um grande encorajador para que Kurt confrontre Dave Karofsky. Além disso, também conversam sobre a ausência e falta de preparo dos professores/diretores para lidar com situações de homofobia, afirmando que na verdade ninguém liga (“fardo gay”). Mais a frente, vemos que Kurt decide finalmente ir atrás de seu bully, e confrontá-lo, logo após receber uma mensagem de texto de Blaine que dizia “coragem”. Nessa discussão, o personagem exclama uma importante frase: “você não pode tirar ‘o gay’ de mim à força”. Impactado, Dave beija Kurt, que fica horrorizado e parece entender subitamente o que estava acontecendo. O acontecimento abala Kurt, já que, como citado anteriormente, ele segue uma linha romântica e esperava que seu primeiro beijo fosse com alguém que ele estivesse apaixonado (e não com um bully que na verdade é apenas um homossexual que ainda não se aceita e possui diversos traços de homofobia internalizada). Neste momento, o que mantém Kurt esperançoso é sua amizade e possível flerte com Blaine, simbolizado no momento em que cola a foto do novo personagem em seu armário, logo acima da palavra “coragem”, momentos antes de ser empurrado novamente por Karofsky.

Ao longo da 2ª e 3ª temporada, acompanha-se o desenvolvimento da relação de Kurt e Blaine, que eventualmente se consolida como um relacionamento romântico. Em geral, o casal teve uma narrativa bastante estável na série, com alguns conflitos pontuais, porém nada que realmente ameaçasse sua existência. É apenas na 4ª temporada, especificamente no episódio “The Break Up”, em que os dois enfrentarão um grande conflito, sendo este causador do término do casal e um forte divisor de águas na narrativa do relacionamento Klaine.

Neste episódio, a situação do casal é complicada. Kurt se formou e agora está morando em Nova Iorque com Rachel (Lea Michele), enquanto se prepara e espera a oportunidade de ingressar onde sua amiga estuda, NYADA, o personagem estagia na “Vogue”. A distância entre os dois é um grande problema para Blaine, que ainda não se formou no ensino médio e continua em Ohio. Completamente frustrado com falta de disponibilidade de seu namorado para conversar, Blaine vai aos poucos se sentindo mais desconectado de Kurt, em um ponto dizendo até “Nós tínhamos tanta esperança e inocência” para sua amiga Brittany, que passa pela mesma situação com a namorada Santana. Todo esse panorama de solidão e distância faz com que Blaine marque um encontro com outro menino pela internet e acabe traindo Kurt.

Mais a frente no episódio, Blaine aparece de surpresa no apartamento do namorado em Nova Iorque, o que deixa Kurt extremamente alegre. Durante todo o tempo em que passam juntos na cidade, Blaine se comporta de maneira estranha e ansiosa. De noite, tanto o casal quanto Rachel e Finn (Cory Monteith) decidem ir a um bar karaokê, onde Blaine canta uma música. Já posicionado, o personagem começa a performance dedicando a canção em questão, “Teenage Dream” novamente, a seu namorado, Kurt, dizendo: “Esta é a canção que eu cantei quando conheci o amor da minha vida pela primeira vez”. No piano, a versão cantada por Blaine é extremamente emotiva e o intérprete está visivelmente emocionado, chegando a chorar em partes da performance. Inicialmente, Kurt parece animado com a homenagem, porém durante a performance ele percebe gradualmente que há algo de errado. O momento parece antecipar o que estar por vir nos próximos minutos do episódio.

Segunda performance de “Teenage Dream”, cantada por Blaine. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8PX2_9LNa2E

Analisando a performance isoladamente, percebe-se que ela se difere bastante da que aconteceu na 2ª temporada. A versão ‘acústica’ da canção e a interpretação de Blaine evocam um dos principais conceitos elencados por Dyer: Transparência. O autor escreve que o conceito refere-se a “uma qualidade de relacionamento entre personagens representados (por exemplo, amor verdadeiro), entre o performer e a audiência (‘sinceridade’)” (DYER, 2002, p. 23). Sendo assim, todo esses elementos que circundam a performance como o piano, as lágrimas, a iluminação e até a gravação da performance (que nesse caso foi ao vivo e sem edições de voz) corroboram para a criação de uma atmosfera melancólica. Mesmo que não se soubesse que Blaine havia traído Kurt, com essa performance já estaria claro que, embora as palavras cantadas pelo personagem fossem sinceras e eloquentes, tinha algo de errado, provavelmente com possíveis efeitos negativos. Sobre a performance, Clarke escreve:

Blaine espontaneamente aparece no apartamento de Kurt em Nova Iorque e, em uma saída a noite, canta ‘Teenage Dream’ para Kurt em um piano de um bar. A performance é lenta, emocional e desajeitadamente pessoal com Blaine chorando e sua voz falhando, em contraste com as performances geralmente descaradas e polidas de Blaine. Close-ups do rosto perturbado de Blaine encorajam empatia com ele, empatia essa que é testada quando, após essa cena, Blaine informa a Kurt que ele estava “com alguém”. A traição de Blaine corta efetivamente qualquer contato adicional entre eles por vários episódios (CLARKE, 2017, p. 446–447).

Logo após a performance, Blaine finalmente conta a Kurt sobre a traição, deixando-o, obviamente, desolado. Blaine argumenta que ele estava sozinho e precisava de seu namorado, mas ele não estava lá. Já Kurt diz que também estava solitário e possuía tentações, mas ele não cedia porque sabia o que aquilo significaria. No final do episódio, Blaine volta a Ohio, incerto do status de seu relacionamento. Kurt ainda processa o acontecimento e parece não querer um reaproximação imediata. O ‘sonho adolescente’ de Klaine acabou. Na performance musical em grupo que finaliza a trama do episódio, a cena de Kurt e Blaine correndo pelos corredores da Dalton Academy com as mãos dadas reaparece como um flashback, deixando o espectador com um sentimento de nostalgia e decepção. Essa cena, ao som de “The Scientist” (Coldplay), confirma que toda a aura romântica e aparentemente perfeita que circundava o casal acabou (ou estava com a sua existência extremamente ameaçada).

Apesar disso, Gene Kelly afirma que esse conflito e tantos outros são importantes para humanizar e tornar relações queer relacionáveis, colocando no mesmo patamar os problemas e vivências de um relacionamento homossexual, mesmo sendo um tanto normativo, em relação a um heterossexual:

A decisão de complicar o relacionamento de Kurt e Blaine ajuda a representar de maneira mais apurada a maturidade necessária para um relacionamento adulto, um que é cheio de armadilhas e falhas de comunicação, de amor e frustração (KELLY, 2015, p. 91).

A presença de jovens gays lutando contra as mesmas questões e problemas que seus colegas heterossexuais é refrescante. O fato de o programa discutir esses mesmos homossexuais como tendo uma identidade sexual ajuda a colocar um senso de si mesmo holístico no mainstream (KELLY, 2015, p. 92).

Partindo para outro ponto de análise, é produtivo perceber como, através de um casal queer, Glee pôde realizar uma ‘dupla ressignificação’ de uma canção ordinária. Primeiramente, a música “Teenage Dream” tem como objeto principal um relacionamento heterossexual, fato comprovado por seu vídeo clipe oficial. Porém, a decisão de Katy Perry de não utilizar nenhum pronome referente a gênero na letra facilitou a apropriação da canção pelos criadores da série, que a inseriram em um contexto queer sem causar muitos estranhamentos, ao mesmo tempo que mudando seu significado completamente. Sobre isso, Frederik Dhaenens escreve:

(…) A apropriação da música por Blaine, originalmente interpretada por uma mulher, transforma “Teenage Dream” em uma canção de amor de um adolescente gay. Por Blaine cantar “Vou disparar seu coração com o meu jeans apertado, ser o seu sonho de adolescente essa noite” enquanto olha para Kurt, é dada uma mensagem sexual e romântica à canção. Além disso, a música é cantada em uma sala cheia de estudantes do sexo masculino que não se enquadram em comportamentos heteronormativos, tais como zombar ou condenar a manifestação de desejo masculino do mesmo sexo (DHAENENS, 2013, p. 17).

A segunda ressignificação se refere à aparição da canção em forma ‘acústica’. Levando em consideração o contexto no qual ela está inserida, pode-se observar que a canção, considerada um hino romântico e comumente associada de forma positiva ao relacionamento de Kurt e Blaine, agora torna-se extremamente nostálgica e triste, quase que um lembrete de que nem tudo é para sempre e que os sonhos adolescentes não se aplicam mais à vida adulta. Isso só prova como uma música qualquer pode adquirir diversas facetas em um musical e, nesse caso, se constituir como um forte elemento diegético para a construção de uma narrativa complexa. Dessa forma, a narrativa gay romântica iniciada com a primeira performance de “Teenage Dream” foi finalmente ameaçada com a segunda apresentação da mesma música, que revelaria a infidelidade e traição de Blaine.

O término de Kurt e Blaine

Apesar de tudo, quatro episódios depois de “The Break Up” (4.04), Kurt e Blaine começam um processo de reaproximação, porém com bastante cautela, sem se identificarem como ‘namorados’ por um bom tempo. Eles só irão reatar o relacionamento no primeiro episódio da 5ª temporada, quando Kurt finalmente decide dar mais uma chance à Blaine.

Conclui-se que, como explorado durante o texto, a música “Teenage Dream” possui papel fundamental na narrativa queer de Kurt e Blaine, assumindo um caráter alegre, afetuoso e de flerte em “Never Been Kissed” (2.06), e um caráter sombrio, triste e de ruptura em “The Break Up” (4.04). Além disso, pode-se inferir como que através da ressignifcação de símbolos heteronormativos, nesse caso a canção, é possível construir e mudar narrativas queer, especialmente tendo jovens como peças principais. Kelly escreve que narrativas para jovens queer “são escondidas, julgadas, e definitivamente não existem tão facilmente na mídia popular” (KELLY, 2015, p. 81) e por isso a abordagem de casais fora do padrão heterossexual em Glee é importante.

A série termina em 2015, em sua 6ª temporada, e obviamente Kurt e Blaine finalizam a trajetória de Klaine juntos, casados e felizes, o que atualiza a promessa queer de felicidade defendida firmemente por Glee durante toda sua duração e mantém o ‘sonho adolescente’ do casal mais vivo do que nunca.

O casamento do casal Klaine na última temporada de Glee

Referências bibliográficas

CLARKE, Kyra. “Touching Affect: The Pedagogy of Intimate and Banal Moments in Glee. In: ALLEN, Louisa, RASMUSSEN, Mary Lou (eds). The Palgrave Handbook of Sexuality Education. London: Palgrave Macmillan, 2017, p. 439–454.

DHAENENS, Frederik. “Teenage Queerness: Negotiating Heteronormativity in the Representation of Gay Teenagers in Glee”. Journal of Youth Studies, vol. 16, n. 3, 2013, p. 304–317/p. 1–24.

DYER, Richard. “Entertainment and utopia”. In: DYER, Richard. Only Entertainment. London: Routledge, 2002, 2ª version. p. 19–35.

KELLY, Gene. “Kurt and Blaine: New Sexual Scripts for Gay Youth”. In: JOHNSON, Brian C., FAILL, Daniel K. (eds). Glee and New Directions for Social Change. Rotterdam: SensePublishers, 2015, p. 81–94.

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