Queer k-pop: dança e fluidez de gênero nos clipes MOVE (#1, #2 e #3) de TAEMIN

Sofia Cardoso
Musicais: Utopias (Queer) no Audiovisual
13 min readAug 26, 2018

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Resumo: A febre que seguiu o lançamento de MOVE (TAEMIN, 2017) é compreensível. TAEMIN deixou claro que MOVE era uma promessa de mudança para o que o k-pop é geralmente. Neste trabalho, busco trazer os aspectos dos clipes — coreografia, figurino e arte — que podem ser vistos sob uma perspectiva queer. Que masculinidade é performada por TAEMIN? Qual ‘repetição estilizada de atos’?

Cartaz promocional de MOVE (retidado de http://herewegobebe.tumblr.com)

MOVE foi lançado numa segunda-feira, em outubro de 2017. O artista: TAEMIN, famoso membro do boy group SHINee. Em seu canal oficial no youtube, a SM Entertainment — companhia sob a qual trabalha — publicou de uma só vez os 3 videoclipes que compõem a peça audiovisual MOVE. Foi uma febre. Inúmeros artistas do k-pop (o pop coreano) e fãs do mundo todo refizeram a coreografia e discutiam excitadas(os) (sim, a escolha dessa palavra foi plenamente consciente) sobre o quão único era o trabalho de TAEMIN nesse comeback*.

Antes de mais nada, é preciso falar sobre a figura de TAEMIN. MOVE consiste na música título de seu segundo álbum solo e foi um grande sucesso, devido à peculiaridade da coreografia, do ritmo, da energia da performance e do artista em si. Procurando internet adentro, é fácil encontrar páginas e páginas de comentários sobre ele. TAEMIN possui uma fanbase bastante significativa. Vale mencionar que boa parte do material de leitura sobre k-pop no geral é feito por fãs e circula massivamente em redes sociais. No entanto, para minha surpresa e apesar dela, termos que nasceram com as(os) fãs já fazem parte de pesquisas acadêmicas. Um deles é a ideia de flower boy. Em várias páginas, fanvids e posts em redes sociais, é comum ver TAEMIN ser chamado de flower boy — menino flor, em bom português (e sim, eu também amo como o termo se assemelha ao bom e velho “florzinha” usado outrora pejorativamente para se referir a rapazes efeminados aqui no Brasil. Me parece uma oportunidade de ouro de ressignificar o termo à maneira queer). Eis que em 2015, Chuyun Oh, (Phd na University of Texas em Austin, EUA), escreve, em um artigo sobre espectatorialidade queer no k-pop:

De maneira simples, ‘meninos flor’ [flower boys] literalmente subentende que meninos são graciosos e bonitos [pretty] como uma flor. Boy Bands de kpop, como SHINee, por exemplo, são frequentemente intitulados ‘meninos flor’ por causa de suas aparências bem-cuidadas, andrógenas e refinadas. (OH, 2015, p. 63)

O trecho fala por si mesmo. A figura do intérprete de MOVE é conhecida pelo caráter andrógino. Essa característica, inclusive bastante frequente em discussões acerca das figuras masculinas no k-pop, foi elevada à uma potência no mínimo satisfatória com MOVE. O objetivo deste texto é trazer alguns dos principais aspectos desse videoclipe/performance que conversam com as idéias de androginia, o conceito de camp e a performatividade de gênero.

TAEMIN 태민 ‘MOVE’ #1 MV screenshot

O ambiente extremamente urbano (e inesperadamente fotogênico) é o palco dessa performance. Chuva, asfalto, luzes, um caminhão de lixo muito bem colocado, uma parede cheia de cartazes. Urbano, poluído, contemporâneo, sim, mas ao mesmo tempo, pensado, construído. Nada ali é natural ou coincidência, tudo é estilizado. Não é difícil fazer essa primeira conexão com as “Notas sobre o Camp” de Susan Sontag. “Camp é um certo tipo de esteticismo. É uma maneira de ver o mundo como um fenômeno estético. Essa maneira, à maneira do Camp, não se refere à beleza, mas ao grau de artifício, de estilização” (SONTAG, 1964, p. 2).

TAEMIN dança. A batida é firme, estalada e quente. TAEMIN dança como se o verbo “mover-se” tivesse sido inventado por ele. Não dança como um homem e não dança como mulher, dança como TAEMIN. E canta. Praticamente sussurrando, ele canta. “Sob as luzes escuras, os movimentos começam novamente”, ele diz, “seus gestos elegantes, seu olhar furtivo. Reflete na janela clara, seu movimento cintilante. Esse sentimento estranho, essa atração de tirar o fôlego”**. TAEMIN canta-sussurra essas palavras e elas não poderiam ser mais precisas. É impossível não ser seduzida e seduzido. Ele parece ter saído direto de um desses mangás ou animes yaoi*** onde os personagens usam roupas absurdas e falam de maneira absurdamente respirada e sedutora (ainda que de forma bem caricata). MOVE inteiro pode ser dito dessa forma: absurdo, respirado, sedutor.

A coreografia, como dito antes, não fez o sucesso que fez à toa. O corpo de TAEMIN se move com destreza. É lento e fluído e às vezes surpreende com um movimento ágil. É como se dançasse com a música ao invés de ao som dela (observação de fã, admito). Ele dança de maneira minimalista, mas ao mesmo tempo possui controle total de seu corpo em cada passo. Em vídeos react**** YouTube adentro e entrevistas com várias figuras da indústria [do k-pop], falou-se sobre isso. Sobre como é especial a coreografia de MOVE e o quanto ela valoriza o dançarino e as dançarinas em igual proporção. Em entrevista, TAEMIN é bastante direto sobre isso:

Meu objetivo era encontrar um meio-termo, misturando movimentos masculinos e femininos na coreografia juntos. A forma do meu corpo é como a de um dançarino. Não é muito masculino ou excessivamente musculoso e eu queria tirar vantagem disso. Eu pensei que eu poderia mostrar as linhas suaves como os movimentos de dança de um bailarino, adicionando sutileza à minha coreografia. (TAEMIN para Billboard, entrevista de 25/10/2017)

trechos da coreografia em apresentação ao vivo.

Nessa entrevista, ele toca em um par de pontos interessantes. A mistura de elementos masculinos e femininos na dança. A caraterística especial de seu corpo: longilíneo e flexível e “não muito masculino”. Essa é a grande questão do TAEMIN, de MOVE e da performatividade de gênero pela dança no k-pop. A androginia é a questão, a fluidez de gênero proporcional à fluidez de braços e quadris na coreografia. “O andrógino é seguramente uma das grandes imagens da sensibilidade Camp. Exemplos: as figuras lânguidas, esguias, sinuosas da pintura e da poesia pré-rafaelita; os corpos delgados, fluidos, assexuados […]” (SONTAG, 1964, p. 4).

Voltando ao artigo de Chuyun Oh, a questão do gênero ligado aos passos de dança também é falada. Oh observa como a dança tem um potencial imenso de reforçar ideologias (principalmente, lógico, as ligadas ao corpo) ou de desafiar normas socioculturais. A execução — seja do reforço ou do desafio — é feita pela incorporação da(o) dançarina(o). Essa característica do movimento é chamada por Ann C. Albright (citada por Oh) de “duplo momento de representação”. Trata-se do poder se ratificar ou transgredir a hegemonia.

O exercício de leitura desses movimentos permite, segundo a autora, “interrogar como os significados teóricos de gênero e identidades sexuais são exemplificados e apreciados através da incorporação da corporalidade dos dançarinos” (OH, 2015, p. 60–61). TAEMIN, assim como as demais dançarinas que performam com ele, ao escolher um modo “menos masculino” ou “mais feminino” de se mover, está passando uma mensagem:

Eu queria romper com a ideia do que os artistas masculinos deveriam mostrar, qual performances as meninas devem mostrar. Eu realmente queria quebrar esses rótulos, mostrando que a dança é uma forma de arte. (TAEMIN, 2017)

O que nos leva ao próximo assunto. As dançarinas.

trecho da coreografia em TAEMIN 태민 ‘MOVE’ #2 Performance Video (Solo Ver.) (GIF retirado de https://www.waekpop.com)

A coreografia foi pensada para qualquer identificação de gênero. Essa intenção e cuidado podem ser vistos nas versões de performance de MOVE. Em “TAEMIN 태민 ‘MOVE’ #2 Performance Video (Solo Version)” (apesar do título), o conjunto TAEMIN e dançarinas ganha valor. Ao contrário do que é feito em tantas outras performances com ‘backdancers’, aqui elas estão lado a lado com TAEMIN— em todos os sentidos da palavra. As 6 dançarinas fazem exatamente a mesma coreografia que ele. E não somente elas. Os movimentos de MOVE terem viralizado mundo afora é prova de que houve uma abertura para a identificação.

TAEMIN 태민 ‘MOVE’ #3 Performance Video (Duo Ver.)

Em “TAEMIN 태민 ‘MOVE’ #3 Performance Video (Duo Version)”, o dueto apresenta ainda outros aspectos. Na maioria das vezes, e não é exclusividade do k-pop, dança em duetos, ou ‘casais’, representam um encontro romântico. Nesses clipes, porém, a relação do dançarino com sua parceira não tem nenhum indicador de romance ou até mesmo atração sexual. E isso apesar do flerte, esse, sim, está ali sem dúvida. A carga sensual do clipe, das roupas, o fato da figura dele ser inegavelmente atraente — e as dançarinas o são com igual intensidade — , não implica essa espécie de antecipação por um encontro romântico/sexual.

Em termos de atuação, gestual, expressões e — bem — performatividade, TAEMIN parece fazer algo que já havia sido observado por Chuyun Oh. Olhar indireto, exposição íntima em movimento que “permite a espectadora mulher inverter os papéis de gênero de objetos sexualizados para o sujeito do olhar” (OH, 2015, p. 68). Neste momento, a autora trata de um fenômeno observado por ela entre as fãs (especificamente mulheres ocidentais). Trata-se de uma espécie de ‘olhar predador feminino’ sob o corpo dançante masculino. Consequência de uma “exposição da masculinidade vulnerável” (OH, 2015, p. 67). O retrato de tal vulnerabilidade está nos olhares indiretos para a câmera, no posicionamento oblíquo do corpo. Um tipo de ‘se fazer de difícil’ e ‘timidez’ construídos para o olhar da espectadora.

Curiosamente, dentro do espaço-tempo fílmicos de MOVE, não há uma relação de predador-preza entre o cantor e as parceiras de cena. Talvez indicando ainda outra novidade. Não se trata de apenas “inverter papéis”. Isso significaria uma manutenção no binarismo de gênero que é, também, pautado pela heteronormatividade.

Em outro artigo, essa mesma autora, ao falar da performance cross-dressed de dois integrantes de outro boy group, Infinite, fala novamente sobre essas expressões e corporalidades:

As nuances de suas expressões não desafiam diretamente a heterossexualidade ou a ordem patriarcal, mas desestabilizam a hegemonia da construção de gênero — precisamente o que é o queer. O cross-dressing no k-pop borra a linha entre resistência e dominância queer. (OH, Chuyun; OH, C. David, 2017, p. 24)

Além do movimento, da incorporação e das nuances de expressões e gestual, um elemento marcante do desafio que MOVE propõe está perfeitamente alinhado ao corpo de TAEMIN. O figurino de MOVE não é: discreto; não é comum e não é simples. O figurino definitivamente não é o que se espera para um rapaz e não é o que se pensa para uma moça. O figurino de MOVE é Camp. É o único termo possível para um figurino impossível.

O figurino de MOVE é impossível por motivos muito evidentes. Ei-los:

(TAEMIN 태민 ‘MOVE’ #1 MV screenshots)

Quando disse na entrevista para a Billboard que se concentrou em “trazer nuances para a música em vez de ter grandes movimentos” e que “foi mais uma decisão estratégica também, fazer a coreografia parecer possível e impossível ao mesmo tempo” (TAEMIN, 2017), o cantor resume bem o que é MOVE. Ser possível e impossível ao mesmo tempo.

Em termos de figurino, certamente, a definição é precisa. Os decotes são impossíveis. Tanto para a ‘masculinidade hetero e hegemônica’ quanto para a feminilidade cultivada pelo patriarcado. As cores são impossíveis, as texturas. E o que é essa magnífica veste que exibe, triunfante, os mamilos de TAEMIN, senão impossível?

O figurino, assim como os movimentos de dança e a atuação expressiva, do artista são marcadores de identidades. TAEMIN passa uma mensagem através de MOVE. Mensagem esta da masculinidade que performa:

Identidade é um verbo de ação, não um substantivo. […] Queer também é um verbo que precisa de uma ação física. Queer se refere a ‘novos jeitos de ser sexuado, de gênero e sexual’. Por meio de adoções corporais, “queering” passa a ser uma maneira de olhar, agir de acordo, ou desenraizar crenças previamente mantidas, opiniões que são consideradas “não-problematizáveis” (OH, Chuyun; OH, C. David, 2017, p.13).

No decorrer dos clipes, as ideias contidas no conceito de Sontag ficam cada vez mais evidentes. Essa sensibilidade — o Camp — é uma visão estética do mundo, que “transforma o sério em frívolo”(SONTAG, 1964, p. 1), que se solidifica no exagero, na decoração, no brilho. Se expressa desafiando o que é ‘formal’, o que é esperado, o que se encaixa, o que é binário. O mais interessante é que a estética Camp propõe esse desafio se apossando de elementos cuja posição em outro contexto, com outra justificativa, seria “perfeitamente normal” — ou melhor, normativo. Em uma passagem de “Notas sobre o Camp”, Sontag fala sobre como a Sensibilidade se expressa em aspas: Ver tudo entre aspas significa referir-se à, fazer uma citação, representar um termo ou objeto e, mais além, realocá-lo, acrescentar novo contexto e novas informações.

Em MOVE, os passos de dança, as roupas e a atuação não foram inventadas por TAEMIN ou para ele. No entanto, estão ali através de e representadas por ele ganhando outra significação. É como se o Camp desmontasse as concepções normativas, separando os símbolos de seus significados. E ao invés de parar por aí e deixar as coisas desmontadas, ou no lugar de pura e simplesmente inverter esses significados, o exercício da sensibilidade Camp é de criação de coisas novas. O brilho dourado e acetinado de uma das camisas usadas pelo cantor seria o “feminino”; o cantor em si seria o “masculino”. Desconstroem-se essas duas concepções e vemos TAEMIN vestindo a camisa dourada. Em um momento posterior, o rapaz está vestindo uma camisa transparente com o peito inteiro à mostra. Esse figurino não corresponde ao “masculino” nem ao “feminino”. Dentro da normatividade, é impossível que essa roupa seja sequer permitida à qualquer um dos dois. A veste transparente do TAEMIN é um exemplo do que o Camp possibilita. Desconstruir a binaridade e a norma, não para “reconstruir”, e sim, para gerar um elemento novo. Quando digo que MOVE propõe o impossível, é porque dentro da heteronormatividade, uma música dançada dessa maneira por esse artista vestindo essas roupas não funcionaria. Dessa forma, os artifícios, as decorações e a estilização são os absurdos necessários para que MOVE funcione, pois são sinalizadores da realocação e significação e da geração de elementos.

A síndrome MOVE não promete ser passageira. Entre fãs e outros artistas, os videoclipes do célebre integrante de SHINee abriram uma porta, uma brecha. Abriram um espaço para falar sobre esterótipos de gênero no k-pop. TAEMIN é um artista assinado com uma das maiores empresas de entretenimento da Coréia do Sul. O peso que tem sua fala em entrevistas (tanto para revistas quanto para plataformas de vídeo) é bem grande. É por isso que quando ele diz sem hesitar que o propósito de todos esses elementos foi justamente apresentar algo novo para o k-pop, independentemente de gênero, é difícil não sentir uma onda de esperança. MOVE é um marco nos corpos dançantes por aí. E traz consigo a possibilidade de novas configurações e novas discussões sobre representatividade do corpo.

Para fazer a leitura queer de MOVE é preciso respirar fundo e assistir aos clipes musicais. Mais simples do que o esperado, para ser sincera. Não é necessário uma imensa teoria de fãs para se entender o significado da obra. Por outro lado, o papel dos fãs, levando a discussão para frente ou refazendo a coreografia (e, por que não, enlouquecendo com o “take a small bite” estampado na camisa do Idol), é crucial. O que se faz com MOVE é manter o queer, queer. Quanto mais os aspectos andrógenos, não-binários, fluídos forem falados, menos chance de desqueerificar essa obra. O que MOVE faz é criar algo completamente novo e essencialmente não binário. Não é masculino, não é feminino — seja lá o que esses estigmas queiram dizer — é TAEMIN. Ponto. É impossível e, ainda assim, existe.

Notas

*Regresso de um artista com um novo projeto (novo single, álbum, etc.)

** Trecho da letra de Move do TAEMIN (SM entertainment) em tradução livre e adaptada do inglês. Verão orginal e tradução em inglês disponíveis em: https://colorcodedlyrics.com/2017/10/taemin-taemin-move

*** Também conhecido por Boy’s Love, é um gênero de Anime no qual se apresentam relações homossexuais entre homens. Este tipo de anime foi destinado originalmente ao público feminino, mas hoje em dia há vários homens fãs do gênero também,tanto héteros quanto homossexuais. (definição do “Dicionário Informal”)

**** Vídeos de pessoas (especialistas e leigos) reagindo à clipes e apresentações em palco de idols também viralizaram no youtube nos últimos anos. Muitas vezes com caráter cômico e, outras, com olhar mais crítico avaliando as apresentações — estes vídeos podem ser um material interessante na pesquisa sobre o recebimento das obras audiovisuais pelo público.

Referências bibliográficas

Entrevista com o artista TAEMIN sobre o lançamento de Move: https://www.billboard.com/articles/columns/k-town/8014100/taemin-interview-move-gender-stereotypes-pushing-the-boundaries

LAURIE, Timothy. “Towards a Gendered Aesthetics of k-pop”. In: CHAPMAN, Ian, JOHNSON, Henry. Global Glam and Popular Music: Style and Spectacle from the 1970s to the 2000s. Routledge, 2016.

OH, Chuyun. ‘Queering spectatorship in K-pop: The androgynous male dancing body and western female fandom’, Journal of Fandom Studies, v. 3, n. 1, pp. 59–78, 2015.

OH, Chuyun. OH, David C. “Unmasking Queerness: Blurring and Solidifying Queer Lines through K-Pop Cross-Dressing”, The Journal of Popular Culture, v. 50(1), n. 9, 2017.

Chuk, T. [祝迪詩]. Queer representations in Korean media: heteronormativity, homonormativity, and queer transgression.
(Thesis). University of Hong Kong, Pokfulam, Hong Kong SAR, 2016.

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