Não é apenas um Zé.

Análise Vasco
Não é mais um Zé.
4 min readFeb 25, 2018

Desde o ano passado Zé Ricardo chegou e tornou o Vasco competitivo. Usou a mesma estratégia de quando assumiu o Flamengo: deu consistência defensiva pra tornar o time competitivo (tínhamos uma das zagas mais vazadas do campeonato).

Foi montando o time de trás pra frente. É a forma mais eficiente e rápida de conseguir resultados e consequentemente tranquilidade pra trabalhar.

Muitas vezes o Vasco jogava por uma bola e apostava no poder de decisão do Nenê.

Com o passar dos jogos o Vasco passou a ter um sistema defensivo sólido com Martín Silva, Madson, Breno (Paulão), Anderson Martins e Ramon.

A partir daí Zé começou a busca por posse e qualidade na posse. A saída do Jean e a utilização do Evander fazendo companhia ao Wellington é uma clara exemplificação disso. E isso impactou também no crescimento de produção de ambos e eles tiveram uma reta final de ano muito interessante.

Outros jogadores também subiram de produção individualmente. Tínhamos uns 13 ou 14 jogadores “titulares” e eles sabiam exatamente quais eram suas contribuições no campo de jogo.

Premiado com uma vaga na Libertadores, Zé Ricardo participou da montagem (porém sofreu com a desmontagem também) do elenco. Sabendo da condição financeira do Vasco, os nomes sugeridos foram modestos. Muitos deles contestados pelos torcedores vascaínos e contestados até em seus antigos clubes. Mas o treinador confiava neles pra desempenhar as funções esperadas aqui no Vasco.

Além de participar da construção do elenco. Zé também teve algo muito importante a seu favor. Participar da pré-temporada.

Com isso, Zé conseguiu mostrar evoluções significativas mesmo em pouco tempo.

Linhas sempre próximas. Trocas de posição. Manutenção da posse progressiva da bola. Boa saída seja pelas laterais ou pelo centro (com a participação do Desábato e Wellington ou até mesmo com o recuo dos meias pra organizarem visualizando o campo ofensivo de frente).

Além disso não fica preso a crença de apenas uma fórmula mágica. Muda o esquema de acordo com as peças disponíveis, adversário ou a circunstância do jogo.

O Vasco de hoje joga com aproximação, movimentação e paciência pra chegar ao gol adversário. E por manter as linhas próximas, é um time combativo em toda extensão do campo. Por isso Andrés Ríos tem sido elogiado por comentaristas e analistas.

É pouco para um camisa 9 do Gigante da Colina, é verdade,muito pouco,mas o fato é que o Zé consegue dar importância até pro jogador mais limitado e contestado do time titular. O Ríos sabe o que o Zé espera dele. E entrega (obviamente o treinador quer muitos gols também, quem não quer?).

E (também) por causa dessa deficiência do camisa 9, o Vasco hoje é um time de artilheiros democráticos. Tem a chegada e a finalização dos meias, a infiltração dos laterais e os seus extremos fazendo facão.

Claro que existem pontos a melhorar. A bola aérea defensiva(até com Breno e Anderson que formaram uma das melhores duplas em 2017, sofremos um pouco nesse quesito) é hoje o principal problema do clube. Seja pela falta de característica dos seus defensores (que não tem a bola aérea como seus pontos fortes), seja pela estatura de jogadores como Pikachu e Wellington ou até mesmo pela falta de entrosamento (já que se trata de um setor muito modificado) e também (por que não?) pela deficiência neste tipo de treinamento. A cobertura do lado direito também é preocupante. Wellington vinha auxiliando bem por ali. Mas é um jogador que por característica busca participar da construção e organização da equipe no setor central. Inclusive por diversas vezes compõe a linha de 4 (ou 5) mais avançada.

Além de tudo isso que já justificaria a moral altíssima que Zé goza, seja com a torcida ou com a direção, jogadores que chegaram a pedido dele tem deixado boas impressões à torcida e ao treinador. Rildo e Thiago Galhardo tem acrescentado muito à equipe quando entram. Conseguem ter destaque tático e técnico e vem agradando.

Além de um time competitivo com os disponíveis atualmente o Vasco tem um verdadeiro time de potenciais titulares que prometem acirrar as disputas no time titular: como Breno, Erazo, Ramon, Giovani Augusto, Tiago Galhardo, Kelvin, Rildo. Além da garotada que ainda pode se mostrar útil para temporada longa como Andrey, Cosendey, Paulo Vitor, Caio Monteiro, Robinho e Marrony (estes dois últimos ainda na base com expectativa de subir).

O ano do Vasco tem tudo pra ser tranquilo. Possui um elenco equilibrado e competente pro que se almeja: Fazer um ano digno e se possível buscar mais uma classificação para Libertadores. Sobre título é complicado fazer prognósticos otimistas, mas pode surpreender caso avance em competições mata mata cuja moral e confiança aumentam de acordo com o passar das fases.

No Vasco hoje, José Ricardo Mannarino não é um Zé qualquer. Tem identificação e história no clube. É alinhado com a realidade de trabalho e financeira.

Tem apoio da torcida e diretoria. Tem boa relação com a mídia. É querido pelos jogadores e funcionários.

Alem disso participa de um projeto maior com participação ativa nas divisões de base.

E mantém um trabalho coerente e em clara evolução.

Por um Vasco melhor, ficamos na torcida pelo sucesso do Zé. E de preferência no Vasco.

Fica, Zé.

--

--