Carmem Von Blue, integrante das D* Queens, desvenda os mistérios por trás da sua personalidade drag

Casada com Natalie Heart e filha de Alicia Andrews, Carmem carrega o legado de grandes nomes artísticos da noite curitibana.

Lucas Panek
Não faz a frígida
4 min readNov 22, 2015

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Sabe aquela pessoa com uma beleza tão diferente que seria egoísmo mostrá-la na caracterização de apenas um gênero? Carmem Von Blue, uma das integrantes da dupla D* Queens, é uma dessas personalidades. Nascido Felipe Leme, ele aceitou sua fluidez de gênero e deu espaço a sua persona feminina, que veio a chamar de Carmem por conta da força e significado no nome. Com a ajuda de Natalie Heart — também conhecida por Pitty, sua esposa e dupla artística, encontrou os traços da drag queen que, a partir de então, passaria a figurar nas principais pistas das baladas curitibanas. Vem com a gente desvendar e conhecer melhor Carmem Von Blue, a dama da noite de Curitiba:

Como e quando você entrou em contato com o universo drag pela primeira vez?

Olha, acredito que por volta de 2009 ou 2010, quando fui na minha primeira Parada Gay, em Bauru- SP. Logo depois, quando me mudei para Curitiba, conheci outro lado drag e fui apresentada as nossas queens Curitibanas.

Qual lado drag você conheceu aqui?

Quando estive em Bauru, conheci mais travestis, na verdade. Quando vim pra cá, conheci meninos que faziam sua transformação apenas com make up.

Você poderia explicar, rapidamente, essa conceituação de travesti e drag?

Bom, travestis são homens que à base de cirurgias e tratamentos hormonais se transformam em mulheres. Já as drags são homens ou mulheres que sofrem uma transformação para fins artísticos.

E quando você decidiu se montar?

A primeira vez que tive essa vontade SUURTEI. Não tinha certeza realmente que queria ser uma drag, achei até que poderia ser transexual. Mas, depois que conheci melhor esse mundo, vi que eu realmente só queria levar para o lado artístico. Decidi me montar mesmo em 2012, quando entrei em um relacionamento com a Pitty, celebridade local (risos).

Como foi a contribuição dela nesse processo? Ela é sua drag mãe?

Sim, ela foi totalmente necessária para o nascimento da Carmem, em si. Mas levou um tempo para ela se acostumar com a ideia (risos). Em termos técnicos ela é, sim, minha mae drag. Mas eu acabei adotando como MAMA a mae drag da Pitty, a Alicia Andrews, que é uma das melhores drags que Curitiba pôde ter. E eu acredito que a cena perde muito sem ela.

O que aconteceu com Alicia?

Bom, a Alicia ta aí como Jhonny Macartney, super mega maquiador e fotógrafo também.

É um faz tudo que nem as filhas (risos). Adoro visitá-lo. Aprendo muito com ele sempre, as ideias mais loucas são deles.

Você e a Pitty formaram as D* Queens. De onde surgiu a ideia?

Quando comecei a me montar conversamos sobre nos apresentarmos Juntas. Aí, precisávamos de um nome e depois de várias ideias fail, chegamos a essa analogia, brincando com a ideia de Drag queens e também de “As Rainhas”.

Quando vi vocês duas pela primeira vez, achei que eram irmãs. Vocês ouvem muito isso?

Nooossa, e como acontece! A gente chegou a trabalhar na mesma empresa -outdrag- e as pessoas achavam que éramos a mesma pessoa(risos). E quando viam a gente juntos, sempre rolava essa pergunta. Mas o engraçado é que somos muito mais parecidos que isso. Apesar da diferença na idade, são coisas que, parando para pensar, parece até impossível de termos nos conhecido.

A sua personalidade drag é bem versátil, mas geralmente traz traços mais undergrounds. No que você se inspira?

Sim, eu gosto de brincar bastante com a minha drag, gosto de pular de estilo para estilo, de entrar em outra realidade e ser seres mitológicos.
Eu sempre procuro referências no mundo fashion, adoro ver desfiles e as vezes passo horas no celular vendo fotos, seja pelo instagram, pinterest ou tumblr, porque referência é tudo nessa vida!

E tem tanta coisa por ai. Sejam elas em cantores, atores, drags. Esse mundo é uma caixa de surpresas.

Quais seus planos para o futuro, tanto como Felipe, quanto como Carmem?

Ai o futuro, a gente sempre espera tanto dele, não é, não? Bom eu quero ter meu trabalho reconhecido tanto como maquiador, designer de roupas, quanto como performer. Crescer sempre e estar rodeada de pessoas legais.

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