Retrospectiva: minhas melhores memórias de 2023

Um ano difícil, de muita dor, um pouco de solidão, mas também de momentos que me fizeram criar raízes.

Lucas Panek
Não faz a frígida
7 min readDec 31, 2023

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Este ano de 2023 se encerra cravando em mim o anseio de deixar registrado os momentos incríveis pelos quais passei. Com um começo bastante difícil, 2023 parecia que seria um daqueles anos que a gente quer que termine logo para que o novo ano leve embora as dores e deixe apenas as cicatrizes. Nos primeiros meses, a minha mãe enfrentou uma passagem pelas macas e corredores de hospitais por conta de uma doença que até agora não foi devidamente diagnosticada. Aliada à esta preocupação havia a pressão do Trabalho de Conclusão de Curso, as angústias do ambiente de trabalho e a retomada dos gatilhos sofridos com o voleibol durante a minha adolescência. É, 2023 seria uma droga.

TODO O AMOR QUE EU PRECISAVA

Não! As pessoas incríveis que estavam ao meu redor perceberam que eu precisava de apoio e do empurrão de uma boa amizade para transformar este ano numa das maiores experiências da minha vida. E tudo começou em uma etapa de um campeonato disputado em domingo invernal, junto com a minha equipe Master feminina. Ao sair de um dos jogos e me direcionar para fora do ginásio para conversar com a equipe, fui surpreendido por uma confraternização surpresa organizada por meus alunos e pelo gestor da competição, que foi um dos meus maiores apoios ao longo deste ano. Tenho certeza que me sentir acolhido e amado por aquelas pessoas me deu uma nova energia para me dedicar ao trabalho.

CONFIANÇA PARA JOGAR

Ter a confiança dos meus atletas e dos meus amigos me ajudou a me sentir mais seguro em quadra, a renascer aquela vontade de treinar e jogar para me divertir, sem toda a pressão jogada em mim por ser um atleta gordo e baixo numa modalidade em que a altura é supervalorizada. Outra memória incrível deste ano foi poder me juntar aos meus amigos em alguns torneios no segundo semestre. Independentemente da medalha ou posição, esses momentos me ajudaram a reconstruir a confiança e autoestima que levei anos para ter em quadra. O esporte é um espaço de muita violência e exclusão. Eu sempre precisei ser o atleta forte, que tinha que treinar três ou quatro vezes mais do que os outros para ter uma oportunidade para jogar. Eu sempre fui a criança que manchava as paredes de casa batendo a bola e treinando sozinho, porque nunca tive um técnico que acreditou em mim e me ofereceu palavras de incentivo. E, quando a gente começa a fazer parte do esporte amador, não imagina que vai reviver todas essas violências partindo de colegas de time e amigos. E, quando isso acontece, às vezes acaba com a gente. Obrigado, amigos, por ajudarem a juntar os meus cacos e a forjar essa vontade de estar em quadra com vocês, jogar esses dois campeonatos foi muito especial para mim.

UM PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Eu costumo dizer que Outubro é o melhor mês do ano por ser meu aniversário, mas 2023 me reservava uma grande surpresa: uma torção no tornozelo logo na última semana de setembro. É claro que fiquei muito triste e achei que a lesão estragaria a vibe do meu aniversário, mas eu estava muito enganado. Foi incrível poder comemorar o meu aniversário com o título de CAMPEÃO da categoria feminino adulto iniciante do Grand Prix 2023 com a minha equipe Master feminina. Um ano inteiro de grandes jogos e muita dedicação trouxe esta medalha para esse time, e ainda fui reconhecido como o melhor técnico da categoria na seleção do campeonato. Logo em seguida, pude celebrar o meu aniversário com meus amigos (mesmo mancando), com meus atletas da FAC Esportes, que fizeram uma festinha surpresa linda, e com meus atletas e amigos do GEP Voleibol, onde fizemos um festão com direito a campeonato interno, aniversário da professora Bárbara, um super bolo e muita comida. Com certeza, Outubro foi um presente de aniversário para mim.

UM SHOW INESQUECÍVEL

Quem me conhece sabe que sou aficionado em cultura queer e amo todos os programas de Drag Queens. Quando fiquei sabendo do Combo Drag Week, que aconteceria em Curitiba, e que minha melhor amiga ia me levar para assistir a abertura, eu surtei. Surtei muito mais quando fiquei sabendo que ia assistir à Rainha do Universo, Grag Queen, e a dona da Caravana das Drags, Hellena Borgys. Foi uma noite de muito talento e performances que não saem da minha cabeça até hoje! Fiquem com uma amostra:

GRAND PRIX, SUPER COPA E COPA IGUAÇÚ

No campo profissional, o segundo semestre também me reservou memórias incríveis com as finais do Grand Prix 2023, com a Super Copa Sesc e a tão esperada viagem para a Copa Iguaçu, em Foz do Iguaçu. Este ano, disputamos o Grand Prix em 5 categorias: Adulto Feminino Gold, Adulto Feminino Iniciante, Infanto-juvenil Feminino, Infanto-juvenil Masculino e Adulto Masculino Silver. Todas as nossas equipes deixaram uma marca positiva com suas participações, mas a equipe juvenil masculina e master feminina se dedicaram e fizeram bonito, sagrando-se campeões em suas categorias de forma invicta. Guardo lembranças incríveis das fases finais e sinto muito orgulho do trabalho construído com todas essas equipes.

Logo em seguida, veio um dos meus torneios favoritos do ano, a Super Copa Sesc. O torneio é voltado para equipes de base de Curitiba e Região Metropolitana e foca na experiência positiva do atleta, proporcionando vários dias de jogos, com festa de encerramento e cuidados aos atletas ao longo dos jogos. Foi uma edição turbulenta, cuidando de 4 equipes no campeonato, com jogos simultâneos que só foi possível graças a ajuda do anjo que Deus me enviou em 2023 chamado Karina. Essa mulher incrível que está sempre na beira da quadra me ajudando e me incentivando. Graças a essa ajuda, conseguimos ser bicampeões no masculino e campeãs no feminino. Foi um torneio mais difícil do que no ano anterior, com a participação das equipes da medalhista olímpica Kelly Kolasco. Ao final, fui homenageado como o melhor técnico de toda a competição e esta validação me fez ver que estou no caminho certo, mesmo com toda a torcida contra e todos os comentários negativos acerca do meu trabalho.

A Copa Iguaçu aconteceu agora no fim do ano, em Dezembro. Foi outra experiência eternizada por todos os ensinamentos e momentos vividos. Nossa equipe juvenil batalhou durante todo o segundo semestre vendendo rifas para custear a viagem para jogar durante os dias 10 a 17 em Foz do Iguaçu, Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazu (Argentina) contra 6 equipes dos países sedes. Foi uma viagem única, poder aprender com equipes internacionais, ter a experiência de morar com os colegas de time, viver a expectativa dos resultados dos jogos, jogar contra equipes que disputam campeonatos federados, toda essa bagagem pesou, mas ensinou muito.

CONCLUSÃO DE UM CICLO DE 12 ANOS

Uma das minhas maiores conquistas em 2023 foi apresentar o meu Trabalho de Conclusão de Curso do Bacharelado em Educação Física. Foram praticamente dois anos estudando para desenvolver uma pesquisa que falasse sobre a relação da minha comunidade, a LGBTQIAPN+, com o voleibol na capital paranaense através do resgate de memórias de dois eventos importantes que aconteceram aqui: os Jogos da Diversidade de 2012 e a Taça Pride de 2021. São mais de 10 anos de resistência, luta, tensões, erros e tentativas que são brevemente discutidos neste trabalho. Passar pela banca no fim deste ano foi uma correria, parecia que não seria possível, mas com o incentivo da minha família, dos meus amigos e o suporte da minha grande orientadora (Profa. Dra. Daniela Kuhn) deu tudo certo. E contar esta história do jeito que eu queria foi uma grande conquista pra mim e não consegui conter as lágrimas quando ouvi a validação das professoras que fizeram parte da banca. Gratidão a todos tornaram essa oportunidade em uma experiência real.

Obrigado, amigos, por este ano incrível e especial. Eu precisava registrar essas memórias deste ano espetacular e homenagear tudo que vocês todos fizeram por mim! Eu amo todos vocês e espero poder retribuir tudo isso em 2024.

Feliz Ano Novo!

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