2016

Só mais um ano

Bruno Deolindo
Na Moita
3 min readDec 30, 2016

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Eis que 2016 chega ao fim, é isso mesmo estamos colocando um fim ao ano da crise, ano das desgraças, das coisas ruins, da uruca, mas ei espera um minuto será que esse ano realmente foi tão ruim assim? Pergunta complexa, mas pelo menos para mim 2016 não foi um ano tão ruim, de certa forma foi bom, muito bom, claro cito minha realidade pois muitos podem ter sido afetados de forma muito seria pelo 1 milhão de merdas e cagadas que assolaram a sociedade brasileira no ano, desemprego, fome, morte de entes queridos, decepções amorosas e muitos etc. Eu com certeza vivi pelo menos algumas delas nesse período mas muita coisa boa aconteceu, analisando naquela famigerada retrospectiva pessoal e olhando para o micro universo que é a nossa vida talvez 2016 não tenha sido tão ruim assim, no macro concordo foi um ano complexo, mas veja só um ano tão complexo e tumultuado como qualquer outro e adivinha você provavelmente não lembra das merdas dos outros anos é amigo nossa mente trabalha de forma complexa.

Nossa mente omite que já tivemos anos melhores, anos piores e anos meia boca que ninguém lembra, pois é como nossa cabeça lida com o trauma, quando está fresco acabou de acontecer tudo foi ruim, tudo foi uma merda, nada absolutamente prestou, pois estamos ali lidando com o trauma do momento, vivendo a dor, cicatrizando a ferida, porém com o passar do tempo, a dor passa a cicatriz fica e ela não é atrelada aquela dor do momento, mas sim a experiência que foi, como exemplo aquela cicatriz que você tem no joelho, você não lembra da dor alucinante, do sangue jorrando nem nada disso, mas provavelmente lembra de quão rápido estava de bicicleta naquele dia e quão emocionante era, que poderia estar morto e tem sorte de não estar, daquela menina bonitinha que assinou seu gesso e ali começou uma amizade colorida e etc. isso é a nossa mente focando no positivo, nosso mecanismo de sobrevivência se dissociar do sofrimento, da dor, do erro e concentrar na alegria, no alívio, no acerto, assim nos seres humanos temos evoluído através do tempo.

Tempo, o maior inimigo e aliado de nós seres humanos, aquele reduto inconquistável e incontrolável, com garras inescapáveis e sufocantes, que apaga tudo, em doses mais homeopáticas porém até o que foi bom desvanece frente ao seu poder, no entanto nunca para de nos mostrar coisas novas e fantásticas, que dá a possibilidade de aprendermos e evoluirmos e sempre superarmos o antigo em busca do novo, que dá a chance de sonhar e prometer e claro não cumprir metade do que foi sonhado ou prometido, mas que está ali ainda imperceptível e imutável.

Mudança, não importa se o ano foi ruim ou bom todos temos que evoluir, nunca nos acomodarmos, nunca nos tornarmos seres metódicos que acreditam nas forças divinas de que se algo deu certo uma vez vai dar certo sempre ou se algo deu errado uma vez vai dar errado sempre, pois não existe guia para viver, o tempo nunca nos dá a chance de reviver de forma idêntica o passado, muito menos prever o futuro, então se não podemos prever e nem repetir porque se ater às amarras do que somos hoje? Mude, faça diferente, arrisque, sofra, ame, acerte, erre, pois tudo é aprendizado e somente quando aprendemos estamos realmente vivendo e aí sim a mudança de um numeral para outro tem significado.

O significado, o saldo de 2016 provavelmente será diferente de pessoa para pessoa, terá uma realidade, um peso diferente para cada um, afinal não somos a mesma pessoa e nem vivemos a mesma coisa no decorrer desse ano, porém mais importante de toda a nomenclatura que possa ser dada a esse período que possamos olhar para trás e se alegrar de nossas ações, nos envergonhar de outras, rir de algumas, chorar das necessárias e se fortalecer com todas, pois ainda estamos vivos, com mente, tempo e vontade de mudar e atribuir sempre mais significado a nossa vida no nosso vindouro e ainda não escrito 2017.

E esse vai ser o último texto do ano uma retrospectiva introspectiva, para celebrar aí todas as baboseiras que tenho escrito neste ano e que alguns tem lidos, que possam continuar acompanhando a jornada do ainda brasileiro, perdido no Brasil tentando ganhar na Megasena.

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Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.