Assassin’s Creed

Ok, não é bom

Bruno Deolindo
Na Moita
4 min readJan 14, 2017

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É senhores talvez irei quebrar pela primeira vez minha vontade de escrever só sobre coisas que eu gosto e que me motivam a escrever pois senti a obrigação pública de falar sobre o filme de Assassin’s Creed e sinto muito em lhes dizer, mas a maldição de filmes inspiradas em jogos ainda continua de pé e o filme é ruim, não chega a ser péssimo e horrível, como fã da franquia consegui ver algumas coisas legais aqui e ali, mas como filme ele é fraco.

Bem por onde começar a descrever porque o filme é ruim, vamos tentar pela história, tipo o filme tem uma história, ele até segue essa história mas ela tem um problema, de achar que alguém está realmente entendendo ela, eu duvido que qualquer pessoa com zero conhecimento sobre os jogos e a franquia consiga entender o que diabos está acontecendo ali e qual a importância de tudo, sério é vazio nesse nível, templários, assassinos, credo, maçã do éden, são só palavras sem explicação nenhuma no filme, as vezes é ruim quando filmes nos tratam como perfeitos idiotas explicando absolutamente tudo que acontece neles, mas também temos o outro lado filmes que acha que somos adultos o suficiente para não nos explicar nada e jogar motivos vazios, tipo estão procurando uma maçã, que não é qualquer maçã é a maçã do éden, mas porque ela é importante, como descobriram isso, ela realmente faz tudo isso que tão falando, o filme parece que não tem lógica. Até mesmo quando o filme retorna ao passado muito pouco é explorado do período histórico da inquisição espanhola, novamente a menos que você seja um historiador e saiba as reais atrocidades que a monarquia espanhola realizou ali você não vai saber o que está acontecendo, se eu falar pra qualquer pessoa que o filme passa nas encruzilhadas e ela assistir o filme vai pensar igual, pois só dar nome as cidades e fazer os personagens falarem espanhol não dá todo o valor histórico que o período possui.

Falta algo muito importante pra história funcionar, contexto, mesmo numa fantasia como a do filme contexto é importante, somente jogar fatos e acreditar que todos compreenderam é uma saída fraca de um roteiro pouco trabalhado, só como exemplo no primeiro jogo que também somos atirados na saga pela busca da maçã, não é tudo explanado de início e a trama vai criando corpo e no fim apresenta um dos finais mais inesperado dos jogos em que você tem a total sensação de que algo completamente deslocado aconteceu ali, o filme não consegue nem por uma fração de segundo trazer esse sentimento, na verdade ele até lhe priva disso, com as explicações vazias do porque fazemos isso, ele não dá espaço para trama evoluir e surpreender.

Certo após a história fraca aí vamos para o próximo ponto, personagens com zero carisma, nesse ponto devo dizer o filme faz um trabalho bem feito pois mesmo com atores do calibre de Michael Fasbender, Jeremy Irons e Marion Cotillard ele não consegue entregar personagens carismáticos, Fasbender tenta ser Cal Lynch, o herói, assassino e protagonista do filme e consegue ser menos carismático do que Desmond o personagem principal dos primeiros jogos da franquia, o alter ego dele Aguilar de Nerha, com poucas frases e que passa todas as cenas pulando e lutando consegue ter mais carisma que Cal, do lado de Irons e Cottilard, eles interpretam o pai e filha, Dr. e a Dra. Rikkin e apesar de tentarem acrescentar um drama e profundidade a trama, ficam como atuações de peso num filme que não funciona, não existe história e pano de fundo para os personagens, problemas familiares e ego são qualidades muito vagas sem um fundo bem trabalhado e no fim não convence, não existe real desenvolvimento dos personagens parece que simplesmente é virado uma chave e suas ações e personalidades mudam.

Ok se a história não funciona e os personagens não apetecem, resta apelar pra ação e aqui não tinha como errar era só seguir a cartilha de tudo que o jogo faz e acreditem o filme faz exatamente isso, muitas perseguições por telhados, alguns combates com vários soldados ali, umas bugigangas pra cá e temos o pacote Assassin’s Creed de ação, não me levem a mal isso não é uma crítica, na verdade é um dos pontos que mais gostei do filme a ação dele, mas ela é tão bem ensaiada, realizada e centrada em determinados momentos do filme que acaba sendo meio plastificada demais parece que são dois filmes distintos. Aproveitando o parágrafo das coisas boas outra coisa bem legal é as localidades, praticamente tudo remete ao jogo quando ele se centra no passado, desde os templos, cidades, castelos, todos remetem diretamente a localidades recorrentes do próprio jogo, mesmo sendo em períodos históricos diferentes então estrelinha de ouro pelo fan service na direção de arte.

Sinceramente senhores o filme não consegue ser bom, de certa forma é uma oportunidade perdida pois a franquia é ótima com uma boa trama que pode ter qualquer momento histórico da humanidade como pano de fundo para ser explorado, mas simplesmente não consegue criar um enredo e personagens envolventes para isso, as vezes fico meio grilado por qual razão jogos não podem ter a mesma adaptação fiel que livros possuem, dificilmente você vê filmes adaptados de livros com toda a liberdade criativa que os filmes de jogo possuem e na maioria das vezes é uma liberdade desnecessário pois o produto original já é bom, sinceramente não me importaria em ver uma adaptação fiel do primeiro jogo por mais sem sal que Desmond/Altair pudessem ser, existia ali um bom enredo, um contexto histórico ótimo e uma trama progressiva, minha sensação com o filme é que o pulo de fé não chegou nem perto de acertar o monte de feno.

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Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.