Até onde vai a sua ignorância

Pra não dizer que não falei sobre racismo

Bruno Deolindo
Na Moita
3 min readJul 5, 2018

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Sabe normalmente eu não faço isso, capitalizar em cima de um tema popular para escrever, mas ei porque não, só dessa vez? E claro irei falar sobre o caso de Racismo atual, mais ou menos, pois talvez não seja nem esse o fio condutor de todo o debate “Nos x Eles” que foi aberto com um mero comentário de um YouTuber (Cociello).

Longe de mim julgar o cara, eu nem mesmo o conhecia antes disso, para vir colocar os dedos no teclado e acender aquela fogueira no Facebook e escrever em caps lock “RACISTA”, até pois o próprio já se retratou publicamente indiferente das causas e teorias que deixo para um episódio aleatório de Arquivo X, foi uma atitude honrosa vir a público e admitir o erro por ignorância e que seus comentários não tinham a intenção que a eles foi atribuído.

Eu sei parece uma desculpa fraca, mas no nosso Brasil de termos técnicos como racismo velado, isso é o mais provável de ser a realidade. Justificável? Não, nunca será, porem perdoável quando se joga luz num tema que sempre está nas entrelinhas, ignorância. Cada vez mais temos nos entregado a ignorância como uma forma de vida, pouco importa saber sobre uma realidade que não é a sua, mais fácil colocar um termo pejorativo, jogar tudo dentro do mesmo conceito, que o problema está resolvido.

Negro correndo = Ladrão

Afinal o problema é desse povo sensível que ainda não superou o racismo, que não tem senso de humor, socialistas e inúmeros etc. não é mesmo? Não o problema não é desse povo que é diferente, do qual é associado a inúmeras situações pejorativas por uma simples diferença de melanina em suas peles. O problema nunca será nossas diferenças e sim a forma como as enxergamos ou deixamos de enxergar, devido a nossa ignorância cega, presa a valores que nem mesmo nos representa.

Somos ignorantes ao que nossas ações causam as pessoas, talvez não sejamos racistas, homofóbicos, machistas e vários tantos outros “istas”, mas se somos definidos por nossas ações e elas são apontadas como isso, quão realmente longe estamos disso? Nos dias de hoje essa ignorância apenas cresce, nesse mundo virtual do qual não conseguimos ver a reação de nossas palavras escritas na tela fria do computador ou celular, não sentimos nosso monitor corar de raiva ou seus olhos lacrimejar quando estamos postando um comentário pejorativo ou preconceituoso, pior se esta ofendendo alguém provavelmente é mimimi, termo atual para frescura.

Porem realmente é frescura se revoltar sobre um comentário, sobre um jovem atleta negro, apontado como uma das grandes revelações do futebol mundial, brilhando no evento de maior destaque do mundo, ser visto apenas como nada além de alguém com vocação para ladrão na praia?

Negro correndo ≠ Ladrão

Piada inocente, deslocada, ignorante e tudo mais, mas que traz uma verdade meio dura por trás disso tudo, como nos instintivamente e ignorantemente nos posicionamos a certas situações, como propagamos e batemos palmas para certos valores que juramos de pés juntos que nãos nos definem, mas somente ver uma situação que lá estamos, de novo presos em nossa ignorância e rápido preconceito.

Talvez esteja na hora de nos despirmos dessa corriqueira ignorância e aceitarmos nossos atos, pois até onde será justificável essa nossa ignorância.

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Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.