Buscando…

Ainda existe espaço para inovação no cinema

Uma das coisas mais legais do cinema e que as vezes esquecemos um pouco com tantos blockbusters por aí, é quão experimental ele pode ser as vezes. Mesmo a sétima arte sendo algo com anos de estrada, ainda temos a possibilidade de ver novas ideias e conceitos presos a uma narrativa entregando algo novo e de qualidade.

Buscando… é o novo exemplo disso, um filme na falta de adjetivo melhor brilhante, que consegue capturar todo o conceito social da Internet atual, com uma trama envolvente, numa roupagem inovadora, estranha e cativante.

O ponto mais forte e proeminente do filme inteiro é como ele se desenrola, quase tudo através da tela de um computador, sim é muito estranho, mas é uma dinâmica tão bem executada que vale o ponto da genialidade do filme, todas as cenas envolvendo os atores do filme são capturadas por filmagens de celular ou webcam. De certa forma se assemelha muito à um filme no estilo de filmagens caseiras, algo como a Bruxa de Blair, Atividade Paranormal ou Cloverfield para citar alguns, porém com esses elementos de PC como diferencial.

Se a forma como o filme é proposta vale pela genialidade, o charme do filme é exatamente o de abusar desse conceito de filmagem na construção de sua narrativa, pois o filme utiliza os computadores, internet e redes sociais de uma forma brilhante e simples, seja por uma pesquisa no Google, um vídeo no YouTube, um e-mail no Gmail, uma conversa pelo iMessage ou um simples v-card no Windows XP, tudo tem um motivo e ajuda na construção da narrativa, nada está lá por acaso ou é usado de forma leviana, servindo na construção dos personagens e da trama em si.

Narrativa essa que acompanha a saga de David Kim, na busca incansável por sua filha adolescente Margot, desaparecida recentemente. Para descobrir o paradeiro da menina ele começa a investigar a vida digital dela, tentando recriar seus últimos passos e acaba descobrindo inúmeras segredos dela, mostrando o quão desconectado e ausente um pai pode ser da vida de seus filhos nos dias de hoje.

O filme além dessa leve critica a forma como os pais participam da vida digital dos seus filhos, também traz outra crítica à forma como os casos viralizam na rede e a postura dela frente a eles, trolls, memes, aproveitadores, teorias, julgamento digital e etc. sendo um bom exemplo de como as pessoas se relacionam na internet hoje em dia.

Buscando é um belo suspense conseguindo com seu formato inusitado capturar a atenção do espectador, construído dentro de um mundo crível e tecnológico, tendo seus impactos e distanciamentos como pano de fundo e com um vital questionamento sobre o comportamento digital das pessoas. Um filme surpreendente mostrando que mesmo num mundo de filmes e franquias conceituadas e endinheirados ainda sobra espaço para boas ideias florescerem e surpreenderem.

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