Defensores

Nem tão Unidos, mas divertidos

Bruno Deolindo
Na Moita
3 min readSep 1, 2017

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Crossovers ou abrasileirando, encontros, sempre é algo bacana, ver o personagem A interagindo com o personagem B, pois cada um tem sua personalidade, objetivo e jeito de ser e é nisso que basicamente se apoia Os Defensores, nova serie do Netflix/Marvel que junta os distintos Demolidor, Jéssica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro. Todo o charme da série se baseia exatamente na interação e formação desse agrupamento de herois diferentes, meio que é pré-requisito ter assistido as séries solos de cada um até para entender o que move cada um deles e mais ainda a explicação do estado de espírito atual de cada um, pois os heróis se encontra num momento único do fim das suas séries, alguns a deriva, outros nervosos, outros orgulhosos e a série não é simplesmente uma antologia que puxa magicamente os personagens de seu universo coloca eles juntos e depois os devolve sem sequelas para seus respectivos lugares, aqui não as séries se encontram seus personagens de apoio se interagem, seus universos se chocam e deixam a dúvida de como iram seguir suas histórias após esse evento.

Interação é a palavra da vez aqui e a série passa bem a ideia, nos seus primeiros episódios é como se você estivesse acompanhando um episódio da própria série de cada um, seja pela paleta de cores, trilha sonora e etc, parece que você acabou de ver o fim de temporada de uma das séries e está iniciando uma nova temporada cada um no seu pocket universo lidando com os seus casos que obviamente estarão interligados e quanto as conexões acontecem e o "time" se assembla definitivamente não dá certo, fica um ar de estranheza no ar e farpas para todos os lados e a série lida com isso da forma mais pacificadora possível, deixe a treta rolar e assim vai indo personagens completamente diferentes interagindo, ideais colidindo e a formação de um time nada unido, nem funcional mas extremamente divertido.

O que mantém esse clima de diversão é ver o quão diferente seus heróis são, temos um Advogado/Ninja Cego e neurótico, uma Investigadora/Bêbada e sarcástica, um Ex-presidiário/Herói e idealista e um Playboy/Mestre do Kung-fu e infantil, obviamente a sinergia deles é complexa para não dizer inexistente, mas mesmo assim funciona inacreditavelmente bem, ao invés de vermos aquela clássica união que gera um desconforto no início e depois os personagens estão quase completando a frase um do outro, Defensores vai por outro caminho os heróis se estranham do começo ao fim, brigam discutem, não concordam e no fim aparentam ter um laço muito mais forte e real, quase como a fórmula das melhores amizades.

Se os heróis são algo divertido o mesmo não se aplica aos vilões da série, The Hand infelizmente não entrega, se tinha algo que as séries da Marvel vinham fazendo bem era entregar o que os filmes tem penado, vilões complexos e interessantes que conseguiam fazer um bom contra-peso as partes heroicas e aqui por mais que Sigourney Weaver tente sua personagem Anastácia é rasa, com uma motivação ok, mas nada além disso e no fim as motivações e planos dos vilões é coloquial e não saem do lugar comum, uma pena visto o quão mistériosa a organização vinha se mostrando entre os universos compartilhados das séries.

Defensores talvez não tenha o mesmo peso que os irmãos mais famosos, Vingadores, tiveram quando se unirão, mas consegue ser tão divertido quanto, mesmo com um plot ok, vilões nem tão ok e heróis em constante desarmonia, a série no final trás um produto bom, que deixa você ansioso por uma futura união do "time".

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Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.