Dunkirk

Bruno Deolindo
Na Moita
Published in
3 min readAug 2, 2017

E o Oscar vai para... É senhores certos filmes já veem com o cheirinho de Oscar no ar, algumas produções são feitas para agradar os velhos senhores de pouca visão do Oscar, nem sempre isso quer dizer que sejam ótimos filmes, mas não sejamos maus perdedores aqui, existem filmes nessa classificação "feitos para ganhar Oscar" que são excelentes e Dunkirk é uma prova clara disso, talvez não tenha uma história fantástica, que possa sustentar um Oscar de melhor filme do ano, nem atuações magneticas para levar prêmios individuais, mas em todas as outras categorias técnicas ele beira a perfeição, uma trilha sonora afiada, uma direção de arte linda e uma direção imponente de Christopher Nolan, o futuro melhor diretor de 2017. Sei parece meio exagero falar em Oscar estando apenas em Agosto, mas é inevitável não sair do cinema e pensar esse filme merece Oscares, isso mesmo plural não um ou dois, vários, pois tecnicamente ele é brilhante e emocionalmente muito bom.

Que Christopher Nolan é um ótimo diretor isso todos nós sabemos mas Dunkirk talvez seja a maior concretização disso, todos os filmes passados dele sempre tiveram tudo que Dunkirk tem, ótima trilha sonora, ótima direção de arte e etc. mas tambem tinham um outro fator que ofuscava um pouco disso ou melhor dívidia as atenções, atuações brilhantes, pode nomear, Heath Ledger, Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Matthew McConaughey, todas belíssimas e magnéticas atuações que ofuscaram um pouco a mão e o brilhantismo de Nolan, não que em Dunkirk não exista boas atuações, existem sim e são muito pertinentes ao filme, mas aqui ele voa solo. Sejam shots perfeitos de perseguição de aviões sobre os mares, enquadramentos e todas as tecnicalidades a mais elas são muito bem feitas e aí unido a tudo que ele domina em seu repertório, se torna mais um ótimo filme com o selo de um dos melhores diretores da atualidade.

Na questão de história Dunkirk ela é simples e direta, sem muitos rodeios, reviravoltas e etc, pode parecer meio broxante falar que a história é ok, mas isso não é um problema, pois é um meio para um fim que é impactar a todos, a história retrata a Operação Dínamo que no meio da 2° Guerra Mundial resgata mais de 300.000 mil soldados da cidade do título na França. Como falei trama simples objetiva que poderia ser mais um filme de guerra qualquer, mas ele trás seu próprio sabor ao gênero, filmes de guerra normalmente trazem aquele padrão de dor, sofrimento, desespero, honra, camaradagem, esperança e outras coisas a mais, mas esse foi o primeiro filme que vi trazer vergonha, não vergonha pelo seus atos, mas sim vergonha pela derrota, não vemos soldados no front de batalha, enlameados, sangrando, dilacerados, gritando, muito pelo contrário vemos figuras tristes, envergonhadas, derrotadas, esperando sua oportunidade de voltar para casa, esse é um aspecto que sinceramente nunca tinha visto num filme de guerra antes e completando isso entram as atuações pontuais, como falei sem um magnetismo mas ideais para o propósito, de pessoas tentando voltar para casa e outras tentando realizar isso, assim o filme vai mesclando esse sentimento novo com os padrões rotineiros pelas praias francesas e criando um filme emotivamente diferente dos demais. Até mesmo em sua ação o filme é diferente, não possui ações gigantes de explosão, tiroteios e etc, é uma ação muito mais pessoal e contida, sem ter que apelar a ser visceral, mas extremamente atraente.

Naquele padrão de filmes pensados para premiações Dunkirk larga a passos largos na frente ao trazer uma história simples que emocionalmente consegue sair do lugar comum com uma direção sólida de um diretor brilhante.

--

--

Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.