E daí que é Fake News?

Bruno Deolindo
Na Moita
Published in
5 min readSep 25, 2018

Cara eu sou uma pessoa que sempre vou tirando um pouco de inspiração para exercer um pouco de escrita dos pormenores da minha vida, não que ela seja sempre agitada e nem que me ache um super escritor, mas é divertido sentar e analisar aquelas discussões aleatórias dos grupos que participo e usar elas como pano de fundo para alguns textos, também não sou nenhum psicólogo, sociólogo nem nada requintado nesse nível, para bater no peito sobre minhas analises da vida, diria que sou apenas um observador do caos que ela é em todos os seus níveis e veja só por viver nela acho que me credita o suficiente a escrever uns paranauê sobre ela em geral.

Se concorda com a pequena introdução, bora a um assunto polêmico. Nada atualmente gera mais assunto polêmico do que as famigeradas Fake News, para quem mora na caverna e não conhece o termo o tio explica:

Fake = falso / News = noticia

Bem simples de entender né, notícias falsas e apesar de o termo em inglês dar aquela sensação de coisa atual, dar notícias falsas é algo tão antigo e enraizado como falar que o cachorro comeu o rascunho desse texto, sim nos seres humanos mentimos independentemente do tempo verbal que queira conjugar, é algo enraizado em nosso DNA, nós já mentimos, estamos mentindo ou iremos mentir.

A intenção aqui não é julgar ninguém, mas só lembrar que mentir é algo normal e existente em nossa sociedade, as pessoas mentem por inúmeros motivos e novamente não estou afim de qualificar e julgar elas. Mas algo que é meio estranho nos tempos de hoje e aí talvez o termo atualizado Fake News até tenha seu valor, é que se antigamente ninguém acreditava no pobre Joãozinho falando que o cachorro comeu sua lição de casa, por qual razão as pessoas hoje em dia não só acreditam tão fielmente em mentiras tão descaradas, como ainda propagam a pobre situação imaginaria do Joãozinho? Para mim isso se baseia em dois fatores bem importantes modernidade e identificação.

Modernidade

Não eu não acabei de sair da caverna e me deparei com o mundo moderno, mas é meio chocante como as vezes a gente não leva em consideração como o mundo mudou ao nosso redor, a tecnologia mudou muitas coisas em nossa vida e na sociedade, a velocidade que as informações chegam e nosso acesso a elas hoje é diferente.

Antigamente éramos obrigados a ouvir inúmeras músicas no rádio e esperar horas para ouvir aquela música favorita, ou estar presente num horário especifico para ver a novela, hoje não é mais assim, quer ouvir uma música abre um serviço de streaming, quer assistir algo abre outro serviço de streaming. Nesse mundo de praticidade estamos caindo na armadilha de uma bolha social, onde apenas vemos o que gostamos e ignoramos o resto, meio que fechando a porta as novas experiências que não era o que a gente queria mas apareciam por ali e podiam agradar.

As notícias têm seguido o mesmo ritmo, se a sessão de esportes sempre era mais importante para você no jornal da noite, pelo menos tinha que se esperar chegar nela passando por outras matérias que poderiam capturar sua atenção, hoje em dia não, se pula direto ao que lhe interessa. Pior ainda é quando se pensa que tudo está tão acessível e imediato, que as informações chegam antes dos fatos, até por isso hoje muito se fala que vivemos no mundo da pós-verdade, onde julgamos as informações primeiramente por nossa percepção da realidade do que pelos fatos comprovados dela.

E exatamente o que compõe algo ser uma notícia é a veracidade dela, poder comprovar que tal situação é verdade, afinal como já falei anteriormente as pessoas mentem e não devemos acreditar fielmente em tudo que é divulgado sem uma real comprovação, mas quando temos essa fome pelo conteúdo que nos é ideal, se esquece desse ponto.

Identificação

Nesse roteiro de facilidade de acesso a informação que falei e bolha social chegamos ao fator do porque nesse mundo moderno o que um dia era só um boato é divulgado com força de verdade nas redes sociais. Identificação, se você só vê o que gosta, quão longe está de divulgar também somente o que gosta?

Muito pouco acredito, se algo lhe agrada com certeza merece ser repassado, principalmente para as pessoas que compartilham sua visão, afinal se o Joãozinho que também gosta está falando é verdade então bora mandar para a Mariazinha e assim o ciclo vai indo e o que era boato se tornou verdade mesmo sem comprovação.

Esse é justamente o golpe das Fake News, no qual a pessoa que está divulgando a notícia se torna a validação da mesma, afinal conheço Joãozinho a tanto tempo e somos tão parecidos ele não mentiria para mim? Assim o que disse lá no começo desse texto, que as pessoas mentem, nem passa pela cabeça do receptor e provável reprodutor dessa matéria.

E a menos que essa notícia venha na contramão dos valores e gostos pessoais ela nunca será questionada, a informação em nosso mundo moderno vem antes dos fatos e temos a tendência de criar nossos próprios fatos a ela para adaptar a nossa realidade e talvez seja muito tarde quando os fatos reais chegam.

E agora que sei que é Fake News?

Sabe a parte mais difícil de tudo que disse acima é formular uma resposta para o que as pessoas devem fazer para combater a divulgação de Fake News, pois apenas pontuar que elas devem questionar mais o que veem já deveria ser senso comum, mas não vou ser hipócrita as vezes existem mentiras que bem que poderiam ser verdades.

Talvez mais do que ir além desse básico de promover o questionamento, seja o de abrir horizontes, quebrar essa bolha da verdade absoluta que cada vez mais vai nos definindo, pois atualmente de que adianta saber que algo não é verdade se a mentira lhe satisfaz mais do que a verdade.

Gostou do texto? Então da uma moral e deixa umas palmas ai pra mais gente ler e também curtir

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Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.