Homem-Aranha — De volta ao lar

As vezes subtítulo importa

Bruno Deolindo
Na Moita
4 min readJul 14, 2017

--

Sabe nunca imaginei quão presunçoso o subtítulo do novo filme do Homem-Aranha era até assisti-lo, sinceramente não conseguia fazer a conexão do subtítulo com o filme, pois vivemos num país que subtítulo normalmente não faz alusão a nada como os genéricos, Retorno, Vingança, Origem e etc. que passam na sessão da tarde, normalmente são só palavras colocadas após o título para mostrarem que são diferentes dos anteriores, mas no meio do filme consegui entender o porquê de ser “De volta ao Lar” e mais ainda quão arrogante foi a Marvel em escolher esse título para esse filme, citando uma teoria que li uma vez em um manga a arrogância e um dos três pilares do sucesso e sem sombra de dúvida o filme do cabeça de teia da Marvel é um sucesso não só o melhor filme já feito do personagem como também uma das melhores interações dele em qualquer mídia, seja jogos, desenhos e etc.

Arrogância, normalmente a palavra carrega um teor pejorativo, porem arrogância pode ser também lida, como confiança ou excesso dela e aí se torna uma palavra aceitável, mas não vamos ser politicamente corretos aqui a Marvel não escolheu esse subtítulo atoa e por mais que ele até faça sentido dentro do contexto e história do filme, ao trazer um Peter Parker de volta a rotina de um estudante normal após os eventos de Capitão América — Guerra Civil, nos padrões brasileiros um simples subtítulo tipo, O Retorno, resolveria bem, tem muito mais por trás disso, aquela provocação velada de afirmar que enfim o personagem está voltando ao lar e que aqui sabemos o que fazer com ele, a arrogância de quem sabe o que faz , que sabe seu potencial e capacidade para adaptar bem suas obras, que entende o DNA de seus produtos e que modéstia parte sabe que faz melhor que os outros.

E assim é o filme do Homem-Aranha diferente das outras versões cinematográficas, sai o nerd, gênio, amigão, emo, estranho, romântico e entra se o Loser (perdedor), um cabeça de teia gente como a gente, sofredor, atrapalhado, ingênuo e infantil, uma vertente muito diferente das outras, comum nas HQ’s mas completamente ignorado nos filmes chega até a ser engraçado imaginar que mesmo sendo o Sexto filme envolvendo o personagem ainda existia uma vertente pouco explorada dele.

O segundo pilar para o sucesso é o Trabalho, afinal não adianta ser confiante do seu potencial, você definitivamente tem que fazer as coisas melhores que os outros e para isso trabalhar, preciso é, já dizia Yoda e cara como a Marvel trabalha bem, o filme é extremamente divertido, suas piadas possuem um timing perfeito e não são repetitivas, ele também retrata bem as questões escolares, seja pelo bulliyng, pela brodagem, pela crush , ou pelos pais, nesse caso tia superprotetora, tudo remete bem aquele filme com pinta de High School Music, porem que sabe ficar serio e tratar algumas situações de forma bem adulta, além disso ele ainda possui ótimos efeitos especiais e cenas de ação como todos os outros do estúdio e uma trilha sonora muito boa que tem começado a virar praxe nos filmes da casa das ideias.

Outro aspecto bem legal no filme é que ele não cai no lugar comum das histórias do Homem-Aranha do discurso de com grandes poderes vem grandes responsabilidades e etc, nem todo o melodrama chamado Tio Ben, aqui ele retrata um elemento bem mais atual na vida dos mileniuns, essa geração nascida dos anos 2000 pra cá, que é a busca pelo reconhecimento, temos um Peter Parker muito mais focado em conseguir o reconhecimento seja de seu mentor Tony Stark ou dos seus amigos do que preocupado com suas responsabilidades, mas que pouco a pouco vai evoluindo e se auto reconhecendo e assumindo suas responsabilidades como o amigo da vizinhança

E aí temos o terceiro pilar para o sucesso, a sorte, pois não adianta ser arrogante e acreditar que tudo seu é melhor do que a concorrência ou ser trabalhador e se esforçar para que faça sempre o seu melhor se não existir sorte, aquele fator imprevisível e inesperado, porém parafraseando Sun Tsu, a Sorte favorece o preparado e nesse ponto o preparo e visão da Marvel para casting é insano, parece mágica, alinhamento planetário ou qualquer outra crendice, mas ela sempre escolhe os atores perfeitos para seus papéis, mesmo sendo completamente improváveis ou criticáveis de início, Tom Holland é só mais um no mar de acertos do estúdio, que de início parecia não se encaixar no universo da Marvel por ser um adolescente, mas que mostra seu valor, seja pelas caras e bocas ou até pelos momentos irritantes que o Spidey proporciona falando sem parar, ele acaba sendo extremamente fiel a sua versão desenhada, porém não só o intérprete do cabeça de teia manda bem o resto do elenco de apoio também, proporcionando uma boa interação com o personagem principal, Michael Keaton traz um ótimo vilão, mesmo o Abutre sendo um vilão quase C dentro do universo do Homem-Aranha, a adaptação dele ficou muito boa e por mais que ainda não seja um vilão tão memorável como os vistos nas series da Marvel/Netflix, não é esquecível como todos os outros que têm aparecido nos filmes da MCU.

Como falei a Marvel leva a trindade para o sucesso ao pé da letra, uma arrogância saudável, de quem confia e sabe seu potencial, um trabalho excepcional de quem conseguiu analisar tudo que já foi criado para o personagem e achar o que poderia ser criado de diferente do mesmo e a sorte de sempre realizar as boas escolhas nos fatores que compõe um filme, diretor, atores, trilha sonora e todos os etc. possíveis, fazendo realmente valer a frase de que não há lugar melhor do que nosso lar.

--

--

Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.