Jogador N° 1

Enfim o filme que todo Gamer merece

Sabe acho que atualmente estamos vivendo o sonho, um mundo em que minha cultura não é só mais minha e sim de todo mundo, que aquela criança presa no seu mundo, vê seu mundo se tornando o mundo de todo mundo e vê que no final ela nunca esteve realmente presa, só algumas fases na frente de todo mundo.

Pode parecer exagero, mas essa foi a sensação que sai do cinema após ver, Jogador N° 1, novo filme de Steven Spielberg. Parece uma introdução exagerada, mas não é, pois se tem algo que importa é representatividade, talvez a palavra do ano, após a pedrada sobre empoderamento que foi Pantera Negra, esse filme me fez sair com o mesmo sentimento de orgulho, ao ver minha cultura ali tão bem retratada, não de forma pejorativa e superficial, sendo apenas um caça níquel as pessoas como eu, os famigerados Gamers e Nerds, nem também de forma zelosa demais ao não expor os problemas e riscos dessa comunidade, sinceramente talvez nunca imaginei que iria sair com essa sensação após ver um filme de jogo.

Falar que esse filme é o melhor filme inspirado em jogos, mesmo não sendo uma adaptação de um, talvez não de o valor necessário a ele, já que não existem tantos expoentes de qualidade assim nesse nicho, a verdade é que esse é um ótimo filme e ponto. Depois de tantas tentativas, talvez tenha assistido o primeiro filme que a temática de um videogame funciona brilhantemente bem, com uma história divertida, um bom desenvolvimento, fantásticos efeitos especiais e uma série insana de referência.

Referências não só a jogos, mas a tudo que compõe a cultura pop no qual os jogos estão inseridos, você vai ver ou não, referências a filmes, séries, músicas, desenhos, animes, HQs, livros, sinceramente são muitas, numa expressão que não é minha mas faz muito sentido é o Apocalipse de Referências, o verdadeiro charme do filme é ficar caçando elas durante toda a sua exibição e ficar discutindo com as pessoas se elas se atentaram a esse ou aquele pequeno detalhe, a parte social após o final do filme é algo bem legal de se fazer.

Mesmo sendo esse surubão das referências o filme funciona bem, cada pequena referência harmoniza bem com o universo do filme, que se passa num futuro próximo onde um jogo de realidade virtual se popularizou entre as pessoas, o Oasis, que dá a possibilidade de você ser quem e o que você quiser nele, com inúmeras atividades e utilidades. Quando o criador desse jogo, Halliday, morre ele cria uma serie de 3 desafios secretos no jogo e o primeiro a conseguir encontra-los e completa-los terá o controle do jogo e também suas ações majoritárias na empresa criadora dele e como basicamente o mundo inteiro não só joga como é incrivelmente viciado nele, possivelmente o controle do mundo.

Dentro dessa possibilidade de se tornar literalmente King of the Hill, as pessoas se aventuram em encontrar e completar esses desafios, nisso encontramos o nosso personagem principal, Wade Watts, nickname Parzival, um garoto comum, um jogador comum, que adora o trabalho de Halliday e assim como o resto do mundo está desde a morte dele tentando descobrir e completar os desafios, Parzival é quase um gente como a gente, nerd, um jogador pouco melhor que a média, inocente e sonhador, porem ao descobrir o segredo para a vitória do primeiro desafio, se vê atirado numa trama de conspiração corporativa que mostra que o Oasis não é só um jogo.

Toda essa trama é muito bem conduzida, nunca se tornando um filme chato de assistir, ao sempre contar com momentos de humor, com uma prestação de homenagens bem pontuais e claro abusando das ótimas cenas de ação e efeitos especiais, não tem como não surtar com algumas sequencias envolvendo personagens tão queridos no arco final do filme por exemplo, ou não se surpreender com algumas referências até inesperadas.

O filme tem toda aquela vibe de aventura de sessão da tarde, trazendo até aquela bela lição moral ao final, que serve ao mesmo tempo como uma crítica como um reforço a tudo que é possível conquistar no mundo dos jogos. Jogador N°1 sinceramente é o filme que todo o gamer esperou a vida toda para ver, um filme que presta uma homenagem a toda uma cultura, que joga algumas luzes tanto em suas qualidades quando suas fraquezas.

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