Punho de Ferro — 2° Temporada

Aprendendo com os erros

Bruno Deolindo
Na Moita
4 min readSep 17, 2018

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Aí está algo que vai ser difícil de convencer, mas a segunda temporada de Punho de Ferro é legal, não é brilhante, mas perto do desastre ambulante e sonífero que foi a primeira temporada, saiu algo até divertido de assistir, com uma trama melhor, personagens melhores, mais ação e que resolveu muito dos seus problemas. E consegue terminar até gerando um pouco de ansiedade para uma possível terceira temporada do show menos querido do MCU no Netflix.

Muito dessa melhora da série vai especificamente por se desvencilhar de tudo que não funcionou na primeira temporada, coisas como as tramas empresariais das indústrias Rand, foram embora, no máximo existe uma referência aqui ou ali, mas nada que se prenda por sofríveis 13 episódios, sem jogos políticos e blablabla.

Nada de trama lenta que apresenta milhares de situações e vilões, deixando meio sem sentido tudo, sem apelar para plot twists fracos e previsíveis, dessa vez tudo gira entorno do poder do Punho de Ferro, em momento nenhum a serie esconde essa trama, ela se agarra a ela e não tenta ser nada mais do que deveria e de certa forma acerta bem o tom, sendo uma temporada tratando muito mais sobre responsabilidades, escolhas e objetivos.

Outro acerto que parece até um pedido de desculpas é que Chinatown agora parece Chinatown, parece algo bem bobo, mas em uma serie que deveria envolver muita cultura oriental, ela ficava presa apenas ao Chikara Dojo como referência disso, dessa vez a trama envolve o bairro, existe mais personagens nele, outras localizações e ele parece mais vivo, não como o Harlem de Luke Cage, mas com uma representação muito melhor.

Dessa vez existe muito mais lutas que antes, isso era algo que me irritava muito e causava um certo desanimo e questionamento na primeira temporada, como uma serie baseada em Kung-fu podia ter tantas poucas lutas assim? Era bizarro, mesmo que muitas das lutas coreografadas na primeira temporada sejam algumas das melhores que o pocket universe da MCU no Netflix tenha a oferecer, a ausência de um misero quebra pau em episódios causava uma estranheza absurda pela natureza da série. Dessa vez eles resolveram isso e por mais que a qualidade dessas lutas tenha sido levemente reduzida se tornou algo mais coeso.

Uma boa mudança também envolve os personagens, Danny Rand enfim é alguém suportável, por mais que ele seja o protagonista era difícil ver ele em tela, chato, deslocado, mimado, indeciso e recheado de filosofias e clichês baratos e não aplicáveis, porem dessa vez ele melhorou e muito, um pouco em tese pelos acontecimentos de Os Defensores, ele ganhou um pouco mais de foco, até suas filosofias de biscoito da sorte estão melhores e mais aplicáveis, se tornando mais maduro e realista, ouso dizer que ate a atuação de Finn Jones esta melhor.

Porém o mais divertido é que mesmo com toda essa melhora do personagem uma das melhores escolhas dessa temporada e deixa-lo de lado um pouco para focar no desenvolvimento de Colleen Wing, se havia algo que salvava um pouco da primeira temporada era justamente o carisma da personagem, é engraçada toda a trajetória da moça de sensei e recrutadora do Tentáculo, a inimiga da mesma organização que a acolheu quando pequena, para namorada de um herói e todos os percalços que a seguem nessa temporada, realmente ótima escolha.

Ainda nos elencos a serie ganha um belo reforço com a presença da Detetive Misty Knight de Luke Cage e a ótima adição da multifacetada Mary Walker, até mesmo os irmãos Meachum estão um pouco mais suportáveis, Ward que era um misto de bons e maus momentos, vive alguns momentos mais profundos e interessantes nessa temporada, mesmo sendo alguém que bate a temporada inteira na mesma tecla e Joy, bem ainda é a Joy, mas tem um arco mais relevante, o vilão, único dessa temporada, também é alguém que mesmo com um objetivo sem sentido, acredita fielmente nele e consegue ser bem construído em sua insanidade.

No geral Punho de Ferro tinha a responsabilidade de entregar muito mais do que fez na sua primeira temporada e faz dentro do possível um bom serviço, acertando todos seus aspectos negativos, até mesmo no número de episódios ao reduzir de 13 para 10 o nível do lenga-lenga para termos um desfecho mais aceitável, deixando de ser aquela serie obrigatória a assistir mesmo com muito penar para conseguir entender o universo Marvel do Netflix, para uma distração legal com lutinha.

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Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.