Rua Cloverfield 10

Um ótimo suspense.

Bruno Deolindo
Na Moita
3 min readApr 13, 2016

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Como já virou rotina, lá vai meus pensamentos sobre alguma coisa, dessa vez sobre o melhor filme que vi no ano até aqui, Rua Cloverfield 10, nome estranho, ótimo filme e logo adianto o melhor do filme é o seu mistério a respeito de toda a trama até mesmo os trailers não revelam muito, coisa que nos dias de hoje é raro já que os trailers são os filmes, então caso queira ter ainda esse sentimento de mistério ao ver o filme deixe para ler essa previa depois de assistir.

Ok, viu o filme? Não, certo vou tentar conter os spoilers o máximo possível e falar o mais abstrato possível sobre o filme.

Rua Cloverfield 10 é uma continuação, universo paralelo, outra roupagem, sinceramente não sei descrever a real relação dele com o filme Cloverfield, o Monstro, lançado em 2008, dirigido pelo genial JJ Abrams, que dessa vez apenas assina na produção, continuação de um filme um tanto desconhecido mas que figura no meu hall da fama dos melhores filmes de monstro, junto com cults como Alien e Olhos Famintos, porem mesmo sem a relação visível da história dos filmes muito dos elementos que me fizeram gostar muito do primeiro filme estão nesse, apenas para spoilar o primeiro filme, ele se situa em Nova York e tem toda sua história centrada no meio de um ataque de uma criatura a cidade, porem ao invés de cobrir todo o ataque da criatura, ele se centra em três personagens atravessando o caos da situação por um motivo bem banal e vai nos dando pouco a pouco um entendimento do que realmente está acontecendo na cidade, filmes que são envolto em mistério normalmente me apetecem bastante e nessa nova interação dessa franquia Cloverfield o sentimento é o mesmo você é atirado numa situação com um suspense gigante e vai descobrindo junto com os personagens o que realmente está acontecendo.

Falando agora sobre o novo filme da forma mais abstrata possível essa nova interação se centra também em três personagens dessa vez “alocados” em um bunker, sem um real conhecimento do que está acontecendo na superfície, cada um com seu motivo para estar ali e até certo ponto divergente um do outro, todo o enredo do filme se desenrola desse fator, diferentemente do primeiro filme em que os personagens vivem num estado de fuga da realidade numa cruzada um tanto improvável, nesse os personagens mostram uma outra faceta da humanidade numa adversidade, questionamento, todo o suspense do filme se gera nisso nos questionamentos sobre a real situação ou sobre a real motivação das ações dos outros personagens, devo dizer todo esse suspense é tão bem construído e envolvente que realmente te faz se sentir no papel dos personagens.

Falando em personagens devo dizer que a atuação do enxuto elenco de três pessoas do filme é muito boa, John Goodman o famoso Fred Flintstone do não tão famoso filme Os Flintstones, dá um show de atuação no papel de Howard, o personagem mais emblemático de todo o filme, além disso contamos com boas atuações dos outros dois atores do filme até então desconhecidos Mary Elizabeth Winstead e John Gallagher Jr. mostrando que não é necessário um elenco com atores cheios de renome, caras e bocas para se criar um bom suspense.

Porém um fator que deve ser muito elogiado no filme é o som, ele é o filtro de toda a pressão psicológica da película, desde a trilha sonora ou a ausência dela tudo é tão bem construído que cria uma tensão gigante até mesmo nos menores momentos do filme, como a queda de um parafuso que te transporta para aquele bunker, abafado, isolado em que cada pequena, ação ou som tem um peso gigante.

Sinceramente Cloverfield é um ótimo filme, um daqueles clássicos e ate mesmo raros filmes underground, inesperados envolto em tanto mistério que ate mesmo seu anuncio se deu a menos de três meses antes do lançamento, que talvez vá se valer muito mais do boca a boca do que uma campanha de marketing pesado para levar as pessoas ao cinema, sendo que deve ser assistido de preferência no cinema onde o ponto forte do filme o som é mais acentuado, que possui um suspense bem idealizado em que cada ação, questionamento, suposição dos personagens é bem construída e envolvente, que não se revela por inteiro nem mesmo no seu fim.

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Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.