Star wars: Os Últimos Jedi

Um filme bem surpreendente

Bruno Deolindo
Na Moita
4 min readDec 14, 2017

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Caso você não tenha assistido Star Wars episódio 8, pare de ler agora, sério mesmo pois por mais que tente não soltar spoilers nos meus textos é impossível não estragar um pouco da surpresa do filme e cara como ele é surpreendente!

Continua aí? Beleza vamos lá então falar da nova instância do universo Star Wars, Episódio VIII: Os Últimos Jedi, que já adianto é um ótimo filme porém provavelmente vai gerar uma bela polêmica, porque a forma como tudo acontece no filme é extremamente fora da caixinha por assim dizer é estranho falar que no 9° filme de um universo bem consolidado e coisa e tal, ele seja o mais diferente de todos, a sensação é que toda a fórmula de como são feitos os Star Wars, indo pelo aquele conceito de jornada, descoberta, desenvolvimento, senso moral, romantização, bem e o mal, grandiosidade e etc. todos esses padrões foram remodelados, a forma como eles são atacados no filme é muito diferente do padrão dos outros filmes. Dessa mudança de estilo vem a polêmica que citei, pois se no Episódio 7 nos foi entregue tudo que desejávamos de um Star Wars, ao ponto das pessoas acharem o filme pouco original e um tributo um tanto quanto cópia do Episódio 4, nesse Episódio 8 temos a entrega de algo que não esperávamos e que abala um pouco as estruturas da franquia e cada um vai acabar avaliando de uma forma diferente, eu achei excelente e sai do cinema realmente surpreendido com o que eu vi, um filme com uma grandiosidade de roteiro enorme, com ótimas interpretações e que não usa a ação como muleta como tem acontecido com os blockbuster da atualidade, mas fãs mais puristas podem sair com uma visão completamente diferente.

É quase impossível falar da história sem soltar detalhes um tanto quanto críticos do filme, pois o próprio enredo do filme é diferente do tradicional, o normal da franquia é ser um filme mais pausado no seu próprio ritmo, com aquele senso de jornada que vai incorporando pouco a pouco, esse não é assim ele é rápido, intenso, com um senso de urgência até pela situação que tudo se desenrola é uma proposta diferente para a franquia, no qual as situações vão encaixando uma encima da outra, sem deixar um certo fôlego para absorver. Mas enfim falando resumidamente do enredo o filme começa exatamente de onde parou O Despertar da Força, último filme da franquia, com Rey se encontrando com Luke Skywalker e tentando trazer a lenda de volta para ajudar na luta contra o lado negro, enquanto isso o confronto entre os Rebeldes e a Primeira Ordem escala, e os vilões iniciam um ataque que põem todo o futuro da resistência em xeque. A trama descrita assim parece um belo filme sessão da tarde mas funciona muito bem, fiquei com a impressão de realmente estar assistindo ao meio de uma grande história no qual todas as peças já foram devidamente apresentadas e aqui a intenção é apenas de preparar o terreno e criar o clímax para o grandioso capítulo final, até nesse sentido o filme acaba perdendo um pouco da sua grandiosidade própria para engrandecer o futuro Episódio 9, não que ele seja desprovido de momentos épicos, mas ele realmente atiça a imaginação para como tudo vai se desenrolar no final.

Se o filme não se engrandece a todo momento como um Star Wars ele é um gigante no desenvolvimento de personagens, se Han Solo havia iniciado o processo de ser uma ponte e mentor dos novos protagonistas da franquia, os irmãos Skywalkers, Luke e Leia, levam isso a um novo patamar, é incrível ver as atuações de Mark Hamill e Carrie Fisher, desconstruindo toda a ideologia e conceito de lendas e heróis que os próprios filmes criaram e tentando passar a sabedoria de suas vivências aos seus pupilos e o filme não para em momento nenhum de desconstruir os conceitos da própria franquia, até mesmo personagens com DJ, interpretado por Benicio del Toro, questionam o que é ser o mocinho e o vilão em seus diálogos transformando todo o filme em belos debates ideológicos e fugindo da romantização clássica de Star Wars em poetizar a luta, temos também a possibilidade de conhecer um pouco mais sobre Snoke que é um vilão bem ameaçador e muito mais incisivo que Darth Sidious e a sua tutela sobre Kylo Ren é no tom adequado eu diria, no geral todos os personagens acabam funcionando muito bem, talvez com uns pormenores para Finn que tem um desenvolvimento menor frente ao resto dos outros personagens do filme.

O filme também capricha nas locações, batalhas e nas espécies mais variadas de aliens possíveis, fazendo realmente nos sentirmos numa galáxia bem distante, porém mesmo nesses momentos padrão Star Wars de ser o filme não deixa de dar seus pitacos ideológicos e frisa outros pontos ignorados dos filmes, seja a dura realidade dos combates ou as partes feias que as belas cidades escondem, o filme simplesmente não perde uma oportunidade de colocar uma outra ótica em todo o universo.

No Geral Os Últimos Jedi é um filme que surpreendente e que inova uma franquia que não tinha a menor necessidade de ser inovada, mas que faz isso de uma forma excelente, num ritmo muito bom, com um roteiro ótimo, recheado de diálogos inteligentes e bem humorados quando necessários, de atuações fortes, pontuais e até inesperadas e com toda a ação característica da série na sua medida ideal, que faz valer seu título, pois ao fim do filme a sensação de o fim de um ciclo é evidente e deixa o vindouro e decisivo próximo filme como uma carta em branco.

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Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.