Stranger Things 2

Mais Goonies, menos Slender

Bruno Deolindo
Na Moita
3 min readOct 31, 2017

--

Se for para resumir Stranger Things em uma única palavra ela seria carisma, sério por melhor que o roteiro seja, por mais envolvente que a história seja ou mesmo todos os outros tantos pontos positivos que a série tenha nada consegue superar o carisma que a série possui, não somente as crianças da série são carismáticas, todos os outros personagens também são, suas referências aos anos 80, tudo impressiona e até mesmo disfarça os seus pequenos defeitos e desvio. Ela te prende pelo carisma e se na temporada passada ela conseguia dosar de forma perfeita o seu lado mais carismático com seu terror e suspense, nessa segunda interação ela de forma lógica e inteligente, diminui seu lado mais escuro para apostar no desenvolvimento dos seus personagens e funciona realmente de uma forma muito boa.

Essa redução no lado Slender, terror/suspense da série é bem inteligente, pois o que fazia esse elemento funcionar bem na temporada anterior era o desconhecido e as perguntas que ele trazia, o que é o Demogorgon? O que é o Mundo Invertido? O que causou ele? Qual a função de Eleven? Todos esses e outros questionamentos e segredos era o que segurava o suspense da série e dava espaço para a série poder explorar o carisma e a inocência dos personagens, nessa temporada seria difícil recriar essa mesma atmosfera mais assustadora e mistériosa, já que todas as cartas estão na mesa com o fim da temporada anterior, soaria de forma rasa e repetitiva, porém seja por sorte ou talento a série não tenta recriar o que funcionou da última vez, não que o lado sobrenatural da série não esteja presente, muito pelo contrario ele é extremamente presente, com mais importância e impacto maior do que antes, mas não apela para o lado aterrorizante, sendo assim não é preciso ascender a luz em alguns momentos, porém continua a se encaixar perfeitamente na série.

Se tivemos essa mudança um pouco ideológica na forma de atacar o sobrenatural da série o mesmo não pode ser falado sobre o desenvolvimento dos personagens, todos os personagens um tanto quanto colocados em segundo plano para o desenvolvimento da primeira temporada são bem desenvolvidos nessa, outros com muito espaço tiveram seu tempo de tela reduzido, por exemplo Will que passou a temporada anterior inteira desaparecido, nessa tem seu espaço para se apresentar, Eleven para se descobrir e até mesmo Steve tem seu tempo para melhorar sua imagem, no geral cada personagem tem seu momento para mostrar um pouco mais de si, até mesmo os personagens novos, Max e Bob, tem seu tempo para brilhar e se tornam ótimas adições ao elenco, mudando um pouco a perspectiva da série e movimentando um pouco algumas situações.

No entanto podem chamar de cisma mas como falei por melhor que essa temporada tenha sido alguns pontos não me agradaram tanto, acho que o principal deles é o desenvolvimento da temporada, ela demora um pouco mais que o necessário para engatar, não que seja algo extremamente moroso, mas algumas situações e tramas acabam sendo meio desnecessárias, ou tomam um tempo excessivo. Outro ponto envolve um pouco alguns personagens como a reciclagem do papel de Joyce, que pouco empolga e parece ser a mesma mãe solteira com contatos de primeiro grau de antes, mesmo tendo um personagem tão inusitado como Bob de apoio ou até mesmo a compreensível redução do papel de Myke como líder da trupe dos garotos, para um menino revoltado.

No geral esses pontos não estragam a temporada, para alguns talvez nem façam diferença mas para mim poderiam ser atacados de outra forma, mesmo assim Stranger Things continua sendo excelente e mesmo sem possuir o fator inesperado ou aterrorizante de antes apresenta um produto bem sólido, divertido, carismático, icônico e viciante.

-----

Nunca ouviu falar em Stranger Things? Leia meu texto da temporada passada pra ver se empolga

--

--

Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.