Stranger Things

Goonies encontram com Slender

Bruno Deolindo
Na Moita
3 min readJul 22, 2016

--

E todo o texto começo da mesma forma falando que faz tempo que não escrevo e etc. Coisa que normalmente sempre é verdade mas entendam assim se algo me leva a escrever, esse algo realmente é bom, pelo menos para mim, sendo assim vamos ao novo trem bom da vez, Stranger Things a nova série do Netflix.

Essa é uma série que mistura como o subtítulo diz um pouco dos bons e velhos filmes da pivetada vivendo altas desventuras em serie, sendo talvez o exemplo mais expoente de algo do gênero para as pessoas da minha época Goonies, mas pode ser E. T. para os mais velhinhos e para que nem os novinhos fiquem sem entender, algo parecido com as Crônicas de Narnia, todos esses filmes que tem aquele elenco mirim que vive inúmeras aventuras “épicas” com aquele sentimento que tudo vai dar certo no final, com um humor bem leve e sem ser infantiloide em excesso e ai temos a mistura que funciona inacreditavelmente bem o fator Slender, pra quem não sabe Slender é um monstro, bicho, ser, chame como quiser do folclore moderno do terror, novamente pra ajudar na integração algo como Fred Krueger, mas sem toda aquela personalidade, uma pegada de suspense/terror envolvendo o sobrenatural.

Apos falar isso provavelmente deu um nó em todos aqui afinal estamos falando de uma série infantil ou de uma série de terror e aqui é o ponto que Stranger Things realmente cativa, ela é os dois em suas determinadas proporções e essa improvável junção dos temas funciona muito bem, o elenco mirim é bem cativante e não são extremamente infantilizados mas não perdem aquela inocência de ser criança e paralelo a isso temos uma trama adulta envolvendo uma criatura não identificada, conspirações, psicoses, redenção e que vai como toda a boa trama te levando a querer saber mais do que está ocorrendo e se importar com os personagens.

A série funciona de forma bem orgânica e fora isso ainda temos a cereja no bolo, o show todo é realizada no meio década de 80, com todos os fatores pop da época, Dungeons e Dragons, Guerra Fria, Star Wars, Rock’n’Roll e etc. adaptando de forma bem legal o período vivido pelos EUA na época, a paranoia com o socialismo, o preconceito com o rock, o conceito de subúrbio americano e o eterno bullying com as crianças nerds, tudo retratado de uma forma bem clássica como um verdadeiro tributo a época e a todo o conteúdo vindo dela.

Parando de falar do que a série é vamos falar um pouco sobre a trama, a série se situa na pequena cidade de Hawkins, Indiana onde inexplicavelmente uma criança desaparece e as autoridades locais começam a promover naturalmente a busca pelo menino sem nem imaginar que o desaparecimento dele não é nem um pouco natural, obviamente a criança desaparecida é um dos integrantes da trupe e enquanto os adultos tentam localizar o pobre Will Byers a sua maneira a gangue também se mobiliza para procurar seu amigo sem imaginar o que espreita no escuro e o que encontraram por lá. Apesar de parecer uma bela sinopse de um filme de sessão da tarde existe mais na série que isso, com alguns personagens ganhando uma boa profundidade como Winona Ryder, mãe do desaparecido Will que encarna o papel de mãe solteira com contatos de primeiro grau ou até mesmo do xerife Hopper que transforma a busca pelo menino em sua oportunidade de redenção e ainda no meio desses bons momentos com personagens ainda temos ótimas cenas de suspense envolvendo a famigerada criatura, afinal ainda é uma série com um que de terror, cenas cheias de tensão e suspense sem ser extremamente apavorantes mas que te deixam um tanto alerta.

Novamente o Netflix acerta com uma proposta bem fora do convencional que provavelmente não veria luz verde por outros canais e que mesmo se tivesse dificilmente chegaria da forma tão imaculada como Stranger Things nos é apresentado, misturando um suspense bem divertido com um terror básico e aquele ar saudosista dos hits infantis da época e claro recheado de cultura pop da época , um verdadeiro deleite a quem cresceu vendo filmes da sessão da tarde.

--

--

Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.