Vingadores — Guerra Infinita

Surpreendendo

Bruno Deolindo
Na Moita
5 min readApr 30, 2018

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Se você ainda não assistiu Vingadores — Guerra Infinita, pare agora de ler, serio esse texto terá algumas informações do filme, quase spoilers, que podem estragar um pouco a diversão do filme.

Assistiu ao filme?

Que filme não? É meio difícil explicar e entender um pouco do que acabou de acontecer, mais ainda do sentimento que esse filme traz à tona, é complicado descrever esse sentimento de alegria, diversão, frustração, raiva, desespero e vazio, tudo junto e misturado. Essa experiência de sair meio sem chão do cinema é coisa nova para um filme da Marvel. Engana-se quem leu isso é acha que estamos falando de um filme ruim, que não entrega nada, muito pelo contrário ele entrega, como entrega! Mas se Guerra Infinita consegue ser de forma previsível um excelente filme, a forma como ele chega a isso não é, pela primeira vez na vida do seu universo compartilhado, a Marvel conseguiu nos surpreender de uma forma avassaladora e inesperada, da qual certamente deixará marcas.

É brilhante a forma como a Casa das Ideias conseguiu nos frustrar no filme mais esperado de todos os tempos, uma frustração muito boa diga se de passagem, quebrando todos os paradigmas que o estúdio criou. Pois nesses 10 anos de MCU sempre fomos doutrinados a um produto seguindo uma cartilha, engraçado, leve, sem muito peso, nem reflexões, só diversão pura. Sabíamos que ao final das inúmeras piadas e vilões rasos sairíamos felizes, rindo e tendo um ótimo momento, porem Guerra Infinita não é assim e não precisa de mais do que cinco minutos, para já te deixar apreensivo e destruir anos de filmes e conceitos.

Você simplesmente não consegue se aquietar e cada minuto que vai passando do filme você vai simplesmente se sentindo uma criança, inocentemente segurando uma vela, na esperança de espantar as trevas que lhe cercam, entretanto conforme a vela vai se esvaindo as trevas vão se aproximando, até que ela se apaga de vez e você se vê sentado na ponta da cadeira, no escuro do cinema, vendo os créditos subir, sem conseguir capturar o que acabou de acontecer, esperando que numa cena pós-credito a chama de alguma forma magica reacenda.

Isso Senhores foi e é Vingadores — Guerra Infinita, um dos filmes mais inesperados que a Marvel já nos deu o prazer de assistir, um filme que finge que segue a cartilha, com ótimas piadas, ótimos momentos, que é tão divertido quanto os outros, mas que esconde um lado sádico no melhor exemplo da palavra. Que mostra o quanto a Marvel evoluiu e amadureceu em sua jornada e o quanto nós, o público, não estávamos amadurecidos para isso.

A história do filme é algo que vem sendo anunciado a anos, enfim chegamos aos finalmentes, com Thanos arregaçando as mangas para conseguir as joias do infinito e nossos heróis se colocando no meio para impedi-lo. Porém por mais que o plot sempre estivesse lá, nas entrelinhas dos últimos 18 filmes do estúdio, nunca tivemos acesso aos motivos ou a personalidade de Thanos e devo dizer o Titã Louco surpreende! E como surpreende.

Thanos definitivamente é um vilão muito mais bem construído do que a média do MCU, até chamá-lo de vilão é um exagero, pois aos seus olhos e lógica distorcida, ele não é o vilão e sim alguém com um objetivo nobre, eliminar metade dos seres do universo para que a outra metade possa viver em fartura, pois os recursos desse universo são finitos.

Porém não pense que Thanos se orgulhe dessa sua jornada, não, cada sacrifício que ele é obrigado a tomar em sua justa causa que ninguém tem coragem de fazer, cada um de seus filhos (lacaios) que tomba durante o filme, você percebe o Titã sentir a dor desses momentos. Enfim a Marvel parece que conseguiu compreender que o vilão assim como o herói precisa de um motivo plausível, desenvolvimento e sentimentos. E aqui temos isso numa bela atuação de Josh Brolin, quase é estranho imaginar que aquele ser roxo, titânico, tido como louco é incrivelmente humano em relação aos seus sentimentos.

Além de podermos saber mais sobre Thanos e seu plano para as joias do infinito, tivemos enfim a reunião muito aguardada de diversos personagens da Marvel interagindo pela primeira vez e devo dizer a espera valeu a pena e esses encontros não decepcionam, os Guardiões da Galáxia são uma ótima adição ao filme, e simplesmente roubam a cena em cada uma de suas interações com o resto do panteão de heróis, sendo tão naturais e insanos quando em seus filmes, criando alguns dos melhores diálogos e piadas do filme. Além disso outros encontros são bem interessantes, como a arrogância de Doutor Estranho encontrando o sarcasmo de Stark. Sem contar o reencontro de alguns personagens que vale alguns momentos bem divertidos no filme.

Mesmo com algumas ausências o filme trabalha muito bem seu vasto elenco, tendo de certa forma um tempo para cada personagem brilhar um pouco, ao invés de amontoar vários heróis em cena e criar aquele mega quebra pau, o filme cria núcleos menores conectando alguns personagens a outros e de certa forma dando objetivos diferentes a cada grupo, o que ajuda muito nesse racionamento dos heróis, cada um com uma tarefa diferente para tentar parar o Titã Louco.

As cenas de ação são muito boas e um pouco insanas, saindo um pouco daquele padrão pé no chão dos filmes anteriores, ao ponto de meteoros serem jogados pela tela por exemplo. Cada cena de ação, cada joia do infinito que Thanos conquista e usa, a ação vai ficando mais mirabolante ao ponto de simplesmente não ser possível imaginar como seria possível parar ele.

Pode se dizer que após 10 anos a Marvel Studios chegou no seu filme mais maduro, ao usar tudo aquilo que ela aperfeiçoou durante anos, um humor na medida, diversão garantida e ação bem idealizada, melhorando em alguns aspectos que sempre ficaram em segundo plano, como desenvolvimento de personagens e criação de vilão, criando talvez a obra prima de sua história, um filme divertido, magnético e surpreendentemente denso. Que ao final não só paga todo o momento de paciência na criação de um universo de filmes coeso, como joga todo esse universo num turbilhão de emoções para o futuro.

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Bruno Deolindo
Na Moita

Um cara foda e humilde aos fins de semana andando por aí na rua da vida, enquanto escreve um pouco sobre o que o coração das cartas mandar.