A reaproximação do brasileiro com SEU cinema
De piada em esquete do Porta dos Fundos à reviravolta — ouso dizer — com o interesse do brasileiro em assistir filmes produzidos por estes cantos. A relação tem mudado. Recentes lançamentos provam isso, roteiros que exploram questões sociais e de identificação por grande parte do público pode explicar.
Pra fechar o raciocínio sobre o Porta, personagem interpretado por Fabio Porchat indaga ao ser orientado a investir dinheiro público que está nitidamente sendo propinado em arte e cultura. “O que você quer é ver mais filme nacional?”, num exemplo de fala que diminui nosso cinema e como ele é visto. A esquete é de 2012 (veja aqui), muito foi produzido de lá pra cá com obras que tiveram grande aceitação.
Impossível não falar de Bacurau (2019). O filme dirigido pelos pernambucanos Kleber Mendonça Filho (Aquarius e Som ao Redor) e Juliano Dornelles ultrapassou a marca de 500 mil espectadores no Brasil. Fenômeno que rendeu aos diretores o prêmio do Júri no Festival de Cannes. Sem dúvida o maior exemplo recente que une reconhecimento da crítica e aceitação da massa.
Outro sucesso foi A Vida Invisível. O filme do diretor Karim Aïnouz (Madame Satã e Praia do Futuro) chegou a ser cotado para concorrer ao prêmio de melhor filme estrangeiro na edição passada do Oscar. Números encontrados no site Adoro Cinema aponta o longa com mais de 127 mil bilhetes vendidos, entre novembro e o fim de janeiro deste ano.
Os filmes citados têm muito mais em comum do que à primeira vista pode parecer. De um lado a desigualdade social, falta de acesso a serviços públicos básicos e o oportunismo da política local, contrasta com o senso de comunidade de Bacurau. Do outro, o machismo extremamente violento em cenas pesadas sofridas pela personagem central (mulher carioca nos anos 40) em casa, pelo marido, e na rua ao procurar emprego, à emocionante relação com sua irmã. Certamente e infelizmente, assuntos pertinentes ao dia a dia da mulher brasileira e dos brasileiros em geral.