Entrevista: Katya Zamolodchikova
Colaboração: Antonio Roque e Francine Oliveira
O nome dela é Екатерина Петровна Замолодчикова, ou Yekaterina Petrovna Zamolodchikova. Mas você pode chamá-la apenas de Katya. Participante da sétima temporada de RuPaul’s Drag Race, Katya não ganhou o título de Miss Simpatia a toa. Em sua passagem pelo Brasil, deixou os fãs enlouquecidos com Meet&Greets cheios de, digamos, ousadia.
Depois de atender mais de 100 pessoas em Belo Horizonte, na festa Crazy Bitch, ela conversou com a gente. Entre um cigarro e outro, ela contou sobre sua participação no programa, comentou “aquela música” que ela odeia, mas os fãs amam e decidiu que, em terra brasilis, atenderia por um outro nome.
- Como você se sentiu quando RuPaul te chamou ao palco durante a final da sétima temporada?
Bem, eu sabia que ia acontecer, mas fiquei bem nervosa. Eu adorei! Eu acho que.. Eu não acho que eu deveria ganhar..
- Ah, pois eu acho!
Ah, mas eu não. Porque minha experiência nas gravações e o que foi ao ar, de fato, são duas coisas diferentes. Mas a mensagem que esse episódio me passou foi bem clara: “Você não deveria ter ganhado, mas deveria estar entre as finalistas”. [RISOS] A Violet até disse pra mim que adorou o fato de eu não ser finalista, pois se eu estivesse lá, ela não ganharia [MAIS RISOS]. E fiquei muito feliz com tudo, não poderia ter sido melhor.
- Agora você está viajando pelo mundo e conhecendo milhares de pessoas, como é isso?
Cansativo. Eu estou exausta. Mas os fãs fazem valer a pena, são fantásticos e me dão presentes maravilhosos. Estes presentes me mostram que meus fãs entendem perfeitamente a mensagem que eu eu quero passar e meu senso de humor. Eu nem sei o que fazer com tantas coisas.. um amigo sugeriu que eu monte um “Museu da Katya” em casa…
- Recentemente, em um vídeo ao lado da Trixie Matel, você disse que odeia a música “Roar”, da Katy Perry. Mas os fãs adoram quando você dubla a música…
[Interrompendo] Sim, eles adoram. E eu, apesar de não gostar da música, de fato executo ela em algumas apresentações, porque eu faço qualquer coisa para ver meus fãs felizes. A verdade é que eu não gosto muito da Katy Perry [MUITOS RISOS]
- Então qual é a sua princesa do pop favorita?
Britney. E gosto da Robyn, apesar de ela não ser exatamente uma princesa. Uma princesa mal compreendida, talvez.
- Como você analisa a sua evolução enquanto drag? Qual a diferença entre a Katya de quando você começou a se montar e esta Katya que está na minha frente agora?
Que pergunta. [Olha pra cima, acende um cigarro] Eu não costumo refletir muito a respeito de mim mesma. Minha persona tem se expandido, não sou somente aquela “Katya russa”. Hoje em dia, mesclo muito da minha própria personalidade, e procuro expandir a personagem, mostrando outras facetas dela. Acho que a Katya é a minha personalidade, porem amplificada ao extremo.
- Um fã perguntou na nossa página do Facebook a respeito do fato de Katya ser uma mulher russa e a Rússia ser um dos países mais homofóbicos do mundo. De que forma isso influencia — se é que influencia — o seu trabalho?
Eu nunca acreditei muito em política. Katya é uma piada. Passei um tempo da minha vida um pouco obcecada com a cultura russa. Mas não com a política. Eu, definitivamente, tento não fazer declarações políticas com a minha persona. Apenas declarações vaginais.
- Como você começou a sua carreira como drag?
A primeira vez que eu me montei, eu tinha três anos. [Risos] É verdade! Meu pai um belo dia passou maquiagem na minha cara e me botou uma peruca — e eu fiquei encantada com aquilo. Mais tarde, na adolescência, fui para a escola de artes e comecei a me envolver com o mundo drag. E aí eu cresci e me tornei Katya.
Neste momento paramos para fumar um cigarro, e Katya nos perguntou se poderíamos ensinar algumas palavras em português pra ela dizer no palco. Ela já sabia “vagabunda”, mas adorou “gostosa” e “biscate”. E, de repente, veio a iluminação
“Decidi! Meu nome de drag, no Brasil, vai ser Biskatya”
E subiu ao palco do Mercado das Borboletas, anunciou seu novo nome e fez declarações vaginais para uma plateia insana.
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