Jessica Jones e o sexo dos super heróis

.ricardo .laranja
Nada Errado
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3 min readOct 29, 2015

No próximo dia 20 de novembro, o mundo estará de olho em Jessica Jones, a nova heroína do universo cinematográfico da Marvel Comics. Pra quem não conhece a personagem ou sabe pouco sobre a origem e a relevância da Srta. Jones, o Judão fez um “Então tá, vamos falar sobre” bem completinho, contextualizando tudo. Vale a leitura.

Além de ter uma personagem bacana, “Jessica Jones” é, também, um marco nas adaptações dos quadrinhos da Marvel para outras mídias. Ela não é a primeira protagonista mulher (no começo do ano tivemos a Agent Carter em uma bem sucedida mini-série com teor feminista), mas é a primeira personagem que fará sexo. E isso é de uma relevância absurda. Até porque ela não fará sexo apenas com homens — a personagem se revelará bissexual em algum momento da trama.

Além de Jessica, interpretada por Krysten Ritter, de “Don’t Trust the Bitch in Apartment 23” e “Breaking Bad”, outra personagem, interpretada por Carrie-Ann Moss (a Trinity, de “Matrix”) também será abertamente bissexual e será protagonista de cenas quentes ao lado de uma mulher.

Essa é a primeia vez que a Marvel Comics fala de sexo em suas adaptações. À exceção de uma ou outra piadinha aqui e ali nos filmes dos Vingadores, praticamente todos os protagonistas não são sexuais — imagina ser alguma coisa fora do padrão branco-hétero.

Esta, também, é a primeira vez em que um negro assume o protagonismo heróico. Em “Jessica Jones” veremos a estreia de Luke Cage, namorado da heroína e o primeiro herói negro protagonista da Marvel. “Ah mas em “Homem de Ferro” tem o War Machine e, em “Capitão América” tem o Falcão”. Sim, mas não são protagonistas. São sidekicks, quase. Cage, além de aparecer em “JJ”, terá uma série para chamar de sua no Netflix, que provavelmente estreia antes de “Pantera Negra”, o primeiro herói negro dos cinemas da Marvel.

Jessica, bissexual, e Luke, negro, romperão barreiras que, até então, a Marvel parecia não estar disposta a encarar. Como se trata de uma personagem muito complexa, seria difícil construir uma versão chapa-branca — como o Homem de Ferro dos cinemas, por exemplo, que não é tão babaca quanto o dos quadrinhos.

Mas por quê super heróis não fazem sexo? Acredito que por diversos fatores, incluindo o fato de os filmes terem censura baixa, o merchandising é todo voltado para o público infantil, etc, etc. Dava pra fazer um filme do Homem de Ferro todo mulherengo e beberrão, enfrentando problemas com alcoolismo? Claro que dava. O retorno finan$eiro seria o mesmo e o personagem cairia tanto no gosto do público geral? Talvez não. Entre correr o risco e apostar no lucro certo, a Marvel opta por lucrar. E aí temos personagens sempre iguais, todos absurdamente higienizados.

Como “Jessica Jones” é uma série exclusiva do Netflix, plataforma que dá total liberdade criativa para seus produtores, a Marvel encontrou, finalmente, uma saída para explorar outros aspectos de seus personagens. Muito provavelmente — a julgar pelas críticas que já foram divulgadas — esta será a primeira produção do estúdio a mostrar conflitos psicológicos pesados, cenas de sexo intensas e tratar de outros temas que não o “salvar o mundo”.

Torçamos para que Jessica e Luke sejam os primeiros a nos salvar do marasmo da mesmice heróica. E que venha o “Pantera Negra” (e, algum dia, a primeira mulher negra protagonista em uma produção do estúdio).

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.ricardo .laranja
Nada Errado

.um ser humano fantástico, com poderes titânicos △△