Crítica sem spoiler — Vinland Saga Vol.1

Juan Duarte
nanicriticas
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2 min readAug 19, 2018

É divertido, mas é padrão.

É uma página dupla definitivamente linda.

A princípio, bem no começo dessa leitura, levando em conta um pré-conceito em relação a capa, tive certa impressão em relação a obra. Ao não ver nesta letras malucas ou um desenho super “dinâmico e envolvente”, pensei que a obra se tratasse de uma história mais densa e séria (não no sentido canastrão “crítica social foda”). Não me desapontei ao ler as primeiras páginas, já que eu sabia que eu tinha levado em conta um critério muito superficial e bem bobo, mas de fato, Vinland Saga me enganou bonitinho.

A construção do passado do protagonista neste primeiro volume de Vinland Saga, como um grande flashback para justificar a aversão deste ao capitão de seu navio e o posterior duelo, foi um elemento bem óbvio e previsível ao qual eu torci um pouco o nariz. No geral, para ser bem franco, tudo é bem óbvio e com “plot twists” mais óbvios ainda. Não chega a ser irritante ou idiota, o que é bom, mas tudo é tão dentro do padrão que não chega a instigar nada pela trama em si, muito menos construir climáticas desconcertantes e questionamentos bem desenvolvidos.

Felizmente, mesmo que a trama deixe muito a desejar, a construção dos personagens ajuda um pouquinho na interação da obra com o leitor. Todos são muito específicos e demarcados, mas com um manejo muito bem feito do autor, assumem várias formas de lidar com cada situação. Não é possível definir um personagem por apenas uma forma de lidar com os outros, quase o determinando por um nome de anão da Branca de Neves, é mais complexo, não muito, mas é, e isso faz com que as personalidades se tornem mais reais e de fácil assimilação e proximidade. O elemento “canastrão” é substituído várias vezes pelo elemento “autodepreciação”, num nível cômico e leve.

Mesmo que a história, o escopo, seja bem fraquinha e previsível, com motivações muito unilaterais e conflitos simplórios, a forma como a história não se leva muito a sério, priorizando muito mais a interação despreocupada dos personagens e as consequências de tal, alivia um pouco esse desfalque. Bem como a narrativa, que numa fluidez bem estruturada, boa dosagem de desenhos e falas, consegue manter o leitor numa leitura tranquila e dinâmica.

Esse mangá, de fato, a partir dessas considerações, é uma obra que eu recomendaria para alguém que estivesse entrando no ‘universo dos mangás”. Porque este explicita muito bem a necessidade de se construir uma boa narrativa e empregar com qualidade a “emulação” da realidade, nem que seja apenas em seus personagens. E como a história não é densa ou confusa, nem exige do leitor um conhecimento prévio de uma dinâmica mais complexa de leitura, com certeza facilita um bocado no processo de adaptação na mídia.

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