Crítica sem spoiler — Vagabond: Vol.1

Juan Duarte
nanicriticas
Published in
3 min readAug 14, 2018

É bem “Shonen”, pra um “Seinen”.

Ficha Técnica:

Título: Vagabond (バガボンド)

Autor(a): Takehiko Inoue

Editado no Brasil pela Panini.

O primeiro volume do clássico “Vagabond” estrutura as personalidades de Matahachi e Takezo, os protagonistas da história, mostrando as inclinações éticas e morais de cada personagem. Não há qualquer aprofundamento, mas sim uma estruturação daquilo que podemos considerar como o pessoal e o contextual.

Individualmente existe uma demarcação muito óbvia nas personalidades de Matahachi e Takezo. Enququanto Matahachi é um medroso/beberrão/malandro/chorão, Takezo é e exatamente o oposto. Simplista demais, né? Com certeza, mas assim que são mostrados, sutilmente, o passado de ambos, são justificáveis suas personalidades e inclinações, transmitindo mais veracidade essa polarização.

Levando em conta o contexto, naquela época, tempos de guerra, matar várias pessoas não era um demérito ou uma característica atribuída a alguém com distúrbios psicológicos, mas sim um grande triunfo. Sendo assim, ambos os personagens principais, extremamente jovens, se vangloriam e excitam (não sexualmente, eu acho) após cada batalha, vangloriando-se do fato de terem tirado vidas. A frase de Ooko ilustra bem isso: “Parecem duas crianças brincando com sangue”.

Quando falamos em trama, infelizmente nesse primeiro volume não é mostrada muita coisa. A partir da apresentação dos personagens e de suas motivações, sabe-se em qual caminho vai seguir o enredo, entretanto nada muito mais específico. É uma escolha que pode se mostrar inteligente, afinal, pode ser benéfico focar primeiro na apresentação dos protagonistas, criando uma maior conexão entre o leitor e a obra e aumentando a afabilidade do leitor com a conseguinte trama.

Em termos narrativos, nada de muito espetacular foi demonstrado. Sim, a noção de perspectiva e movimento de Takehiko Inoue é simplesmente fantástica, mas a forma como o desenho se comporta em relação a “contação da história” em si, na maior parte do tempo é apenas decorativa, adicionando mais intensidade e ação à história. A diferenciação de traços de um personagem para o outro é um elemento que na sua sutilidade transmite uma identificação interessante das intenções destes, mas é uma exceção, e muito, mas muito sutil. O ritmo é bom e bem fluido, não há pausas desnecessárias nem quebras de climáticas, entretanto tampouco há qualquer tipo de imersão mais densa e hipnótica que proponha ou instigue uma leitura ininterrupta da série inteira.

Vagabond parece ser uma obra muito promissora, já que neste “aperitivo”, não ocorreu nenhum tipo de sexualização, frase de efeito (tá, rolou, mas são adolescentes que querem fama e etc, faz sentido) ou qualquer coisa que de alguma forma gritasse “idiotice”. Entretanto, tampouco espero nada muito fora do molde “caminho do herói”, claro, com um aspecto mais maduro e melohor trabalhado.

Glossário:

Shonen é a delimitação demográfica do mercado editorial Japonês, que compreende como seu público alvo crianças e adolescentes do sexo masculino. Essa delimitação se diversificou e perdeu identidade ao longo do tempo, já que mulheres também gostam de ação, aventura e etc (algo óbvio, não é mesmo?) caindo num uso feito apenas por convenção atualmente no ocidente.

Seinen também é uma delimtação demográfica, mas esta compreende seu público alvo adultos do sexo masculino. (Teve o mesmo fim).

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