Crítica — Aruku Hito

Juan Duarte
nanicriticas
Published in
3 min readJun 23, 2018

Bem chocho.

Ficha técnica:

Título: Aruku Hito/O homem que passeia (歩くひと)

Autor(a): Jiro Taniguchi

Editado no Brasil pela Devir.

Algumas considerações para quem ainda não leu:

Um mangá inteiro estruturado com uma essência “contemplativa” que torna a obra em um catálogo melancólico dos passeios de um homem de meia idade. Eu não o recomendaria, mas é uma leitura tão rápida, não nociva e simples, que eu me sinto até um pouco coagido a dizer que a obra não é ruim. Ela simplesmente não é uma coisa em si. É chocho, isso eu posso dizer com certeza, já que não há uma trama, só a construção contínua de um clima. Que também não é um clima muito complexo e profundo e maravilhoso. É só um clima.

Fim da zona protegida de spoilers.

Coerência com a proposta:

Arrisco dizer que essa obra tenta passar uma certa mensagem de “olha como existe um mundo discreto ao seu redor”, além daquela apresentada no final com o depoimento do protagonista. O homem que passeia, no caso. Mas sinceramente, a leitura é tão, mas tão rápida, com um número de silêncios enormes, que eu não consegui absorver nada dessa mensagem. Sim, a arte é linda, mas ela não carrega a obra nas costas. Não é algo surreal nem que encha os olhos ao ponto de você querer analisar cada detalhe. É só uma arte bem feita, que não contribui nem prejudica a obra.

Verossimilhança:

Sim, tudo é possível, tudo é plausível, tudo é orgânico. As interações e os sentimentos expressados em cada momento remetem a nuances interessantes e visíveis como humanos. Entretanto, a epifania final do protagonista, com a questão da liberdade, sinceramente, é bem clichê. Eu sei que é real e que o mundo corporativista/capitalista impõe limitações na forma como a gente lida com nosso espaço geográfico, como rédeas que impedem que nós sigamos pelo desconhecido e inusitado. Mas tudo isso ser resumido em “eu me senti livre”, é algo tão clichê-melancólico-final-de-filme-da-sessão-da-tarde, que acaba deixando a obra bem bobinha.

Coesão:

É só o cara andando pra lá e pra cá, interagindo com as pessoas e com a natureza, então é difícil estipular parâmetros para dizer se é coeso ou não. É inexistente a estrutura de início/meio/fim, ou qualquer outra, então o que eu posso dizer é que não sei.

Relevância:

É o que eu disse na verossimilhança, a proposta da obra tem um fundamento interessante, mas a medida que quase não existem diálogos e as imagens são apenas os lugares onde o protagonista passa, tudo fica com aquele ar meio poético de “nossa, a vida é maravilhosa, não?”, que eu francamente acho piegas e tosco. Sem falar do final, que na verdade eu já falei, mas repito:, só conclui o óbvio.

Conclusão:

É uma obra bem chochinha, mas que não ofende ninguém, então lê lá, talvez você goste.

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