Crítica — Black Paradox

Juan Duarte
nanicriticas
Published in
3 min readApr 26, 2018

Quando o conceito não é bem aplicado.

Ficha técnica:

Título: Black Paradox ( ブラックパラドクス)

Autor(a): Junji Ito

Não é editado no Brasil.

Algumas considerações para quem ainda não leu:

Black Paradox é uma daquelas obras das quais eu não tenho vergonha nem receio de afirmar que é ruim. É uma série de superficialidades e coisa desinteressantes somadas a um conceito bem fraco, que tornam essa leitura quase uma perda de tempo. E não digo “quase”, porque não foi por inteiro, mas porque até as coisas muito ruins agregam alguma coisa no fim das contas.

Coerência com a proposta:

Uma história recheada de elementos sobrenaturais, místicos, espirituais, mas que não consegue conciliar tudo isso, muito menos explorar. Como não há clima, muito menos diálogos suficientemente densos, todos esses elementos que deveriam trazer uma certa obscuridade à história, visto que esta é uma história de terror, acabam por serem elementos totalmente descartáveis. E assim como não há tensão, tampouco mistério, tudo é explicado incessantemente em diálogos expositivos extremamente chatos, mesmo que o que ocorreu seja algo óbvio, sempre tem algum personagem explicando e “problematizando” o ocorrido, trazendo muito pouco do silêncio necessário para uma tensão mais consistente.

Verossimilhança:

É possível que isso ocorra, mas é tudo extremamente simples demais. Todas as “revelações” são extremamente óbvias, bem como as reviravoltas e “mistérios macabros”. É tudo tão óbvio, que acaba se tornando caricato demais, tirando toda aquela angústia clássica do terror de te deixar com uma “pulga atrás da orelha”. E mais uma vez, toda essa superficialidade é confirmada pelos diálogos, uma vez que tudo o que é revelado, é revelado na forma de diálogos expositivos. “Nossa, aconteceu isso, isso e aquilo, que loucura, não?”.

Coesão:

Assim como em Jigokusei Remina, Black Paradox oferta um final extremamente broxante, inconclusivo, irrelevante e óbvio. Porém, diferente de Jigokusei, Black Paradox mostra um início e um desenvolvimento tão ruim quanto, já que a sua narrativa permanece sempre sem climática alguma. As coisas brotam, coincidência ridículas aparecem e os elementos são apresentados de forma totalmente básica. Não há um esmero visível na composição dos momentos e diálogos, o contexto é básico, bem como o conceito, que em nenhum momento alça voos maiores do que a própria subjetividade “pseudo metafórica” empregada em toda a história.

Relevância:

Mundo paralelo, esferas que são almas, consequência crucial apresentada em apenas um diálogo, provocação superficial de “auto extermínio” como um paralelo ao suicídio… De fato é um conceito que, mesmo batido, poderia gerar uma história interessante, mas não é o caso de Black Paradox. Sem personagens interessantes, com climática nula e construções superficiais, o conceito que poderia render algo bom, só gera um desconforto de “barriga vazia”.

Conclusão:

Junto com Hideout, de Masasumi Kakizaki, Black Paradox é um dos piores mangás de horror/terror que eu já li. Não apenas por não me assustar, ou incomodar ou qualquer outra impressão sensorial negada, mas porque é extremamente superficial desinteressante. Carece profundamente de uma linha de raciocínio melhor definida e uma construção melhor trabalhada de momentos e climáticas, sem falar dos diálogos expositivos que não agregam nada à história.

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