Crítica — Golden Kamuy Vol. 1.

Juan Duarte
nanicriticas
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3 min readFeb 16, 2018

Propondo uma premissa básica de redenção, um protagonista canastrão, arte e narrativa super lineares e simples, Golden Kamuy se enquadra na forminha clássica de mangás de ação (ruins) com uma história de caça ao tesouro. Primeiro é mostrada a motivação: Pagar o tratamento da Umeko (o antigo amor do protagonista), após isso ele encontra uma dificuldade: Conseguir dinheiro para o tratamento, após isso ele encontra uma esperança: A historinha do bêbado sobre os prisioneiros que possuíam um mapa do tesouro tatuado em suas costas e posteriormente a certeza que a historinha era verossímil, então outra dificuldade: Um urso, e então a reviravolta: Uma garota Ainu que o ajuda a matar o Urso, e então o início da busca pelo tesouro: A garota Ainu o considera um guerreiro poderoso e por estar convenientemente a par da situação dele (da busca pelo tesouro) ela se junta à “party” dele. E após isso é uma sequência repetitiva de “polícia e ladrão” onde eles encontram um dos prisioneiros, desenham o mapa, acontece alguma reviravolta e durante isso rola muito diálogo da garota Ainu, tornando a obra quase um tutorial de vida na floresta (sem contar as anotações do autor no meio dos quadros explicando cada detalhezinho do que ocorre).

A trama em si e a narrativa são bem ruins, falando de forma direta, é tudo muito cru e muito simples, não existe uma fluidez nem um tratamento interessante dos momentos e dos próprios personagens. Elementos brotam em situações convenientes demais (Cão selvagem que ajuda os dois na luta com o urso; o “Rei da Fuga” que é um Deus Ex Machina por si só) e os personagens são tão caricatos que não dá pra levar muito a sério as motivações deles como sendo algo realmente dramático ou real. O protagonista é um veterano de guerra que matou pessoas pra caramba, mas não tem nenhuma neura e nenhuma sequela, o cara entrou na guerra e saiu dela IGUAL, tipo, sem condições de isso se igualar à realidade, sendo que ele debocha da ideia de matar pessoas (“Matar pessoas te leva para o inferno?”; “Então eu aposto que eles vão estender um tapete vermelho para mim!”), mas não demonstra nenhum sinalzinho de psicopatia ou algum transtorno que seja. Dar antecedentes apenas para justificar uma série de habilidades convenientes para a trama é um erro grotesco e bobo que torna a obra em si, fraca. Sem contar a mistificação dos antagonistas (o soldado do front que mata o primeiro prisioneiro e o líder encarregado da fuga dos prisioneiros) que sinceramente não colou nem um pouco, já que essa mistificação foi feita de uma forma muito “jogada” e sem nenhum clima.

No geral a obra peca muito, muito mesmo, o que não quer dizer que ela não possa melhorar, já que ela não chega a ser uma obra insuportável de ler (foi bem tranquilo na real), mas por acumular uma série de falhas de narrativa e de construção de personagens, torna a obra muito pouco proveitosa: Eu li o primeiro volume inteiro e sinceramente não percebi nenhuma discussãozinha interessante, um elemento engraçado (a não ser o socão que o protagonista dá no urso), uma sacada legal ou até mesmo uma arte inspiradora, tornando-se uma leitura bem medíocre e rasa de conteúdo.

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