Crítica — Made In Abyss 1ª temporada.

Algumas Considerações:

Made in Abyss é um anime sobre um grande abismo que ainda não foi completamente explorado e sobre a aventura de Riku e Reg que decidem adentrar no abismo para encontrar a mãe de Riku. A história é contada de forma cativante, mostrando o abismo de acordo com os protagonistas, o que a torna espontânea, real e muito imersiva. A animação, os diálogos e os efeitos sonoros fazem um papel muito importante nessa imersão e com ela o espectador consegue acompanhar a trama de uma maneira muito próxima aos personagens, o que proporciona um grande apego por eles e torna a trama mais atrativa.

Coerência com a proposta:

A primeira temporada de Made in Abyss tem como principal foco a exploração do abismo, mostrando as características e mistérios dele de acordo com as aventuras dos protagonistas. Os episódios contam com uma fotografia muito cativante de assistir, explorando todos os cenários com uma animação minimalista que nos faz querer ver mais paisagens do interior do abismo. Quanto mais baixo eles vão mais misteriosa a fotografia se torna, demonstrando bem o que os outros personagens falam sobre as camadas mais perigosas.

Verossimilhança:

As motivações e reações da protagonista são simples e condizem com a idade dela, mas no começo a euforia ao perceber que iria explorar o abismo para encontrar sua mãe parece meio forçada, já que todas as pessoas próximas dela falam sobre os perigos e horrores do abismo, mas para uma criança de 12 anos, inocente, que sempre quis ser uma exploradora e que vai finalmente conhecer sua mãe, é completamente plausível que essa seja a reação principal dela. Essa inocência é muito bem representada nos diálogos entre ela e Reg, que conduzem conversas simples e infantis, mas que condizem com a realidade e momento em que estão. Vale lembrar que Riku é super impulsiva, que a maior parte de suas escolhas são feitas assim e que isso se mantém em toda a trama.
A inocência de Reg também é nitidamente explorada nos diálogos dele com Nanachi, que pede para ele diversas coisas das quais ele acredita e faz sem nenhum questionamento, até ela fala coisas do tipo “tão fácil assim?…”. Enquanto a trama em si, também condiz fielmente com todos os pontos teóricos construídos previamente.

Coesão:

A primeira temporada do anime propõe a conceituação e explicação do Abyss, e ela é feita de forma leve e concisa, mostrando as principais características e se aprofundando conforme os protagonistas vivenciam aquelas coisas predeterminadas. Conforme eles vão adentrando no abismo os perigos aumentam gradualmente, a maldição vai ficando pior e tudo ocorre como os relatos dos outros escavadores, os problemas são apresentados de uma forma clara e espontânea, mostrando nitidamente o que aconteceria com crianças tentando vencer o abismo sozinhas, sem facilitar as consequências para os protagonistas. De acordo com a Maldição do Abyss um humano que adentra mais de 10 metros começa a sentir os sintomas da maldição, quanto mais profundo ele ir, pior é a condição de retornar, tendo consequências diferentes para cada nível, como náuseas, sangramento, alucinações e morte, ou seja, se Riku tenta subir uma elevação simples, os sintomas da maldição já podem afetar seu corpo. Isso é retratado com fidelidade em diversos momentos, como na cena em que Reg sobe um nível com Riku para fugir do Orbe e ela começa a ter sangramentos internos. A trama não decepciona na fidelidade daquilo que foi explicado, mostrado e explanado por outros personagens, mantendo o conceito intacto e detalhando mais ainda conforme o desenvolvimento. Por ser apenas a primeira temporada, ela deixa alguns pontos soltos para serem melhor desenvolvidos na segunda temporada, como a explicação dos experimentos que foram feitos com as crianças e que causou a perda da humanidade de Nanachi, e também como os Apitos Brancos conseguem ascender e voltar para a superfície sem que a maldição os afetem (?), mas a proposta principal, que é a de explorar o conceito do Abyss, é explorada do início ao fim do anime.

Relevância:

O impulso humano de mitificar coisas das quais não conseguimos compreender acontece com o Abyss. Ao invés de acreditarem em um deus os personagens acreditam no próprio Abyss. Já que seu fundo é uma “entidade” desconhecida, eles acreditam que seria a possibilidade de vida após a morte, pois por conta da profundidade, acredita-se que ele transcende a própria vida e que se alguém morrer dentro do abismo, sua alma irá ao fundo e viverá a eternidade como um espírito do Abyss.