A culpa é do calor
(A minha carta aberta a todos que procuram tapar o sol com a peneira)
Eu não gostaria de entrar no mérito de que Mark Manson tem ou não tem razão em relação às críticas que fez ao “jeitinho brasileiro”, mas a minha percepção hoje é a de que, havendo a oportunidade, um número significativo de compatriotas buscará “se dar bem” de maneira desonesta.
É como um amigo costuma dizer:
“Eu não acho que a ocasião faz o ladrão, mas sim que o revela”.
Comprei uma mini tabela de basquete pela internet para colocar no terraço da minha casa. A encomenda chegou duas semanas depois. Durante esse período, a expectativa foi tão grande que contei até para o amigo do primo do vizinho sobre a aquisição.
Aconteceu que, em vez de uma cesta, recebi uma piscina infantil por engano. Naturalmente, vários colegas brincaram com o ocorrido para me animar: “No calor que faz em Recife, uma piscina até que é uma boa”.
A partir daí, esse gesto de empatia logo evoluiu para formas de tirar proveito da situação: “Compara os preços. Se a piscina for mais cara, fica com ela. Você pode até vender depois e usar o dinheiro para comprar outra tabela e ficar com o lucro”. Em diversos círculos sociais, a sugestão se repetiu.
“Mas foi só uma piada!”, exclamaria o nosso talento para desculpas. A questão é que, mesmo que fosse o caso, é representativo que o engodo seja sempre, para muitos de nós, o primeiro instinto.
Vai ver a culpa é nossa mesmo.
PS: A empresa irá recolher a piscina e providenciar o estorno do cartão. Enquanto isso, a saga por uma cesta de basquete continua. O que eu não daria por alguns arremessos agora…