Uma mente claramente confusa demais
Existe uma parte de mim que deseja ir embora
que acredita que o mundo é uma eterna fonte de aventuras
que o destino é generoso comigo
e que eu nasci com a sorte de magicamente atrair o que é bom ao meu caminho
Uma parte que não tem medo dos riscos
nem das consequências
e que não paralisa diante do medo.
Uma parte que sabe que,
pelo menos comigo,
eu posso contar.
E existe uma parte não tão romântica
apegada demais ao material,
à segurança da vida padrão,
às expectativas alheias sobre mim
que me martela os ouvidos sobre porque eu ainda não quis construir uma casa
ter filhos, um jardim
um carro, uma cozinha de inox
porque casar me assusta
porque eu não acredito em almas gêmeas
nem em “felizes para sempre”, assim, no plural
como se eu não pudesse, também, ser feliz sozinha.
Eu durmo e acordo tentando conciliar essas duas partes de mim
encontrar um caminho em comum
que satisfaça a ambas
Durmo crente de que há uma parte certa e uma errada
e acordo com a certeza de que — ainda bem — a vida não funciona assim
Uma parte de mim decide
a outra se acovarda
uma sabe o que é certo
a outra retrocede
Uma parte sonha
sente
e acredita em mim.
Minha parte corajosa
romântica
e honesta.
A única parte que eu gostaria que me interessasse (mas que, infelizmente, a vida não funciona assim)