Uma mente claramente confusa demais

Diúlit Bernart Oldoni
Nasci pra ser cidade
2 min readJun 17, 2019

Existe uma parte de mim que deseja ir embora

que acredita que o mundo é uma eterna fonte de aventuras

que o destino é generoso comigo

e que eu nasci com a sorte de magicamente atrair o que é bom ao meu caminho

Uma parte que não tem medo dos riscos

nem das consequências

e que não paralisa diante do medo.

Uma parte que sabe que,

pelo menos comigo,

eu posso contar.

E existe uma parte não tão romântica

apegada demais ao material,

à segurança da vida padrão,

às expectativas alheias sobre mim

que me martela os ouvidos sobre porque eu ainda não quis construir uma casa

ter filhos, um jardim

um carro, uma cozinha de inox

porque casar me assusta

porque eu não acredito em almas gêmeas

nem em “felizes para sempre”, assim, no plural

como se eu não pudesse, também, ser feliz sozinha.

Eu durmo e acordo tentando conciliar essas duas partes de mim

encontrar um caminho em comum

que satisfaça a ambas

Durmo crente de que há uma parte certa e uma errada

e acordo com a certeza de que — ainda bem — a vida não funciona assim

Uma parte de mim decide

a outra se acovarda

uma sabe o que é certo

a outra retrocede

Uma parte sonha

sente

e acredita em mim.

Minha parte corajosa

romântica

e honesta.

A única parte que eu gostaria que me interessasse (mas que, infelizmente, a vida não funciona assim)

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