Para onde todo mundo vai?

Diúlit Bernart Oldoni
Nasci pra ser cidade
2 min readSep 24, 2019

Os carros passam pela rua, debaixo da sua janela e você já não dorme há dias. A noite, quando aproveitada, é curta. O barulho é eterno, desde as primeiras horas da manhã até o coração da madrugada — para onde todo mundo vai?

Pessoas conversam, buzinam soam, alarmes disparam. Você ouve a vida, mas não a sente. Todo dia o movimento é o mesmo: ruas cobertas de pés, empresas, lojas e bancos cheios de gente. Para onde todo mundo vai?

O relógio trabalha, o tempo passa e você se veste para trabalhar. Se olha no espelho e espero que saiba que, pelo menos por fora, você está bem. Sai de casa como todos os dias, refaz os passos de sempre, decorados, e permanece sentado durante quase metade do seu dia. Depois disso, para onde você vai?

O caos da cidade reverbera pelos prédios, mas o entorpecimento que a rotina te causou bloqueia os teus sentidos e a comida já não é apetitosa, as paisagens já não encantam, os aromas não se fazem notar, a música é apenas um hábito e o teu corpo as vezes arde na expectativa de que o contato físico faça as mazelas de todos os dias desaparecerem por alguns momentos, mas você já não tem energia suficiente para buscar por isso.

Você quer ir, mas não sabe pra onde.

Quer ir, mas não consegue encontrar o caminho.

Para onde todo mundo vai?

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