Uma crônica com muitas conjunções e sentimentos errados

Diúlit Bernart Oldoni
Nasci pra ser cidade
2 min readAug 28, 2019

Talvez o que eu sinta seja frustração.

As vezes travestida de raiva, outras de desespero. Uma frustração diferente, acompanhada de absoluta indiferença e, ao mesmo tempo, da vontade de viver algo.

Qualquer

coisa.

Porque todos ao redor parecem ter algo na cabeça. Uma preocupação, uma expectativa, uma alegria. Quando a indiferença toma conta, até a tristeza é um sentimento que dá saudade.

Porque o dia além das paredes é brilhante e ameno, lindo. E com certeza há no mundo um sem-fim de lugares onde até mesmo a mais opaca das almas se sentiria um pouco melhor — eu mesma já conheci alguns, eu sei que existem por aí vidas que valem a pena viver.

Porque mesmo os piores dias do outro lado do oceano valeram a pena. Porque mesmo os pesadelos de cinco dias úteis em São Paulo parecem, agora, mais interessantes do que os cinco dias úteis que se esvaem, semana após semana, entre suspiros em frente a uma janela e o cuidado para evitar que alguém perceba que todo dia há, nesse canto, um choro pra engolir.

E existem, sim, lugares melhores lá fora. Vidas melhores. Coisas melhores para fazer.

Existem risadas e parques e sentimentos não ditos e histórias para contar e ruas para caminhar e conversas para se ter e pessoas para conhecer e vinhos para tomar e sonhos para realizar e vontades para satisfazer.

Existe muito no mundo. Muito.

Mas nesse momento, atrás dessas janelas dos muitos suspiros, tudo está longe demais.

Longe demais.

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