a poesia pode esperar?

Nathália Rinaldi
Nathália Rinaldi
Published in
1 min readJan 7, 2022

não sei em que fase do ciclo estou, além da do sentir, que não tem se separado tanto do pensar. do pesar do pensar. não sei se o eu cresce ou some. nada é óbvio. muito menos o tempo. a minha urgência só cabe a mim. apaixonada e farpante, como ela diz, pra estar à vontade. sem efeitos especiais, além da fumaça. posso dançar? será que eu posso? que eu consigo? hoje, agora, viva. o corpo está. com toda sua necessidade, intimidade. as estrelas me assistem, a lua me guia, a voz ocupa os espaços. ou é o silêncio quem ocupa? os olhos oscilam, marcam inícios e fins parecidos. não sei onde estou, não sei onde ela está. a intuição é um pontinho brilhante no caminho que tem casa. assumo tudo em alguma parte. em alguma parte, assumo tudo. olho até perder de vista. tenho 26 anos. não sou eu que marco o tempo, é o tempo que me marca. e são as lembranças que me certificam disso. paro de marcar as páginas. sou sua companheira. você me lê? as inconfissões. o eu. o amor. gasto muitas palavras, elas são muitas, e me arrepio inteira involuntariamente. a saudade do presente me habita constante. filetes de sangue escorrem. insisto.

e a resposta é não.

a partir da peça online “ana c.” — março de 2021.

--

--