JOGOS FRITOS — MENU DE DEGUSTAÇÃO

henrique antero
nautiluslink
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7 min readMay 1, 2023

alimentam o espírito

essa é uma edição especial e introdutória da JOGOS FRITOS, uma newsletter bi-semanal exclusiva para apoiadores do Nautilus

assinando a newsletter, duas vezes por semana você recebe recomendações de pequenos jogos gratuitos, escolhidos com cuidado e carinho, dos mais simpáticos aos mais esquisitos

e se você quer entender melhor o que isso significa, eu fiz esse MENU DE DEGUSTAÇÃO pra você conhecer algumas obras que definem melhor a sensibilidade estética da JOGOS FRITOS, jogos que duram minutos ou no máximo algumas horas, categorizados de forma totalmente arbitrária e de acordo com nenhuma regra conhecida pela mente humana

parece interessante? nos apoie em apoia.se/nautilus para receber acesso!

e se você quer saber mais sobre o que é a JOGOS FRITOS, pule para a última seção desse texto!

APERITIVOS

Monkey Fortunetell

Monkey Fortunetell (Nathalie Lawhead)

um jogo-oráculo, faça suas perguntas mais íntimas para macaquinhos em um barril

Unmanned (Molleindustria & Jim Munroe)

uma história sobre um operador de drones no exército dos estados unidos (e como isso se relaciona com videogame, também)

Radiator 2 (Robert Yang)

antologia de pequenos jogos experimentais sobre sexualidade masculina, bem mais sensível do que pode parecer à primeira vista

Muldulamulom

Muldulamulom (Mason Lindroth)

um pequeno metroidvania do mesmo criador de Hylics

A Postcard from Afthonia (Jonas & Verena Kyratzes)

um jogo-cartão-postal, cliques e narrativa para te apresentar o mundo de Afthonia, mais explorado em The Sea Will Claim Everything

Cyborg Goddess (Kara Stone and Kayte McKnight)

um argumento sobre feminismo e tecnologia em cima da clássica frase de Donna Haraway em Manifesto Ciborgue

CRYPT WORLDS

CRYPT WORLDS (Lilith Zone)

salve esses mundos estranhos e misteriosos do apocalipse, com múltiplos finais

#21: The World (lsddev)

sapos recortados de revistas e paisagens oníricas em um dos melhores jogos inspirados diretamente por LSD: Dream Simulator

2:22AM (Alice L)

ainda na mesma vibe, mas aqui os seus sonhos parecem mais fitas cassetes ou canais enigmáticos em uma televisão de madrugada

Carrots and Cream (Kristian Torgard)

uma pequena história de terror com vegetais

Lawrence (Lawra Suits Clark)

as últimas semanas da criadora com seu pai, que faleceu de esclerose lateral

A Bucket Filled With Sand (A. C. Godliman)

um twine curto sobre areia e imaginação

PRATOS PRINCIPAIS

Space Funeral

Space Funeral (thecatamites)

o jogo que me trouxe até aqui. uma saga aos moldes de jrpgs clássicos, com um argumento curiosamente complexo sobre criatividade e autenticidade

Corrypt (Michael Brough)

um sokoban avant-garde por um mestre dos quebra-cabeças. empurre caixas em um mundo de mágica

The Domovoi (Kevin Snow)

uma pequena ficção interativa, meio assustadora, baseada no folclore eslavo

Esses Games Violentos: Proibidão

Esses Games Violentos: Proibidão (Pedro Menos)

criado por adolescentes em conflito com a lei, sob a tutela de Pedro Menos, um jogo-vinheta com outra concepção de fantasias de poder

Sluggish Morss: A Delicate Time in History (Jack Spinoza & Jake Clover)

por dois criadores que eu adoro, é um jogo que não pede nenhuma desculpas por ser experimental

Cart Life (Richard Hofmeier)

um simulador de vida real. venda jornais, pague seus impostos, e se sobrar um dinheiro no fim do dia talvez dê pra comprar um cigarro

Horse Master: The Game of Horse Mastery

Horse Master: The Game of Horse Mastery (Tom McHenry)

crie cavalos e ganhe corridas nesse pequeno twine que tem muito mais toques de ficção científica do que você imagina pela capa

Problem Attic (Liz Ryerson)

parece com meus sonhos de espaços frios e liminares, um jogo muitas vezes hostil ao jogador, o que é muito adequado aos temas

With Those We Love Alive (Porpentine)

uma visita a um mundo inefável, um sistema de magia gravado na sua pele, um dos mais bonitos da Porpentine

BEBIDAS

Zest

Zest (Richard Goodness)

emprego precarizado, pouca perspectiva de futuro, e uma substância pra relaxar. um “slice of life” que bate pertíssimo de casa

Off-Peak (Cosmo D)

um ponto de partida pro trabalho de Cosmo D, com suas arquiteturas impossíveis, pessoas neuróticas, e lugares desconfortáveis

Barkley, Shut Up and Jam: Gaiden, Chapter 1 of the Hoopz Barkley SaGa (Tales of Games)

Charles Barkley destruiu o mundo com uma enterrada apocalíptica, e agora precisa lidar com os erros de seu passado

Gat Life: Boyfriend Bar

Gat Life: Boyfriend Bar (emptyfortress)

um jogo de romance para fãs de Call of Duty

Hot Date (George Batchelor)

um jogo de romance para fãs de cachorros pug

(ASMR) Vin Diesel DMing a Game of D&D Just For You (merritt kopas)

um jogo de aventura para fãs de Vin Diesel

rat chaos

rat chaos (Winter Lake)

unleash rat chaos

Bernband (Tom van den Boogaart)

uma noite na cidade para fãs de jazz e cigarros

Slave of God (Stephen Lavelle)

uma noite na cidade para fãs de música eletrônica e sintéticos

Slave of God

ACOMPANHAMENTOS

Towards an Art History for Videogames (Lana Polansky)

Empalando Mario, Revertendo Sonic: Os jogos piratas de Pedro Menos (Henrique Antero)

Manifesto Scratchware

Videogame, Arte e Acidentes de Trem (Pedro Menos)

Deus Ex Machina (Automata, 1984)

The California Problem (Liz Ryerson)

An Incomplete Game Feel Reader (Brendan Keogh)

Videogames for Humans (merritt kopas)

Rise of the Videogame Zinisters (Anna Anthropy)

eu comecei a primeira versão desse projeto, JOGOS FRITOS, em meados de 2014, enquanto eu trabalhava numa xerox, muito antes de achar que seria possível tornar isso, videogames, meu trabalho em tempo integral. foi meio que colocar o pé na água pela primeira vez (e anos depois, posso dizer com tranquilidade que a água não está uma delícia)

eu tentava postar um jogo por dia (e falhava miseravelmente), qualquer coisa interessante que eu conseguia colocar minhas mãos engorduradas. isso significa que eu jogava muita coisa que chegava a ser incoerente de tão inacabado ou esquisito, mas também foi assim que eu conheci alguns dos jogos que formaram muito da minha sensibilidade de videogames. a maioria está nessa lista, mas seriam jogos demais pra citar mesmo em uma lista como essa. e eu não estou exagerando quando digo que essa lista contém algum dos meus jogos favoritos de todos os tempos, mesmo que todos sejam dessa fatia particular de tempo.

o projeto não deu muito certo, não foi muito visto (embora vez ou outra eu ainda descubro alguém que conhecia e gostava, e isso me emociona real), mas foi muito importante pra mim em muitos níveis diferentes.

agora, quase 10 anos depois, eu trago a JOGOS FRITOS de volta, no formato de uma newsletter, exclusiva para apoiadores. jogos gratuitos por trás de uma paywall? é, é uma proposição meio irônica, o oposto do que eu fazia antigamente, mas nunca houveram tantos jogos pequenos e independentes sendo lançados, e nunca houve tão pouca cobertura desse tipo de jogo, dessa sensibilidade própria ao redor de videogames.

alguém precisa fazer esse trabalho. infelizmente, talvez esse alguém seja eu (e eu tenho o péssimo hábito de precisar comer todo dia).

apoiar o Nautilus significa apoiar o nosso trabalho, o que significa apoiar — além de tudo que produzimos — a existência da JOGOS FRITOS, pra que eu possa dedicar um um pequeno pedaço do nosso submarino e uma parte do meu tempo pra pescar as maiores pérolas do subterrâneo dos videogames, dentro do oceano de jogos lançados todos os dias, longe da atenção do mainstream.

o nosso pequeno catálogo e arquivo particular de uma parte não escrita da história dos videogames.

se você sente essa ideia, assim como eu, considere nos apoiar em apoia.se/nautilus

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