Targets para Realidade Aumentada

Erick Simões
NAVE Recife
Published in
4 min readApr 20, 2020
Tela de um smartphone em que aparece um papel e sobre ele um modelo 3D do jogador Ramon.
Aplicativo Santa Legend, em realidade aumentada. Foto: Sâmara Carvalho

Chamamos de Image Target (ou apenas target) o que também é conhecido no universo de realidade aumentada como marcador: uma imagem no mundo real que serve de referência para as aplicações virtuais.

No inicio da tecnologia de realidade aumentada (décadas de 80 e 90), quando ela ainda era muito limitada ao pouco poder computacional que os hardwares podiam oferecer, se popularizou o uso de marcadores fiduciais. Muito semelhante ao QR Code, esse tipo de marcador era extremamente simples, composto basicamente de padrões de quadrados pretos e brancos.

12 exemplos de targets fiduciais. Cada um é formado por diferentes conjuntos de quadrados pretros e brancos.
Exemplos de marcadores fiduciais para realidade aumentada. Desenvolvidos por Daniele Tatasciore.

Apesar de muito eficientes, hoje temos em nossos bolsos dispositivos suficientemente potentes para reconhecer marcadores bem mais elaborados que os fiduciais. Os smartphones modernos são capazes de executar algoritmos de visão computacional responsáveis pela identificação em tempo real dos marcadores, reconhecendo sua posição, escala, rotação e renderizando objetos virtuais sobre eles.

Tela de um smartphone em que aparece um papel e sobre ele um modelo 3D do jogador Ramon.
Aplicativo Santa Legend, em realidade aumentada. Foto: Sâmara Carvalho

Usando o Vuforia Target Manager é possível criar targets baseados em imagens complexas, com cores, formas diversas e tamanhos variados.

O que faz um bom target?

Um bom target é aquele que pode ser reconhecido com clareza por um sistema de visão computacional. O Vuforia consegue detectar e rastrear targets através da análise de recursos (features) baseados em contraste que são visíveis pela câmera. Quanto mais visíveis estiverem esses recursos, melhor será o desempenho da sua aplicação em realidade aumentada.

Imagem retangular mostrando uma astronauta em pose heroica sobre uma pedra. Na parte inferior está escrito Astronaut.
Esse é um target padrão do Vuforia. Nele é possível perceber uma quantidade grande de cantos/quinas numa imagem completamente assimétrica, muito contraste distribuído por toda a imagem, nenhuma repetição de padrões e riqueza de detalhes.

As principais características de um bom target são:

  • Riqueza de detalhes:
    Imagens com muitas informações, formas e cores;
  • Assimetria;
  • Bom contraste:
    Imagem com regiões claras e escuras;
  • Sem padrões repetitivos:
    Padrões repetidos, como os de azulejos ou um tabuleiro, criam áreas confusas;
  • Arquivo de imagem adequado:
    Os arquivos precisam ser JPG ou PNG 8 ou 24-bit; ter até 2 MB de tamanho; as imagens JPG precisam ser RGB ou escala de cinza (nunca CMYK);
  • Formas geométricas com cantos:
    Quanto mais cantos melhor; cada canto, quando bem definido e com contraste, é identificado como um recurso (feature). Se uma imagem tiver muitos recursos distribuídos por toda a imagem, tende a ser definido como um bom target.

Contudo, mesmo que você esteja usando um bom target, é possível que alguns fatores atrapalhem sua detecção.

Fatores que podem interferir na detecção de um target:

Bandeira do Japão.
A bandeira do Japão é tida como um péssimo target pois: não possui formas geométricas com cantos, é simétrica e não tem muitos detalhes.
  • Qualidade da câmera:
    Câmeras de baixa resolução, comuns em smartphones mais antigos, podem captar imagens sem a qualidade suficiente para que o sistema de visão computacional consiga realizar a detecção e rastreio;
  • Foco da câmera:
    Em breve, um artigo específico sobre isso estará disponível aqui.
  • Poder de processamento do dispositivo:
    Nem todo dispositivo terá poder de processamento para rodar sua aplicação que irá capturar imagens com uma câmera, rodar algoritmos de detecção e rasteiro do target e ainda processar e renderizar um objeto 3D, tudo isso em tempo real; Confira uma lista de dispositivos recomendados clicando aqui.
  • Condições de iluminação:
    A baixa iluminação, assim como a lente suja da câmera, pode impedir que seu target seja captado corretamente;
  • Tamanho do target:
    Targets muito pequenos podem compor um percentual baixo da imagem captada pela câmera, e, assim, ser facilmente perdidos pelo algoritmo de detecção;
  • Qualidade da impressão:
    Targets impressos, que originalmente são digitais, podem sofrer com a baixa qualidade de impressão, com cores imprecisas, brilho (quando impresso a laser) e o desgaste natural da peça que ocorre com o uso. Tudo isso pode tornar a imagem captada pela câmera diferente de sua versão digital e, consequentemente, irreconhecível pelo algoritmo de visão computacional.

Reconhecendo um Target

Agora que você já sabe identificar um bom target, pode seguir por dois caminhos: desenhar seu próprio target ou usar alguma imagem já existente. Essa primeira opção é recomendada para aqueles que já tem experiência com ferramentas de design (Illustrator, Inkscape, Photoshop, Gimp…). Já a segunda opção é uma alternativa tanto para quem não está familiarizado com essas ferramentas, como para quem não tem acesso a uma impressora.

Uma capa de livro ou revista, um panfleto ou uma carta de board game podem ser ótimos targets, contanto que sigam os parâmetros definidos anteriormente. No próximo artigo, veremos como transformar essas imagens em targets.

Saiba mais

Acesse a documentação completa do Vuforia aqui.

Aprenda mais sobre Visão Computacional aqui:

Leia mais sobre a otimização de targets aqui.

👌

--

--

Erick Simões
NAVE Recife

Bacharel em Sistemas de Informação, professor de jogos digitais, palestrante, programador erudito, adestrador de robôs, defenestrador de bugs, maker diletante