A versatilidade ofensiva de Nikola Jokić
Sérvio, 24 anos, 41ª escolha do draft 2014, All-NBA (1º time) & All-Star em 2019, franchise player do Denver Nuggets.
Sim, hoje o tema é Nikola Jokić.
Em especial, o foco será no aspecto ofensivo e em como isso torna possível ele ser o principal jogador da franquia do Colorado.
Primeiro, vamos aos números. Em 80 jogos (todos como titular) na temporada regular 2018/19:
- 2504 minutos (31.3 por jogo);
- 1604 pontos (20.1 por jogo);
- 865 rebotes (10.8 por jogo | 2.9 ofensivos & 8.0 defensivos);
- 580 assistências (7.3 por jogo);
- 108 roubadas de bola (1.4 por jogo);
- 55 tocos (0.7 por jogo).
Quase um triple-double (PTS, REB & AST) de média. Surreal para um pivô. Aliás, o jogador de 24 anos registrou 12 triple-doubles (PTS, REB & AST) em 2018/19 — apenas o armador Russell Westbrook (com 34) somou mais que o sérvio na última temporada regular.
E não são apenas números. Visualmente é onde podemos encontrar toda a essência do seu jogo e entender como isso justifica ele registrar tais algarismos.
Devido ao seu alto QI de basquete, Nikola é a principal arma durante o momento ofensivo do Denver Nuggets.
Seu trabalho no pick-and-roll (e também no pick-and-pop), principalmente ao lado de Jamal Murray, é uma das principais escolhas de jogadas do time. A boa química de jogo entre ambos alinhada à técnica de Jokić torna o movimento ainda mais mortal, pois o pivô é capaz de receber a bola novamente e então definir com qualidade (seja com um arremesso ou uma assistência). E isso por si só cria um leque de opções além do óbvio, pois nem sempre Murray conduzirá a bola por ter exatamente essa opção confiável em Nikola e evita, por exemplo, que a defesa adversária exerça forte pressão em Jamal.
Outro ponto importante é que, ao longo da última temporada, Jokić distribuiu 580 assistências (o 6º jogador com mais entre todos da liga), o que lhe deu uma média de 7.3 APG.
Essa capacidade de criar e enxergar o que a maioria dos pivôs não consegue, dá ao treinador mais formas de construir jogadas, de desmarcar jogadores e de encontrar mismatches (confrontos desiguais).
Vale salientar também que Denver tem investido nisso no que diz respeito a pivôs, eles tem procurado jogadores capazes de fazer mais do que apenas o simples. O principal backup-pivô da equipe, Mason Plumlee, foi o sexto center com mais assistências na liga durante a última temporada regular, com 243 assistências em 82 jogos.
Aproveito o assunto Plumlee para lembrar que ele também jogou ao lado de Nikola em diversos momentos da temporada. Com eles dois juntos, a equipe é capaz de afetar demais o adversário em momentos específicos, principalmente quando a escalação oposta não oferece jogadores capazes de marcar dois pivôs ao mesmo tempo. Com Mason, é possível manter o pivô da outra equipe ocupado e, com a capacidade de Jokić para criar longe do garrafão, pode-se encontrar então um mismatch fácil caso o time oponente não possa oferecer o melhor defensor possível para Nikola.
Como um pontuador, o sérvio procura em sua grande maioria arremessos próximos da cesta. Possui técnica para utilizar floaters. Não possui muito volume em arremessos de médio alcance, em contrapartida prefere a linha dos três pontos. E ele é capaz de levar perigo ao adversário nesse quesito, embora tenha sofrido uma queda de aproveitamento na última temporada, quando alcançou 30.7% em 3.4 tentativas, visto que, em 2017–18, registrou 39.6% em 3.7 tentativas.
Um fator que poderia acrescentar mais ao seu jogo seria se o volume de rebotes aumentasse, pois isso poderia diminuir a quantidade de posses do adversário. Entre os pivôs que atuaram em pelo menos 60 jogos, Nikola é o 13º em rebotes por jogo (Andre Drummond liderou com 15.6), 12º em rebotes defensivos por jogo (Joel Embiid liderou com 11.1) e 16º em rebotes ofensivos por jogo (Andre Drummond liderou com 5.4).
Embora o foco do texto seja a parte ofensiva, vale destacar um ponto que traria ainda mais dominância para ele: o aspecto defensivo. Devido ao seu físico, Jokić sofre bastante contra pivôs atléticos, como é o caso de Clint Capela. Entre os pivôs que atuaram pelo menos 60 jogos na última temporada, Nikola foi o 12º em Defensive Win Shares e 21º em Defensive Rating. Não digo que ele é um defensor ruim, apenas destaquei alguns fatos. Mas isso é um assunto para outra oportunidade.
Dito tudo isto, é possível concluir que Jokić é um ponto fora da curva e um steal de draft da mais alta qualidade. Possui um jogo muito diversificado, raro e repleto de possibilidades. Por isso, não se espante caso veja este sérvio concorrendo ao prêmio de MVP ao longo das próximas temporadas.
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Nota: dados estatísticos e históricos foram colhidos do Basketball-Reference e do NBA.com/Stats.