A temporada de Collin Sexton: degraus de evolução
Collin ‘Young Bull’ Sexton chegou ao Cleveland Cavaliers como a oitava escolha do draft 2018 e, desde então, passou a ser a cara da franquia de Ohio no início dessa nova era pós-LeBron.
Neste texto, trarei um panorama para os fãs do Cavs e amantes da liga a respeito da primeira temporada do jovem de 20 anos, com foco nos pontos positivos e negativos.
- Pontos negativos
Exposição defensiva: Collin não é tão alto (1.88 m), mas possui uma envergadura (1.99 m) que pode lhe permitir defender melhor nos próximos anos. Posicionamento e controle da força utilizada são alguns aspectos a serem aprimorados. Sua defesa oscilou muito ao longo de 2018/19, com jogos muito bons e jogos muito ruins; atingiu seu melhor Defensive Ratting de 80.6, e pior de 151.1. Entretanto, a defesa de Sexton é um pouco melhor do que aparenta. Algumas leituras são feitas muito bem e, a depender do seu matchup — a comparação física pesa muito — , obtém resultados satisfatórios. Em uma partida contra Charlotte, por exemplo, limitou Kemba Walker a 0 PTS, 3 AST, 0–9 FG e 0–5 3P. Com o treino e foco certos, acho que ele tem capacidade para não ser um risco na defesa, porém ainda é um defensor limitado e explorado pelos adversários.
Seleção de arremessos: assim como a maioria dos rookies, Sexton chegou um pouco ‘cru’ na liga. E isso ficou claro na seleção de arremessos, principalmente na primeira parte da temporada, quando insistia em infiltrações difíceis, ou abusava do jogo de mid-range em uma noite em que não estava bem. Porém, isso acaba sendo muito comum para um novato e somente ao longo dos próximos anos é que uma opinião sobre isso poderá ser mais sólida.
Passador limitado: como um controlador de jogo, Sexton ainda deve bastante e isso provavelmente pode ser apontado como o seu principal ponto negativo, ainda mais se tratando de um PG. Às vezes opta por arremessos contestados, ao invés do passe, não tem um olhar atento para achar assistências, apesar de alguns momentos criativos, e acaba se voltando ao longo das partidas apenas para a pontuação. E isso é um ponto importante. Sexton mostrou características boas para um pontuador e, com a chegada de Darius Garland, a criação de jogadas será bem mais compartilhada. Como o treinador John Beilein disse, não importará muito quem será SG ou PG — isso porque ele trabalhou muito tempo usando literalmente dois jogadores com função de armadores — , mas, pelo pouco que vimos de Garland no College — por conta da lesão — , ele mostrou que pode ter um potencial maior como passador — embora os números não reflitam tanto isso: 2.6 APG em 5 jogos — , por ser mais criativo, apesar de ainda cometer muitas perdas de bola desnecessárias. Com esse saldo e com o roster atual do Cavs, Sexton pode se tornar cada vez mais um SG na NBA.
- Pontos positivos
Mentalidade: um dos pontos de mais destaque do ‘Young Bull’ é justamente isso: mentalidade. Ele tem se mostrado capaz de reagir bem às críticas e à situações que, para muitos, é incômoda. Como exemplo, posso citar o episódio em que ele foi criticado por alguns de seus companheiros de equipe por arremessos ineficientes (leia aqui) e não demorou muito tempo para ver a diferença dentro da quadra.
Antes do All-Star game: 58 jogos (48 iniciados), 15.1 pontos, 40.8% em 14.1 arremessos de quadra tentados e 39.2% nos três pontos (2.7 tentativas), além de 44.6% em eFG% e 48.9% em TS%.
Pós All-Star game: 24 jogos (24 iniciados), 20.8 pontos, 47.7% de aproveitamento nos arremessos de quadra e 41.3% nos três pontos (5.8 tentativas), além de 55.0% em eFG% e 58.5% em TS%.
Apesar da menor quantidade de jogos, foi um volume maior e aproveitamento melhor.
Outro exemplo é o fato dele ter estudado o backcourt do Blazers (Damian Lillard & Cj McCollum) antes mesmo do draft, por já saber que o Cavaliers poderia selecionar Darius Garland, para ter um aprendizado de como aplicar essa forma de jogar à eles dois (aqui). Uma mentalidade diferenciada e essencial para qualquer equipe que deseje algo maior pela frente.
Agressividade e velocidade: Sexton se mostrou ao longo da temporada ser o tipo de jogador que sabe combinar esses dois atributos. Não tem medo de infiltrar, seja a partir de um lance em transição ou jogada desenhada; ele também usa do seu bom arsenal — movimentos corporais e diferentes formas de se comportar em direção ao aro — para obter êxito nesses momentos, mesmo contra defensores melhores. Porém, vale salientar que tudo isso precisa ser bem selecionado, para evitar um alto desperdício de posses de bola.
Espaçador: um dos objetivos para o Cavs em 2019/20 é melhorar o perímetro. E, ao longo da última temporada, Sexton mostrou-se uma peça que pode ser chave nos próximos anos nesse quesito. Terminou a temporada com 40.3% de aproveitamento em 3.6 tentativas, valores influenciados pelas partidas pré All-Star pois, como dito anteriormente, alcançou 41.3% em 5.4 tentativas nos 24 jogos seguintes. E, ao lado de Garland na próxima temporada, isso certamente será explorado pelo treinador John Beilein, já que Collin não será o único responsável por conduzir a bola. Vale salientar: Cleveland selecionou Kevin Porter Jr., Darius Garland & Dylan Windler, que são bons arremessadores de fora.
Pontuador: Sexton terminou a temporada com 16.7 PPG, além de ter registrado 27 jogos (dos 82 jogados) com pelo menos 20 pontos assinalados. No meio disso, tornou-se o primeiro rookie desde Tim Duncan a registrar pelo menos 23 pontos em 7 jogos consecutivos e o primeiro rookie na história do Cavs a ter pelo menos 23 pontos em 7 jogos seguidos (aqui).
Após as observações feitas é preciso dizer que, como qualquer outro jogador, o papel desempenhado por Sexton ao logo dos próximos anos na liga dependerá da sua evolução. Ele tem pontos importantes a seu favor, o que o fazem valioso para a franquia mas, seu encaixe com Garland e aprimoramento na forma de jogar nas temporadas que virão terão forte influência no seu espaço dentro do Cavs.
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Nota: os dados estatísticos, bem como históricos de desempenho e etc foram colhidos do Basketball Reference e do site de estatísticas da NBA.
