Westbrook potencializado em Houston

Lukas
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5 min readMar 2, 2020

Quando a troca envolvendo Chris Paul e Russell Westbrook foi oficializada, muito se questionou sobre o encaixe com seu novo parceiro de backcourt — James Harden — e ao estilo de jogo adotado em Houston já há tantas temporadas — repleto de bolas de 3 pontos.

Porém, o que muitos pensavam ser um possível problema para a franquia texana, mostrou-se ser um grande desafio para os adversários. Russell não se reinventou; pelo contrário, realizou poucos ajustes e está sendo potencializado de maneira a causar estragos nos oponentes.

Foto: Reprodução/Twitter @ HoustonRockets

A temporada 2019–20 do armador (12ª), com 49 jogos até então, já é a 3ª maior em média de pontos, a melhor em FG% e a 3ª melhor em USG%, com 33.0 (apenas Harden possui marca maior no roster, o que reflete sua influência em quadra).

Embora sua taxa de assistência/turnover não seja uma das melhores da carreira (1.64), seu jogo está mais rápido do que nunca (pace de 107.19) e sua quantidade de turnovers por 100 posses é a 6ª menor marca da carreira (11.8 TO Ratio).

Após um começo complicado em busca do melhor ajuste, Mike D’Antoni encontrou o caminho; as dobras repetitivas aplicadas em James Harden e o uso não tão essencial de Clint Capela no sistema tático fizeram a franquia mergulhar no small ball. Russell já havia entrado em uma fase mais segura de sua adaptação mesmo antes de trocarem o pivô suíço e certamente o nível de Westbrook foi um fator importante para realizarem a troca e consequente reorganização do quinteto titular.

RUSS IS ON FIRE!

Capacidade de espaçamento melhorada, bons defensores de post, dois ótimos criadores de jogadas, alas defensores e arremessadores de 3. Os ingredientes já estão na mesa e a franquia parece estar gostando da receita. Porém, vamos voltar ao foco principal e observar os benefícios de todo esse sistema ao experiente armador de 31 anos.

  • Espaço para infiltrar

Em Houston, Westbrook conta com um sistema repleto de jogadores capazes de oferecer risco do perímetro. Fator que contribui para o espaço gerado no caminho até o garrafão. Com as defesas adversárias sendo muitas vezes obrigadas a cobrir as demais opções distantes da cesta, a oportunidade de infiltrar é muito atrativa, principalmente pela sua capacidade de explodir em velocidade e diferentes repertórios para finalizar perto do aro.

Não é por acaso que o armador possui a maior média de pontos na área pintada entre os jogadores do Rockets — 15.2 por jogo; na liga INTEIRA, apenas Zion (17.5) e Giannis (17.7) pontuam mais na área pintada do que ele.

Vale lembrar também o uso da isolation — tão comum no Rockets — em jogadas com Russell Westbrook, que consegue pontuar em 43.8% das vezes. Apenas James Harden tem mais posses e maior média de pontos em ISO entre toda a liga.

ESPAÇAMENTO! INFILTRAÇÃO! CESTA!
  • Repertório

Russell não oferece problemas às defesas apenas por ser um bom finalizador no aro, mas por ter uma ótima capacidade de passador e inteligência para realizar passes complicados, em movimento no ar ou até mesmo desequilibrado.

Em Houston, essa sua capacidade pode ser ainda mais explorada pela quantidade de riscos ao adversário na linha dos três pontos.

Ele é o jogador da NBA com maior média de infiltrações/jogo na temporada, com 20.3; em meio a essa movimentação é o que mais realiza passes dentro dessa jogada (8.7) e possui a 4ª melhor marca de assistências (2.1).

Infiltração força o adversário a utilizar o sistema de ajudas. Consequência: Tucker livre no perímetro.
  • Velocidade

Se Houston está mais rápido, muito se deve ao estilo de Russell Westbrook. Sua capacidade de obter o rebote ou receber o passe e partir em alta velocidade proporciona muitos pontos de contra-ataque.

No quesito transição, apenas Giannis tem mais posses e maior média de pontos.

  • Escolhas ajustadas

Nos últimos anos em OKC, muito se comentava entre os fãs da liga sobre a forma como Westbrook escolhia suas jogadas, sobre como forçava arremessos, entre outras coisas.

Algo mudou nesta temporada; e muito passa pelo time ao redor, que possui um fit bem melhor para o armador desenvolver sua forma mais efetiva de jogo; são menos arremessos do perímetro (menor média desde 2012–13) e mais infiltrações (maior média da carreira em pontos na área pintada), principalmente agora com o small ball.

71% dos pontos do camisa 0 vieram a partir de jogada de dois pontos; ele jamais havia registrado um percentual tão alto e considerando também que apenas 13.5% dos seus pontos vem de mid-range — terceira menor marca da carreira — , tantas vezes contestado por exagerar nesses arremessos com pouco aproveitamento nas últimas temporadas. Jogo extremamente ajustado e encaixado; faz o que precisa ser feito e com eficiência.

Durante a temporada, Russell encontrou seu caminho; até a partida contra o Suns em 07/12, ele realizava em média 8.0 arremessos em distâncias menores que 5 pés (inclui a área restrita) com aproveitamento de 60%. Desde então, essa média passou para 12.7 com aproveitamento de 61.9%.

2019–20 tem nos mostrado uma grande versão de basquete em Russell Westbrook; para muitos, ele está em seu melhor nível, para outros, sua temporada de MVP ainda supera a atual temporada. De um jeito ou de outro, ele certamente é um dos melhores jogadores da liga no momento e está voando em quadra.

Nota: os dados estatísticos foram colhidos do site de estatísticas da NBA e Basketball-Reference. Atualizados até a tarde de 02/03.

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