A Adriana falô

Por Camila Damasceno, Paula Menezes e Wander Rocha

Nitro
ND#10
2 min readApr 23, 2017

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Adriana falô que queria contar sua história pra todo mundo.

Que chamassem os jornais, os portais, as televisões:

“Eu não tenho medo de dizê que eles vêm e levam tudo, meus livros, minha comida e até a ração dos cachorros”.

Adriana falô pra Paula levar os amigos; fazer foto; fazer festa, que nesse dia, ela ia falar. Ela ia botar a boca no trombone. Contar da sua luta, sua vida, sua resistência.

E a gente foi atrás. Chegô cedo, esperô, rodô a praça, perguntô:

Cadê Adriana?

E a Dona Leda falô:

Adriana tá vendendo chocolate na porta do supermercado.

Partiu supermercado, câmera em punho, caderninho na mão. Cadê Adriana? Adriana partiu. Sumiu no emaranhado de rotas na feira dos artesãos.

A artesã falô:

“Já disse que denuncio! Ela não pode andar por aí com cachorro que morde os outros”.

E alguém falô pra Adriana que tinha um pessoal o dia todo atrás dela.

E a Adriana sumiu na praça, na rua, na rota.

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