O boi falô

Editorial

Nitro
ND#10
2 min readApr 22, 2017

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A rodovia ganhou o nome de Anhanguera, que significa “Diabo Velho”, alcunha dada pelos índios ao bandeirante que ameaçava colocar fogo nos rios se o segredo do esconderijo do ouro não fosse revelado.

Na rota do Diabo Velho está Campinas e nela, paramos para participar do Festival Hercule Florence.

Queríamos descobrir segredos. Formamos um time de contadores de histórias visuais para essa missão. Logo de cara, encontramos outra lenda: a do “Boi falô”. Contam que Barão Geraldo, perverso e sádico senhor de escravos, certo dia, surpreendeu a todos. Tudo porque , em meio a tanta violência, um escravo teria dito ao barão que um boi da fazenda falava. “O que ele falô?”, quis saber o Barão. “O boi falô que em dia santo não se podia trabalhar”. O barão acreditô e naquele dia, os escravos não trabalharam, não apanharam e riram!

Sob essa energia de resistência, fomos tomados por uma febre coletiva. Avançamos pelas ruas, rodovias e rotas de Campinas. Descobrimos segredos, diabos (velhos e novos) e principalmente, rotas de resistência e luta. Foi assim com a fábrica ocupada Flaskô, a instituição de saúde mental Cândido Ferreira, a travesti Adriana, a Fazenda Roseira, o eternos rivais Guarani e a Ponte Preta e uma pergunta que resiste em ser falada até que venha a resposta: quem matou Toninho?

Em meio a adrenalina do fechamento e a imensidão de boas histórias, a ND#10 nasceu com dois formatos: esse impresso e outro digital. Porque nesse mundo de tantos segredos e rotas, nós da NITRO resistimos! Continuamos teimando e desafiando formatos e linguagens para romper todos os limites da imagem.

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